"Já fui um cervejólatra, hoje sou um cervejólogo"

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14 anos 3 meses atrás #19245 por David Brun
Respondido por David Brun no tópico Re:
Eita, dois dias sem entrar no forum e isso aqui já encheu de mensagens, hehe... Bom, eu quis deixar claro em uma das minhas mensagens anteriores que o meu exemplo era DEIXANDO DE LADO situações como estado de ânimo, estado financeiro, lugares onde vc se encontra, as pessoas que estão com vc, o porquê de beber nesse momento... Porque aí não estamos julgando a cerveja em si e sim como ela se encaixa nessas situações. Por isso o exemplo do Marcussi do Snooker é muito bom sim, mas acho que foge um pouco da discussão que eu propus, pois que nem ele mesmo falou, é a situação que está sendo julgada - e não é a isso que eu me referi em momento algum. Eu me referia a olhar e julgar o tipo de cerveja OBJETIVAMENTE (ingredientes, cuidado ao ser feita, sabor, rotulo, envase, o que ela causa em você, etc.). Não a situação em que a cerveja é bebida.
Segundo o Marcussi falou "cervejas melhores e piores são um dado objetivo" (concordo plenamente). E então com isso eu acho que beber as cervejas melhores em menor quantidade é beber melhor sim (novamente DEIXANDO DE LADO as situações, os estados, os objetivos) do que beber as cervejas piores em grande quantidade. É a isso que estou me referindo desde o começo do debate, hehe...

Por aí, alguns posts atrás, dizeram que cerveja boa e cerveja ruim é relativo. Isso já entra em conflito com o que eu acho e que o Marcussi falou tbm. Para mim é relativo quando entra nessas situações, quando vc vê como encaixa no seu estado atual. Mas olhando objetivamente, para a qualidade dos ingredientes, o cuidado com que é feita, o que aquela cerveja talvez represente na história da cerveja em geral, aí não é relativo, há umas claramente melhor que as outras (pelo menos ao meu modo de ver).

A Milu perguntou pra mim sobre quem bebe uma Rochefort e quem bebe 5 Eisenbahn Weizenbocks. Sim, eu acho que quem bebe uma Rochefort bebe melhor.

E por último quero esclarecer que há pontos nos que concordo sem objeções com o confrade Marcussi, mas parece que não ficou claro que eu estou de acordo. Tipo isso aqui:

Alexandre Marcussi escreveu:

Por isso acho prepotente a presunção de que nós devemos "ensinar" as pessoas a beber melhor. O que nós podemos fazer é mostrar um pouco do que existe para aquelas pessoas que, por si mesmas, chegaram à disposição de beber variedade e qualidade.


Já falei que não existe isso que devemos ensinar, que devemos ser um movimento, com uma missão, tbm não acho. Não podemos ser uns malas e querer enfiar "cerveja especial" goela abaixo de quem simplesmente não ta nem aí e querer que ele pague o preço além disso, sendo que ta acostumado em gastar R$1 por latinha de bcb. Tem gente que gosta de bcb mesmo e é isso aí. Uma coisa é apresentar a variedade, se o interesse surgir, aí sim continuar mostrando, mas nunca impor nem obrigar. Afinal de vez em quando também nós tomamos uma ou outra Ambev.

Concordo totalmente com o Marcelo com essa frase dele:
Marcelo Vodovoz escreveu:

"beer-evangelização" é um termo simbólico, eu entendo isso como apenas apresentar a oportunidade de beber estilos diferentes de cerveja e marcas artesanais.


Escrevi uns posts atrás que "beerevangelização" começou como um termo brincalhão para isso mesmo, apresentar a cultura cervejeira a pessoas que não a conhecem. Mas pelo visto muitas pessoas deram muito ênfase na etimologia do termo e aí houve resistência ao que o termo em si significa etimologicamente, esquecendo talvez que o que o termo representa para a cultura cervejeira é algo bem mais leve e saudável do que sua etimologia. Eu não gosto dessa palavra mas é simplesmente porque não gosto de utilizar termos que tenham a ver com religião em assuntos não religiosos. Entendo "beerevangelizar" como simplesmente apresentar uma ou outra cerveja especial para algum amigo, qualquer dia em qualquer bar, descontraidamente. E não vejo um mal nenhum nisso. E é por isso quando disseram que o termo pressupõe uma divisão entre bebedores de cerveja, eu não concordei (e aí começou todo o debate de páginas e páginas, hehehe).

