Dois cents para essa discussão:
1. Amargor é mais ou menos como apimentado: vc precisa desenvolver uma certa "tolerância" gradualmente. Por isso acontece essa de muita gente começar rejeitando cervejas muito lupuladas e depois acabar gostando, porque o paladar começa a ganhar mais tolerância ao amargor com o tempo.
2. Apesar disso, não acho que a "lupulomania" seja uma evolução natural para o degustador de cervejas. Eu sei apreciar uma boa cerveja bem lupulada, acho que existe contexto e situação para isso, mas elas não me encantam tanto quanto certos estilos tradicionalmente mais maltados. Acho que, a partir de um certo ponto, as sensações de aroma e paladar proporcionadas pelo lúpulo são tão intensas que podem ofuscar outras sutilezas de uma receita mais complexa. Justamente por serem tão intensas, são muito intrigantes, mas acho que pode morar um risco aí.
3. Até onde eu sei, é preciso tomar cuidado quando se vai fazer uma cerveja com tanto lúpulo de amargor, porque corre-se o risco de a cerveja ficar com um amargor meio áspero e com uma certa adstringência no paladar que não é agradável. Acho que o mérito das super-lupuladas norte-americana talvez seja justamente conseguir um amargor limpo apesar dos IBUs estratosféricos. Muitas coisas podem influenciar nesse quesito: as pilsner tchecas, por exemplo, não aparentam os altos IBUs que elas possuem. Não sei porque nunca tomei nenhuma dessas cervejas americanas, mas acho que a oportunidade vai se apresentar em breve.
