"Já fui um cervejólatra, hoje sou um cervejólogo"

Mais
14 anos 3 meses atrás - 14 anos 3 meses atrás #19154 por Milu Lessa
Bom, acho curioso usar o verbo "descambar" quando se trata de preço, como se fosse algum assunto intrinsecamente torpe ou mesquinho. Pode ser que pra quem não tenha que se preocupar com o preço seja verdade, como não é o meu caso, considero assunto pertinente e embora bastante repisado, recorrente, pq além de uma realidade, é um ponto nevrálgico da cultura cervejeira. Já que se começou a falar de beervangelização ou propagação da cultura cervejeira, or whatever name you guys wanna call, não custa lembrar que esse é um óbice sempre recorrente. Esse assunto de preço aqui no fórum me lembra sempre uma cena do filme O Aviador, a de um almoço na casa da família da atriz Katharine Hepburn, mas isso já é outra história, que talvez fique melhor num fórum de cinema.
Ultima edição: 14 anos 3 meses atrás por Milu Lessa.
Mais
14 anos 3 meses atrás #19155 por David Brun
O de "movimento" tbm não acho legal, por isso no meu post anterior coloquei entre aspas na primeira vez que escrevi a palavra e enfatizei logo depois com "(ASPAS)". E o do termo "cervangelização" também deixei claro que não gosto, pois não é um movimento, não é uma missão, não é uma obrigação do conhecedor de cervejas nem algo almejado pelos não conhecedores no geral.
Basicamente acho que estamos dando muita ênfase a uma terminologia que começou como um termo "brincalhão" para englobar aquilo de "espalhar a cultura cervejeira". Paremos com essa ênfase, esqueçamos a etimologia do termo "cervangelização" e pensemos então em "espalhar a cultura cervejeira" basicamente.
Eu não vejo que isso seja algo ruim se feito com responsabilidade e realmente tentando mostrar algo de valor para as pessoas, não se colocando num pedestal. Concordo, assim como disse no post anterior, que há perigos nisso, vc não pode ser um cervochato, se achando por cima dos outros só porque vc (acha que) conhece muito sobre cerveja. Eu sinceramente conheço poucas pessoas assim.
Não vejo barreiras entre quem conhece de cerveja e quem não... eu vejo é barreiras entre pessas CHATAS e o resto. E não é saber sobre cerveja que te faz um chato. Eu não nego um boteco qualquer com amigos, uma Skol gelada numa piscina em dias de calor... Como poderia negar? E ao mesmo tempo, quando saio para algum barzinho que tem alguma cerveja mais legalzinha muitos dos meus amigos que não são conhecedores de cervejas sempre me perguntam sober aquelas cervejas "diferentes" que tem no cardápio, pedem opinião, pedem conselho, pedem recomendação, sem eu nem sequer ter que discursar sendo um chato.
Ou seja, há sim jeitos de ensinar sobre cerveja (erroneamente chamado de beerevangelizar), é só deixar fluir. E nisso eu não vejo mal nenhum, só coisas boas. Por isso que eu acho errado dizer que "beerevangelizar" ou seja o que for é RUIM. Acho que isso foi um exagero. O ruim não está em "beerevangelizar" (repito, esqueçamos a etimologia e pensemos no significado e no que engloba) e sim no jeito que vc faz isso. Quem é um mala com isso, será um mala com qualquer outro assunto no qual se julgue conhecedor. O Marcio disse tudo com a citação que fez:
"X - Não seja um "pé no saco"; o mais importante, não imponha seu conhecimento aos outros - seja sempre positivo, acolhedor e amigável quando falar de cerveja"
É basicamente o que eu estava tentando dizer, o problema não está em espalhar a cultura cervejeira ("beerevangelizar"), está em ser um porre ao fazé-lo. Não devemos evitar "beerevangelizar", devemos evitar ser um porre, hehe.

Sobre preço, até concordo com a Milu que é algo que pesa na hora de vc mostrar cervejas "diferenciadas" (aí está de novo um termo horrível para se referir a cervejas) às pessoas. Mas como eu já comentei em outro tópico, e vários concordaram e se identificaram comigo: Mostrar a cultura cervejeira não é só mostrar cervejas e mais nada... é mostrar como beber melhor, bebendo menos. E uma coisa puxa a outra, bebendo menos, se gasta menos. E assim mesmo, novamente, não podemos ser CHATOS de querer enfiar cervejas mais caras goela abaixo de qualquer um. Devemos saber "beerevangelizar" somente a quem está disposto a aprender, a entender, a colocar em prática e a PAGAR O PREÇO ($$$). Quem estiver realmente disposto, estará disposto a pagar pelo preço das cervejas. Se eu for mostrar uma cerveja para alguém e esse alguém reclamar "Po, mas vc pagou R$40 nessa garrafa, a Skol litrão sai R$4 perto de casa!", pronto, aí eu já sei que não há interesse nessa pessoa e fico de boa.