Leo, o termo "cervejar" eu uso sempre com amigos, para quando vamos beber cerveja, seja qual for (bcb, artesanal, importada, caseira, whatever), hehe...

Essa procura por um nome mais adequado me lembrou há um bom tempo atrás, no orkut, na comunidade "Cerveja Artesanal", o povo estava tentando achar uma tradução ao português para o verbo "To Brew", que fosse somente direcionada à cerveja. Lembro na época que "brassar" foi um dos mais aceitos, hehe... mas não sei no que deu no final (até porque "brassar" é somente uma parte do "brewing", hehehe).
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14 anos 3 meses atrás - 14 anos 3 meses atrás #19248 por Milu Lessa
Respondido por Milu Lessa no tópico Re:
David Brun escreveu:

A Milu perguntou pra mim sobre quem bebe uma Rochefort e quem bebe 5 Eisenbahn Weizenbocks. Sim, eu acho que quem bebe uma Rochefort bebe melhor.


Bom, Davi, daí concordamos em discordar! :laugh: Eu prefiro não ficar a noite inteira na seca depois de beber apenas 1 excelente cerveja; prefiro beber ao longo da noite 5 ótimas cervejas pelo mesmo preço de 1 excelente. Mas isso é completamente subjetivo, claro.

Fora isso, acredito tb que cerveja boa ou ruim, melhor ou pior, é uma distinção objetiva, isso não é relativo, ao contrário do que muitas pessoas acreditam (parece que todo mundo acha que tudo é relativo, assim fica impossível chegar a algum consenso sobre o que quer que seja). Seria o mesmo que querer dizer que não há um critério objetivo para julgar os chocolates da Pan e de uma Kopenhagen, por exemplo. Uma Bamberg Pilsen é muito melhor do que uma Brahma (sim, eu sei que são estilos diferentes, mas as duas refrescam, matam a sede e tem alta drinkability). Mas já cansei de tentar explicar isso pros meus amigos bebedores de BCB. Quando vc pega um brahmeiro e ele diz de boca cheia que Brahma é a melhor cerveja do mundo, sendo que tudo que ele fez na vida foi beber standard american lagers, sequer conhece outros estilos, eu considero a discussão completamente pointless e nem abro mais a boca. Ele que se entupa de Brahma enquanto eu bebo coisa bem melhor. ;)

Só uma ressalva, dos critérios que o Davi colocou como objetivos ao julgar uma cerveja, acho que "o que ela causa em você" é totalmente subjetivo, não dá pra se medir ou objetivar prazer. É bem possível que um dos meus amigos tenha o mesmo prazer que eu tenho bebendo uma weizenbock bebendo uma mera Skol, vai saber... :unsure:
Ultima edição: 14 anos 3 meses atrás por Milu Lessa.
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14 anos 3 meses atrás #19252 por David Brun
Respondido por David Brun no tópico Re:
Milu Lessa escreveu:

Quando vc pega um brahmeiro e ele diz de boca cheia que Brahma é a melhor cerveja do mundo, sendo que tudo que ele fez na vida foi beber standard american lagers, sequer conhece outros estilos, eu considero a discussão completamente pointless e nem abro mais a boca.


Mesma coisa aqui, hehe
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14 anos 3 meses atrás - 14 anos 3 meses atrás #19256 por tiago lucas
Milu, mas o que estabelece a distinção entre um chocolate da Pan (que eu gosto bastante hehe) e um da Kopenhagen senão um juízo subjetivo e, em larga medida, flexível?

Como você afirmar 'a priori' que todos vão preferir um ao outro? Você observa empiricamente que 'a maioria' prefere, mas isto certamente não vale para todos, de fato.

Mesmo se você considerar que o juízo sobre sabores tem um 'lastro fisiológico', isto não tem grande importância, pois se trata de algo que é flexível e maleável no homem. Fisiologicamente, cervejas de IBU alto seriam, por exemplo, provavelmente, consideradas tóxicas por muitos homens.

