André Silva escreveu:E pensar que já ví pessoas aqui no fórum criticando coisas do tipo: "Mais uma champenoise? Daqui a pouco o Brasil vai ter mais do que a Bélgica". Quando não fazemos cervejas diferenciadas, reclamam, quando fazemos... reclamam 
Fui eu.
E mantenho meu comentário, porque antes de ser uma crítica, é um fato. É uma análise do mercado.
Pelo que eu sei, dentro do método direitinho e sendo feitas regularmente, existem apenas:
- 4 na Bélgica (Deus, Malheur Brut, Malheur Dark Brut e Malheur Cuvee Royale). A Kasteel tem uma (em versão normal e rose), só que tem apenas 5% de alcool e acredito que fuja bem do proposto.
- Nos Estados Unidos, só existiram duas (e foram edições especiais e há controvérsias na 'fidelidade' ao estilo, como por exemplo, é o caso da Infinium).
- Há uma no Canadá ( Dominus Vobiscum Brut, da cervejaria Charlevoix de Quebec), uma na França (com teor alcóolico relativamente baixo, não sei se é apenas uma 'sparkling ale') e teoricamente uma na Inglaterra Krait Prestige/King Cobra, da Cobra Beer e pelo que parece ela é lager com refermentação na garrafa, leva arroz, milho e o diabo a quatro, ou seja, não vale).
Então vamos contar apenas as 4 da Bélgica e uma do Canadá. 5.
Temos três no Brasil (ou duas, já que a Prestige não é exatamente 100% outra cerveja).
Isso é negativo? Não necessariamente. Mas pode ser.
Temos quantas belgian blonde ales sendo produzidas regularmente no Brasil? Tirando a Medieval, agora chegou a Leuven. Quantas stouts? Umas quatro, talvez cinco? Porters? três, no máximo. Quantas Helles? Quantas Dunkelweizen? Quantas ESB? Quantas barley wines? Quantas DIPA? Quantas english pale ales? Quantas Sour Beer? Quantas Saison?
Mas temos 3 (2) Biére Brut.
Sem querer em nada criticar a Wals pelo trabalho (enorme) que sei que deu para desenvolver a cerveja (afinal, sigo a cervejaria no twitter e "vi" todo o processo). Mas mais que inovação, isso é uma boa (mesmo!) sacada de mercado.
O mercado brasileiro de cerveja é de elite e é elitista. O status da cerveja (e o seu preço) estão sim atrelados ao consumo de boa parte dos consumidores (especialmente os que interessam, aquela parte que tem grana e gasta achando que é mixaria).
Nisso, pelo que venho analisando, nos parecemos muito (e muito mesmo) mais com a origem do movimento craft beer Itália, que tem produtos com embalagens elegantes, produtos exclusivos e preços que rivalizam com vinhos do que com o movimento americano, que começou com cervejas para o dia a dia, a preços que buscavam brigar em termos de competitividade.
Porque será que não tem nenhuma biére brut efetivamente nos EUA?
Porque é um produto com custo alto, complicado e que tende a ter preço final mais caro que o mercado de lá considera pagar em uma cerveja. Simples assim.
A Wäls tá mais do que certa em buscar saciar o interesse dos seus consumidores: cervejas de alto padrão, com luxo agregado.
Eu, particularmente, não tenho interesse, especialmente quando o produto vem em embalagem que claramente aumenta o preço de forma considerável.
O que eu quero é cervejas do dia a dia, para não ter que ficar comprando sempre Heineken quando quero beber durante uma tarde assistindo ao jogo do Flamengo, para acompanhar um jantar ou em situações parecidas. Ao que parece, para boa parte do forum gastar 200 reais em cerveja em um dia é normal, mas o MEU orçamento não permite isso de maneira nenhuma e, nem se permitisse eu acharia normal.
Eu tenho evitado falar de preço (esse problema de pobre, coisa feia!) no forum justamente por causa dessas reclamações e vou continuar assim. Mas enquanto novas importações e novas cervejas brasileiras continuarem sendo produtos para poucos (entre poucos), vou participar cada vez menos, e menos, e menos ...