Fábio (Guima) escreveu:Marcussi ! Agora só me responde uma coisa, onde você acha tanta informação, hem ?
Essas sobre o surgimento das American lagers nos anos 1870 saiu do livro do Randy Mosher (
Tasting Beer), que atualmente tem sido a minha "Bíblia cervejeira". Sobre os adjuntos, sei lá de onde exatamente eu tirei, conhecimento acumulado.
Excelentes cervejas podem ser feitas com diversos tipos de adjuntos. É impressionante a quantidade de grãos (maltados e não-maltados) e outros açúcares que os belgas usam na fabricação de suas maravilhosas cervejas. O que ocorre é que uma grande empresa do porte da AmBev não está interessada em cervejas marcantes e cheias de personalidade porque elas não vendem em grande quantidade, nem nunca venderão. Cervejas com personalidade agradam pouca gente; é preciso que as características daquela cerveja batam com o seu paladar, com a ocasião etc. Já cervejas neutras podem ser bebidas por praticamente qualquer um, em qualquer situação, em grande quantidade. A meta do mestre-cervejeiro de uma indústria dessas é elaborar e produzir a cerveja mais neutra possível ao paladar, e com maior a drinkability possível, para poder ser consumida em quantidade por muita gente. E existe, sim, a questão dos preços: acredito que não dê mesmo para produzir uma Belgian dark strong ale ou uma barleywine a R$ 1,50 por long neck. Ainda mais quando é preciso importar insumos.
É óbvio que, quanto menos sabor e personalidade tiver uma cerveja, mais difícil será mascarar seus defeitos. Um tiquinho a mais de ácido caprílico numa American lager é suficiente para que o consumidor normal consiga beber apenas 5 latas, em vez das 10 costumeiras. E nisso a cervejaria já perdeu 50% do seu lucro. Bem como a escala da produção exige que os tempos de maturação sejam encurtados ao máximo possível - e, infelizmente, uma boa lager precisa maturar por bastante tempo para se livrar dos off-flavors gerados na fermentação. Tudo isso contribui para a baixa qualidade das cervejas industriais.
Os adjuntos têm um papel nisso? Sem dúvida! Quanto menos malte de cevada, menos corpo terá a cerveja e menos intenso será o sabor, e menos lúpulo também se fará necessário para corrigir o paladar. Com tudo isso a menos, o caminho está aberto para que os malditos off-flavors se manifestem. Mas pode ter certeza de que isso que vc sente ao servir uma American lager vagabunda
não é aroma de cereais não-maltados e adjuntos - até porque eles praticamente não deixam resíduo de aroma!