Colorado estaria em negociação com Ambev

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10 anos 1 mês atrás - 10 anos 1 mês atrás #61962 por Alexandre Almeida Marcussi

Edson Marquezani Filho escreveu: Alguns acham que o mercado dá conta de auto-regular tudo e garantir que todo mundo vai ter o que deseja. Eu, particularmente, não acho que as regras do Capital dão conta de resolver todos os problemas de forma tão simples assim como você diz. Isso porque a força das duas partes (consumidor X produtor) não são tão equalizadas assim. Como já foi mencionado por aqui, grandes empresas não simplesmente oferecem os produtos que queremos comprar, eles tentar determinar o que a gente gosta.


Eu, que sou historiador (e, para piorar, bastante simpático ao chamado "socialismo científico"), seria o último a dizer que o mercado atende às necessidades de todo mundo. Mas acho que atende suficientemente às necessidades de mercados com poder aquisitivo razoável, como é o caso do mercado cervejeiro. Não vejo praticamente ninguém no mercado de cervejas artesanais (nem a AmBev, nem as microcervejarias independentes) visando públicos das classes C/D/E, então é óbvio que, desde o começo, essa é uma discussão sobre um mercado de alto poder aquisitivo. E acho que esse tipo de mercado, sim, é bem atendido pelas regras do jogo do capital.

Se fosse verdade que as grandes companhias têm todo esse poder para ditar as tendências de consumo, nunca teríamos tido o crescimento da demanda por cervejas artesanais ao longo da década de 2000, quando mal se falava em microcervejarias e quando não havia praticamente nenhum tipo de divulgação da existência de cervejas "diferentes". A micros surgiram para atender a uma demanda que se desenvolveu à margem das grandes empresas do ramo e das suas estratégias de marketing.

Entendo as reservas e os temores em relação à AmBev, mas não acho que as microcervejarias estejam se portando de maneira substancialmente melhor no Brasil... :(

ocrueomaltado.blogspot.com
Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
Ultima edição: 10 anos 1 mês atrás por Alexandre Almeida Marcussi.
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10 anos 1 mês atrás #61963 por Gbrl Qrz
O capitalismo é o pior sistema econômico, fora todos os outros... rs

Nesse ponto de aquisição de micro por gigantes, acho que o CADE poderia ficar de olho e considerar "cerveja artesanal" como um mercado relevante. Aliás, será que não considera? Alguém aqui teria essa informação?
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10 anos 1 mês atrás #61964 por Diogo Olivares
O problema maior de consolidação de mercado é o já citado controle. Dá pra ditar o preço (escala), dominar pdvs (mercados).
Os empórios ainda vão existir, mas a maioria dos consumidores de ''cerveja premium'' têm acesso a esses produtos no mercado, no bar, muitas vezes com contrato de exclusividade, mais atraente ainda pro pdv quando se tem Colorado e Wals pra oferecer. É uma distorção de consumo. O Pão de Açúcar da minha cidade diminuiu pela metade a variedade quando chegou a linha da Bohemia, e já me decepcionei em 2 bares com boas cartas que, num segundo momento, assinaram exclusividade e me deixaram sem as opções que eu gostaria. Antes do consumidor ''iniciante'' chegar a se arriscar em cervejas diferentes em um empório, ele vai provavelmente consumir muita Ambev ''premium'', pois ela inteligentemente vem adquirindo marcas de grande visibilidade pra justificar contratos de exclusividade. Ou seja, qualitativamente, a experiência de consumo piorou e eu não posso concordar com isso e achar normal. É errado do ponto de vista de uma das principais graças da cerveja artesanal: variedade de opções, liberdade plena de escolha, de tomar o que você quer e não o único mix de produto que te oferecerem. A estratégia da Ambev distorce o consumo, controla o que as pessoas consomem, e isso é inaceitável.
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10 anos 1 mês atrás #61965 por Odimi Toge
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10 anos 1 mês atrás - 10 anos 1 mês atrás #61966 por Eduardo Guimarães Insta @cervascomedu

Diogo Olivares escreveu: O problema maior de consolidação de mercado é o já citado controle. Dá pra ditar o preço (escala), dominar pdvs (mercados).
Os empórios ainda vão existir, mas a maioria dos consumidores de ''cerveja premium'' têm acesso a esses produtos no mercado, no bar, muitas vezes com contrato de exclusividade, mais atraente ainda pro pdv quando se tem Colorado e Wals pra oferecer. É uma distorção de consumo. O Pão de Açúcar da minha cidade diminuiu pela metade a variedade quando chegou a linha da Bohemia, e já me decepcionei em 2 bares com boas cartas que, num segundo momento, assinaram exclusividade e me deixaram sem as opções que eu gostaria. Antes do consumidor ''iniciante'' chegar a se arriscar em cervejas diferentes em um empório, ele vai provavelmente consumir muita Ambev ''premium'', pois ela inteligentemente vem adquirindo marcas de grande visibilidade pra justificar contratos de exclusividade. Ou seja, qualitativamente, a experiência de consumo piorou e eu não posso concordar com isso e achar normal. É errado do ponto de vista de uma das principais graças da cerveja artesanal: variedade de opções, liberdade plena de escolha, de tomar o que você quer e não o único mix de produto que te oferecerem. A estratégia da Ambev distorce o consumo, controla o que as pessoas consomem, e isso é inaceitável.


Obrigado pelo relato, Diogo. Você materializou com exemplos concretos sinalizações dos efeitos do avanço de um gigante num setor de mercado. Esse processo, repito, ocorre em diferentes setores, para além de cervejas, vinhos ou qualquer outra bebida. É justamente nessa linha que eu venho tentando argumentar aqui. Vivemos um período onde toda atenção e reflexão é necessária para entender os possíveis grandes desdobramentos do interesse da Ambev.
Ultima edição: 10 anos 1 mês atrás por Eduardo Guimarães Insta @cervascomedu.
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10 anos 1 mês atrás #61968 por Claudinei  
Não tenho acompanhado isso com muito afinco, mas sei que existem relatos acerca desses "contratos de exclusividade" da AmBev com muitos bares cujo intuito seria o de "sabotar" a concorrência. Não sei até que ponto isso seria legal ou ético. Confrades mais bem informados do que eu poderiam falar a respeito. Sem falar ainda de episódios envolvendo empregados que foram supostamente humilhados em "programas motivacionais" ou algo do tipo... :unsure:

Não sei não, cara, é muito poder e mercado na mão de uma empresa e de um grupo, que adota uma postura demasiadamente agressiva e obsessiva no intuito de abocanhar e crescer ainda mais. Se eles pudessem, comprariam até o CADE. Estou alinhado com os colegas que fazem objeções a este avanço da gigante. Não vejo como simpatizar ou me manter indiferente a isso...
 
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