Breja Chic

É interessante como os problemas são os mesmos ainda que em dimensões diferentes.

Marcussi, eu sempre gosto de ler seus posts pq vc tem essa posição muito legal de evitar dizer qual é melhor, sempre traz a sua opnião, muito bem embasada, e contextualiza muito bem as cervejas.

Falta-me cuidado e conhecimento para isso, as vezes indicando algumas para os colegas me falta um pouco dessa calma na hora de pensar e de falar sobre as cervejas, mas acho que não fiquei esnobe não! Pelo menos isso.

Felipe, agradeço o elogio. Acho que todos nós temos nossas preferências e é natural que elas influenciem nossa visão pessoal sobre qualquer coisa, incluindo cervejas. A postura que eu adoto nas minhas avaliações não é a mesma que eu adoto com meus amigos quando eles me pedem uma indicação ou opinião. E, mesmo nas avaliações aqui do site, eu dou nota e digo se gosto ou não. Mas tomo sempre o cuidado de saber que "não sou fã da cerveja X" é bem diferente de "a cerveja X é uma porcaria". Eu, por exemplo, não sou fã de Weissbier, mas não saio dizendo para meus amigos que adoram Weissbier que são cervejas ruins, até porque tenho amigos para quem as Weissbier são o estilo preferido. O Anderson uma vez contou aqui no site uma história muito ilustrativa de quando ele indicou o chope Brahma Black para uma senhora que estava na mesa ao lado dele, e ela adorou. Era a cerveja preferida dele no cardápio? Decerto que não, mas ele acertou em cheio o que a senhora estava esperando. Tento seguir esse tipo de postura.

Mas não acho que devamos evitar dar nossa opinião e externalizar nosso gosto pessoal quando convém, e quando as pessoas estão dispostas a ouvir nossa opinião. O que eu acho que devemos evitar é transformar os nossos gostos em paradigmas universais de qualidade para as cervejas ou, pior ainda, para as pessoas. Senão, viramos fundamentalistas. Respeito à diversidade, para mim, é a ideia-chave. Até porque o mundo das cervejas seria muito chato se só existissem barleywines e Belgian dark strong ales e eu não pudesse matar a sede com uma honesta pilsen.

Depois do Marcussi fica até difícil. Acho que com essa bela sintetizada fecha o tópico.

É interessante, como consenso, nós não podemos fazer da cerveja algo que ela não é, um produto topo-de-altar, um alimento colocado em pedestal. Afinal, não há algo mais antagônico que beerchatizar algo que supostamente é comunis.

Leonardo Russo escreveu:

...É interessante, como consenso, nós não podemos fazer da cerveja algo que ela não é, um produto topo-de-altar, um alimento colocado em pedestal. Afinal, não há algo mais antagônico que beerchatizar algo que supostamente é comunis.

vc estava sóbrio qdo escreveu isso??

Alexandre Marcussi escreveu:

O interessante é que os PhDs de verdade do mundo cervejeiro (falo de gente como Cilene Saorin, Paulo Schiaveto e outros figuras da grande indústria) não assumem essa posição elitista. Vc jamais verá Cilene Saorin dizendo que o estilo X é "melhor" do que o estilo Y, ou que quem bebe A tem mais "bom gosto" do que quem bebe B. Um degustador profissional de grande indústria é capaz de descrever minuciosamente tudo o que está acontecendo em dois copos de cerveja, mas vai hesitar em dizer qual deles é "melhor" (exceto em casos de cervejas visivelmente com defeito, e mesmo assim, só se forem duas cervejas com propostas parecidas). Esse tipo de auto-afirmação normalmente não tem nada a ver com conhecimento cervejeiro, mas sim com questões pessoais.

Exatamente Marcussi. Na degustação que eu fiz e que ela conduziu (a Cilene Saorin) por várias vezes ela inclusive "defendeu" as Standard American Lagers de acordo com o seu público e a sua proposta. Ela não as criticou pejorativamente, como às vezes muitos de nós fazemos, em nenhum momento.