Colorado estaria em negociação com Ambev

Eduardo Guimarães escreveu:

Odimi Toge escreveu: Eu sinceramente gostaria de entender o medo a respeito de uma eventual compra da Colorado pela Ambev. Vocês acham Leffe, Hoegaarden, Franziskaner, Löwenbräu (só pra citar algumas) tão corrompidas assim após integrarem o universo AB-INBEV?

Odimi, tem outra questão ainda: mesmo que o interesse da Ambev por artesanais nacionais possa trazer um benefício ou outro - melhor distribuição, maior presença de determinados rótulos (como a Colorado) em torneiras e bares em restaurantes no Brasil -, ele também significa, em última instância, a ampliação de poder de mercado da já gigantesca empresa. Maior poder de mercado gera maior poder de "pautar" esse mercado, interferindo em seu perfil, forçando estabelecimento de preços, esvaziando associações e articulação política de cervejeiros artesanais, etc. Ainda é cedo para avaliar tudo isso no que diz respeito ao mercado cervejeiro nacional, mas a ampliação de poder de uma mega empresa, por si só, independentemente do setor, sempre é muito complicada.

em tempo: esse texto do Jota do início do ano é bem interessante para reflexão.

www.ocontadordecervejas.com.br/a-fusao-b...-cervejas-do-brasil/

Eduardo, compactuo com a sua preocupação. Essa concentração em uma só empresa é um grande problema em qualquer setor. As consequências disso são imprevisíveis, algumas são (como vc citou) a possibilidade de pautar o mercado.

Reza a lenda, e isso pelo que sei é muito difícil de comprovar, que as SALs brasileiras eram mais 'amargas' e que foram perdendo a característica devido ao fato de encarecer o produto, de forma que os fabricantes foram suavizando o sabor e apelando para o benefício da 'refrescância'. Se isso aconteceu quando havia concorrência imagine o que uma só empresa pode fazer.

De qualquer forma, a falta de concorrência é sim um grande problema. Eu, até por uma questão de princípios, vejo essas investidas da Inheuser-Busch com grande preocupação e pessimismo...

Fernando Passos escreveu:

Edson Marquezani Filho escreveu:

Eduardo Guimarães escreveu: Saiu na Veja
veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/eco...-comprar-a-colorado/

Sair na Veja pra mim só piora a credibilidade.

Então vc acha que, agora que saiu na Veja, a Inheuser-Busch não vai mais comprar a Colorado?

Não, foi só uma zoação mesmo.

Fernando Passos escreveu: Reza a lenda, e isso pelo que sei é muito difícil de comprovar, que as SALs brasileiras eram mais 'amargas' e que foram perdendo a característica devido ao fato de encarecer o produto, de forma que os fabricantes foram suavizando o sabor e apelando para o benefício da 'refrescância'. Se isso aconteceu quando havia concorrência imagine o que uma só empresa pode fazer.

Eu tenho essa impressão na memória. Lembro que lá pro meio dos anos 80, eu um moleque longe de ter idade pra beber, dei umas bicadas no copo de Brahma de um tio e pensei algo do tipo "que coisa mais amarga, como podem gostar disso?". No final dessa década, quando comecei a me aventurar nas bebedeiras cervejeiras e Brahma e Antarctica ainda eram concorrentes, ainda me lembro de algum amargor. Hoje, mesmo ciente de que meu paladar mudou muito, acredito que essas cervejas estão bem mais suaves. Uma mudança gradual e sutil ao longo dos anos, que devagar acostumou o grande público e certamente rendeu milhões em economia de insumos para a gigante presente. É esse tipo de mudança que temo nas micros que estão sendo compradas.
 

O Márcio Beck, em sua coluna, já falou sobre um estudo que estimou a perda de 40% do amargor em cervejas industrializadas nos últimos 20 anos.

oglobo.globo.com/economia/cervejas-indus...ponta-estudo-8480998

Porém eu acho que o intuito das grandes comprarem as artesanais é justamente abocanhar uma fatia do mercado de quem "entende" de cerveja boa e por isso não faria sentido abrirem mão da qualidade. Por isso, na minha opinião (após considerar todos os argumentos dos confrades), a maior preocupação acaba sendo apenas a questão da canibalização do mercado.