Boas degustações ao longo das duas últimas semanas, coroados com um feriado cheio de boas surpresas:
Colorado Berthô: finalmente a temos no Brasil. Cremosa, saborosa, com aquela doçura indulgente típica dos rótulos da Colorado. Mas, no fim das contas, achei que carece de um pouco mais de personalidade, ficou parecendo uma Índica um pouco mais tostadinha.
De Cam Oude Lambiek: um blend composto apenas de lambics de 3 anos de idade, sem refermentação na garrafa, totalmente flat. Espetacular. Essas lambics maduras são muito surpreendentes. Acidez suave e macia, facílima de beber considerando o estilo, um amargor assertivo ao final. Aroma frutado e com muita doçura amadeirada.
Mikkeller Arh Hvad?! BA Sauternes: a interpretação da Mikkeller para a Orval, com maturação em barris usados na produção do famoso vinho branco de sobremesa de Sauternes. Mistura interessante, mas não necessariamente harmônica, de sabores. Forte lupulagem, bem herbal e floral (me dá a impressão de que a Mikkeller adicionou Saaz à mistura típica da Orval), toques selvagens, acidez forte e um tom acético meio estranho. Barril discreto, mas há algo da maciez do Sauternes lá no fundo.
Eisenbahn Weizenbock (30 meses de guarda): acho que a Weizenbock estava no seu auge neste estágio. Perfil licoroso de frutas escuras misturado a tons de evolução (couro, terroso, umami) e um sabor bem salgado e levemente acético da guarda. Muito interessante, mas só para quem gosta de cervejas evoluídas.
Fantôme Brise-Bonbons!: garrafa comprada na promoção, já em cima do vencimento. É a saison mais lupulada da cervejaria. O resultado é interessante, mas acho que a lupulagem assertiva ofuscou um pouco a complexidade de frutas e especiarias da levedura da casa. Minha garrafa já mostrava oxidação evidente.
Fuentespina Granate Tempranillo Roble 2011: vinho tinto espanhol com uma das minhas uvas favoritas, a Tempranillo. Aroma interessante, que combina a rusticidade da casta (ameixas em calda, aceto balsâmico, terroso) com a maciez do carvalho (expressa em tons de baunilha e doce de leite). Poderoso na boca, bem tânico e seco, com acidez expressiva. Delícia!
Cave Geisse Brut 2011: fazia tempo que eu queria provar este que é um dos mais famosos espumantes nacionais, corte de Chardonnay com 30% de Pinot Noir. Elegante, com aroma que lembra torta de limão (fermento, massa podre, floral, limão, nozes), uma suave doçura, acidez correta e um final amarguinho, gostoso.
Bardocco: finalmente provei uma sidra brasileira decente, feita em Santa Catarina! Aroma ótimo e convidativo, lembra muito um vinho espumante, bem floral. Um pouco doce demais na boca para meu gosto, mas nem de longe tanto quanto as marcas populares. Ótima cremosidade. Não me agradou tanto quanto as sidras inglesas da Aspall, mas é interessante e fácil de beber.
Goulart The Marshal M Malbec Reserva 2010: um vinho malbec argentino de presença da vinícola Goulart. Não é minha uva favorita, mas é um belo vinho. Poderoso, encorpadão, com bastante doçura e aroma pleno de ameixas maduras, violetas, cravo, cominho, madeira, chocolate em pó. Bom para o invernão.