Mas sobre preço, como falou o Marcio, tudo já foi discutido, e acho que ficou provado que é um assunto bem relativo e pessoal. Eu pago de boa R$60 numa Chimay Bleue porque não tenho como ir lá na Europa tomar uma toda vez que eu sentir vontade, fazer o que.
Mais
14 anos 3 meses atrás #19156 por Rodrigo Gonelli
Aprendi muito com muitos que estão aqui neste tópico. Pois desde cedo tomo diversas cervejas e de varios tipos e gosto e aprendi que cada uma delas tem o seu valor e fazendo cursos e livros as suas diferenças e agora umas eu tomo para ficar alegre com meus amigos pois o importante e participar e outras degusto para apreciação minha e do meu paladar. Acho que o mais importante e ser feliz com qualquer uma. Pois acredito que qualquer cerveja no mundo dependendo do momento pode se tornar a mais importante de sua vida. E referente a "Beer Evangelização"ou qualquer outro nome que derem sempre digo quando falam de religião o mais importante e encontrar Deus.
Mais
14 anos 3 meses atrás #19158 por Alexandre Almeida Marcussi
Respondido por Alexandre Almeida Marcussi no tópico Re:
David, acho que estamos em absoluto consenso quando dizemos que existe um jeito impertinente e um jeito pertinente de se abordar o assunto "cerveja" para pessoas que não têm o mesmo envolvimento que nós no assunto. Que esse jeito varia de acordo com a pessoa e a situação, disso também não tenho dúvida.

Eu não disse que "beerevangelizar" precisa resultar em algo intrinsecamente ruim. O que eu disse é que eu não gosto da ideia de que nós somos possuidores de um conhecimento/gosto que deva ser "disseminado" para os não-iniciados. Mesmo que abandonemos o termo "evangelizar", o mesmo incômodo prossegue em outras palavras que vc empregou, como "espalhar a cultura cervejeira" (como se só a pessoa que espalha tivesse uma cultura cervejeira) ou "ensinar sobre cerveja". Tudo isso pode, às vezes, estar baseado na ideia de que o "nosso" jeito de beber é melhor que o dos outros (como vc disse, "beber menos e melhor"), e que cabe a nós fazer com as outras pessoas comecem a fazer como nós.

Ou então, mesmo que não queiramos convencer os outros, isso pode ser usado para separar "os que bebem da forma mais correta" dos que "bebem errado". Nosso jeito de beber cerveja, apreciando, degustando, procurando variedade de rótulos e sensações, também é inadequado em várias situações sociais muito comuns e na situação de vida de várias pessoas, então acho absolutamente natural que as pessoas nem sempre queiram fazer dessa forma. E elas não são melhores ou piores por isso. Veja, eu não estou dizendo que é sempre assim que ocorre, mas eu tenho presenciado isso com uma frequência maior do que eu acho saudável.

ocrueomaltado.blogspot.com
Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
Mais
14 anos 3 meses atrás #19159 por David Brun
Marcussi, para vc não existe então um jeito de beber melhor? É tudo igual?
Sem entrar em detalhes de classe econômica, estado de ânimo, finalidade, etc., para mim não tem como falar objetivamente que alguém que gastou R$30 ou R$40 com Brahma num bar, ficou bebado, vomitou e foi dormir bebeu melhor que alguém que gastou R$30 numa Rochefort e ficou tranqüilo.

Eu acho que quem pratica o "beber menos" já cai no "beber melhor" automaticamente, seja a cerveja que for. Imagina então se for uma cerveja feita com ingredientes de qualidade, diferenciados, com o mínimo de químicos e conservantes artificiais possíves (às vezes ZERO). Eu acho que isso não é subjetivo, tem que ser olhado objetivamente. Tem a ver com o que cada um está ingerindo e em que quantidades, sabendo que cerveja em grandes quantidades não é benefica. Repetindo, não podemos impor nada nem ser uns malas, se alguém quer se embebedar bebendo cerveja de qualidade inferior, e passar mal de ressaca no dia seguinte, tudo bem. Já fiz isso muitas vezes antes (era todo fds).
Hoje em dia isso virou algo bem ocasional em mim e é porque aprendi alguma coisa ou outra sobre cervejas, bebendo cervejas mais lentamente, sabendo degustar, apreciar, bebendo cervejas que se eu passar do ponto não vão me dar uma ressaca tão terrível no dia seguinte, etc.
Para mim isso é BEBER MELHOR sim (e foi a isso ao que eu me referi no post anterior) e não acho que, sendo objetivos, vc possa olhar para alguém que enche a cara com Brahma, cai de bêbado, tem uma ressaca bruta no outro dia e falar que isso é melhor.

De resto, concordo sim com vc que há pessoas que "mancham" isso de "beerevangelizar" e que há um jeito certo e um jeito errado de fazer. E acho que talvez tenha entendido vc de maneira errada quando vc disse que "cervangelização" e outros rótulos que pressupõem uma divisão dos aprenciadores de cerveja entre os "mais qualificados" e os "menos qualificados". Já que agora vc diz que "beerevangelizar" não precisa resultar em algo intrinsecamente ruim. Pelo que me pareceu no seu primeiro post, com essa frase, era que a "cervangelização" (deixando de lado o rotulo) era ruim e segregatória por si só.
Se não foi isso, então entendi errado mesmo.
Mais
14 anos 3 meses atrás - 14 anos 3 meses atrás #19160 por David Brun
No mais, ótimo FDS pra todo mundo, hehe... o indo pra casa começar o meu descanso cervejístico, hehehe...
Ultima edição: 14 anos 3 meses atrás por David Brun.
Tempo para a criação da página:0.441 segundos