Cervejas desejadas.

<strong>Alexandre Marcussi escreveu:</strong>

<strong>Fabiano Pereira escreveu:</strong>

- BAMBERG BIERTRUPPE VINTAGE N 1;
- DADO BIER DOUBLE CHOCOLATE STOUT;
- CONCEIÇÃO;
- COLORADO VINTAGE BLACK RAPADURA;
- COLORADO ITHACA.

Fabiano, só para vc ficar inteirado, caso não tenha pesquisado esses rótulos antes de postar aqui. Dado Bier Chocolate Stout ainda não recebeu aprovação oficial do Ministério da Agricultura, então não pode ser comercializada. Conceição é uma cerveja caseira, então também não tem licensa para venda. Tente entrar em contato com os produtores (se não me engano, é aquela associação feminina de MG). Colorado Vintage Black Rapadura foi o primeiro nome da mesma cerveja que depois foi oficialmente lançada com o nome de Colorado Ithaca.

Agora, se vc quer uma dica, não se prenda demais a listas antigas de cervejas indicadas. Tem algumas que vc está procurando que já estiveram disponíveis no Brasil e não estão mais, e hoje em dia tem um monte de rótulos disponíveis do mesmo estilo, tão interessantes quanto ou mais. Dê uma pesquisada em fontes mais atuais.

Obrigado a todos pelas informações. Vou pesquisar fontes mais atuais.

Fabiano

Felipe Menezes escreveu:
Fabiano,

Quanto a Tripel Van De Garre, você só vai conseguir bebe-la se for no bar Staminee De Garre, em Bruges, Bélgica. Ela só vende lá, em "chope", não existe versão engarrafada.

A Tripel de Garre até vende em garrafas, de 1,5l, lá no bar, de vez em quando. Quando eu fui, não tinha. Meu primo e um amigo meu, quando foram, compraram.

Nem gosto de falar muito senão daqui a pouco vamos ter uns 10 tópicos de leilão vendendo cerveja a mil reais.

Pedro, desde que comecei a acessar o fórum do Brejas você é um dos caras que mais gosto de ler os comentários. Diretos, pontuais e elucidativos. Por este motivo queria entender a sua colocação. Qual seria o "problema" de acontecer a venda por R$ 1000,00?

Juro que não estou perguntando isso devido a polêmica envolvendo meu nome em outro tópico, mas apenas para entender o prejuízo que isso poderia acarretar à cultura cervejeira.

Sou meio ingênuo nessa área e queria entender bem a questão para aprender mais e saber como me portar.

Abraçao!

<strong>T. Muraro escreveu:</strong>

... apenas para entender o prejuízo que isso poderia acarretar à cultura cervejeira.

A pergunta não foi para mim, mas tomarei a liberdade de deixar registrada minha opinião. Tem muita gente que acha que não tem problema nenhum, cada um paga o quanto acha que pode e quer. É uma visão individual da coisa, tudo bem. Eu tenho uma visão um pouco mais coletiva, de um mercado em formação e consolidação (não tem jeito, é uma marca da minha formação como sommelier): acredito que esse tipo de especulação incentiva a fetichização de certos rótulos e só contribui com a desinformação geral que estamos vivendo no mercado nacional.

Para quem está entrando no barco agora e não é puta veia que nem muitos aqui, fica parecendo que, por serem mais caras, essas cervejas não-disponíveis no mercado nacional (vamos falar sem meias-palavras? são cervejas contrabandeadas mesmo) seriam "melhores" do que as que temos por aqui, ou de alguma forma valeriam mais a pena (senão, porque pagar tanto?). E neguinho gasta dinheiro à toa porque acha que "precisa" beber uma Dogfish Head 90 Minute para entender como é uma double IPA. Esse hype todo é profundamente desinformativo e irresponsável.

Sem contar que essas cervejas são ilegais, e é por isso que se tornam mais caras aqui. Sou a favor de que todas elas entrem, na medida do possível, no jogo do mercado, paguem imposto, demonstrem seu valor e conquistem seus clientes num mercado concorrencial, e não exclusivista. Podemos ter talvez uma cerveja chegando a R$ 1.000 pelas vias legais? Não duvido, daqui a alguns anos (imagine uma Samuel Adams Utopias com 10 anos de guarda...). Mas, se ela tiver estabelecido esse patamar dentro de um mercado minimamente regulado, é melhor do que isso ocorrer num bizarro mercado negro que fica manipulando a ansiedade e o fetichismo de consumidores mal-informados.

Marcussi,

tenho você como uma das referências aqui no brejas, mas permita-me discordar de alguns pontos. Entendo sua visão coletiva, de mercado em formação, mas temos que levar em conta que esse fetichismo, essa lei da oferta/procura, essa especulação e "endeusamento" de uma cerveja nada mais é que reflexo da nossa cultura capitalista. Isso acontece e acontecerá com qualquer produto que seja, e sempre foi assim. Assim como tudo que é produzido, muita coisa é nacionalizada, outras virão como importadas e algumas nunca chegarão oficialmente em terras tupiniquins. E as leis do capitalismo continuarão a ditar os preços de tudo isso.

Sendo assim, acho perfeitamente justo que um cervejeiro que não tenha a possibilidade de viajar, possa pagar caro em uma West 12 para ter o prazer uma vez na vida de experimentar "a melhor cerveja do mundo". E mais justo ainda é quem trouxe, poder vender pelo preço que o mercado paga (ninguem nunca venderia uma por 12 reais!!). Tudo bem que esse não é o mundo perfeito, mas temos que viver no mundo real.

Enfim, o ponto que quero chegar é que acho que isso deve partir de cada um, se informar, se aprofundar e ter condições/vontade de comprar ou não. Isso concordo muito você, e é esse o papel mais bacana do sommelier, de disceminar a cultura, apagando os mitos e engrandecendo o mercado.

Abraço

<strong>Felipe Menezes escreveu:</strong>

acho perfeitamente justo que um cervejeiro que não tenha a possibilidade de viajar, possa pagar caro em uma West 12 para ter o prazer uma vez na vida de experimentar "a melhor cerveja do mundo".

Então, Felipe, é desse tipo de desinformação que eu estou falando. Enquanto houver esse mercado negro, haverá gente interessada em perpetuar mitos grosseiros como esse da "melhor cerveja do mundo".

Entendo sua visão e a respeito. Mas, como eu disse, eu tenho a visão de um mercado em formação e consolidação. É uma visão mais a longo prazo. Um mercado capitalista, sim, mas estruturado, regulado pela concorrência e pela informação consistente de profissionais com formação adequada, que atuem de forma regular, paguem impostos e tudo o mais. É por isso que eu luto. Nunca comprei cerveja contrabandeada (embora já tenha comprado cerveja caseira, que é igualmente ilegal), mas não condeno quem o faça. Só não acho que seja assim que se constrói uma cultura cervejeira sadia a longo prazo.