Eu tinha pensado em responder criando outro tópico, mas esse é bastante apropriado e como a conversa já fluiu ...
Então, eu sou, a principio, completamente contra qualquer tipo de especulação.
Vamos pensar primeiro no que isso AJUDA a tal cultura cervejeira: ALGUMAS pessoas mais despreendidas do seu dinheiro tem acesso a cervejas que não são importadas no Brasil. Então, cultura cervejeira é tomar rótulos raros, exclusivos e (extremamente) acima da faixa de preço que os próprios cervejeiros sugerem para seus produtos?
Agora, o que isso atrapalha? A resposta do Marcussi tá bem completa. Além disso, a continua disposição em comprar rótulos novos e com preços extorsivos só serve como estimulante para importadores, distribuidores e até fabricantes nacionais investirem apenas em cervejas de alto luxo, de altissimo custo, mantendo o lucro desejado com produções menores. É o que vemos no mercado cervejeiro no Brasil agora.
E ainda dizem que o mercado brasileiro está se espelhando no mercado americano: não temos absolutamente nada em comum com eles. Entra no Beer Advocate e procure posts de pessoas vendendo cervejas inflacionadas por nada. Não vai achar e, muito pelo contrário, só vai achar repúdio das pessoas envolvidas no meio da craft beer a cervejas caras, que são produtos de luxo, que são nectares dos deuses por preço de ouro. Tem um sujeito lá que, para tentar acabar com o mercado negro de Westys, leva 2 caixas para os EUA com alguma frequencia e vende pelo preço de custo, uma por pessoa, com uma enorme fila de espera. A noção de venda de rótulos raros é totalmente rejeitada e a troca, essa sim, valorizada.
E olha que eu não estou falando de Cuba. Estou falando da pedra fundamental do capitalismo. Só que lá eles brigam pelo consumidor pelo preço e qualidade. Aqui, brigamos pela exclusividade, pela raridade, pelo "bebe quem tem mais dinheiro". Pode ter certeza que as pessoas que estão inseridas no mercado sabem muito bem disso.
Enfim, o forum não é meu e respeito as decisões dos administradores. Se fosse meu, seria diferente, lógico. Eu acho que usamos muito essa tal de cultura cervejeira quando na verdade falamos apenas de mercado cervejeiro. O que é uma pena, pois cada vez mais eu me vejo reduzindo meu consumo de cervejas pra AMBEV.
Só não quero participar disso dando consultoria pra contrabandista.
Afinal, tambem sou contra a naturalização de males. "são as leis do jogo, é assim que é a vida". As coisas só não mudam se a gente aceitar passivamente a trolha que tentam meter na gente.
Abraços