O paladar e o olfato são sentidos que se manisfestam de maneira bastante distinta em cada sujeito; e mesmo num mesmo sujeito em momentos distintos. Isto devido a elementos fisiológicos (nós, por exemplo, enjoamos de certo sabor) e também a "interferências psicológicas" (tipo alguém dizer que cuspiu na sua cerveja, ou você dizer que aquela cerveja leva rapadura...)

Não concordo, então, que o juízo sobre cervejas seja "objetivo". Estes juízos funcionam apenas dentro de certo discurso produzido por pessoas que parecem ter experiências semelhantes. Estes juízos possuem valor, mas se formos analisar com rigor eles são bastante fragéis.
Ultima edição: 14 anos 3 meses atrás por tiago lucas.
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14 anos 3 meses atrás #19260 por Alexandre Almeida Marcussi
Respondido por Alexandre Almeida Marcussi no tópico Re:
David Brun escreveu:

Eu me referia a olhar e julgar o tipo de cerveja OBJETIVAMENTE (ingredientes, cuidado ao ser feita, sabor, rotulo, envase, o que ela causa em você, etc.). Não a situação em que a cerveja é bebida.

OK, perfeito. Mas aí temos simplesmente cervejas melhores e piores, objetivamente - isto é, de acordo com parâmetros pré-definidos do que é uma cerveja de qualidade em cada estilo (o BJCP, por exemplo). Aliás, ingredientes, rótulo, envase não necessariamente dizem algo sobre a qualidade da cerveja. Milho e açúcar, por exemplos, são ingredientes que podem fazer excelentes e péssimas cervejas. O que realmente é decisivo é o resultado do processo como um todo, que pode ser avaliado por degustação ou, em alguns casos, por instrumentos de medição química.

Cervejas melhores e piores, certo? Mas não sei se formas melhores ou piores de bebê-las. Se vamos falar nas formas de beber, não dá para deixar de lado coisas como a situação, o estado de espírito, a companhia etc. Porque certas cervejas permitem certas situações, mas não outras. É como eu disse no meu exemplo: será que eu teria tido uma noite tão agradável com a galera da facu se estivéssemos bebendo Rochefort 10 em vez de Brahma? Acho que não. Acho que "bebemos melhor", naquela situação, escolhendo a Brahma. Cervejas mais marcantes não combinam com todas as situações e paladares, e cervejas caras não combinam com o poder aquisitivo e as prioridades de consumo de todoas as pessoas. Portanto, a cerveja também faz a situação - aliás, entender isso, para mim, é a base de uma cultura cervejeira sadia.

Por isso, nem sempre a "cerveja melhor" é a "melhor cerveja" para uma dada situação. Daí eu dizer que "beber melhor" é relativo, sim. Beber melhor é beber da forma mais adequada a cada situação. No Encontro do Brejas, "beber melhor" pode ser provar um monte de rótulos diferentes na confraternização com a galera. Numa degustação técnica, essa forma de beber é "pior", pois "melhor" seria beber uma seleção pré-determinada de rótulos (todos do mesmo estilo, da mesma cervejaria, safras diferentes do mesmo rótulo etc.). Num churrasco com a família ou os amigos, ambas as formas me parecem "piores", e o "melhor" seria tentar contemplar o máximo possível de paladares diferentes por um preço razoável para todos com uma variedade mínima de rótulos (senão vai haver disputa para saber quem bebe qual). Num jantar, o "melhor" é escolher um rótulo (ou seleção de rótulos) que valorize a comida. E por aí vamos.

Por fim, uma nota a respeito de termo "beerevangelização". Diferentemente do que vc está sugerindo, David, meu problema não é apenas o termo, não. É a forma como eu vejo esse princípio sendo aplicada na prática. E, na prática, eu observo pessoas dividindo os bebedores entre os "mais qualificados" e os "menos qualificados", infelizmente. Não todo mundo, mas certamente um grande número de pessoas - e normalmente as mais "militantes", por sinal.

ocrueomaltado.blogspot.com
Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
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14 anos 3 meses atrás #19261 por David Brun
Ah Marcussi, eu desisto deste tópico pois tenho de novo um monte de respostas ao seu post, ao que vc terá um monte de respostas tbm e assim sucessivamente, sem um convencer o outro e cada vez vamos nos afastando mais do que iniciou o debate, hehe... A gente não concorda nesses assuntos e pronto, deixemos assim, vamos concordar em discordar.
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