O meio cervejeiro é "machista"?

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9 anos 11 meses atrás #58916 por Alexandre Almeida Marcussi

ERITON SOARES escreveu: Eu não conheço a história dessas cervejas, mas acho de longe o nome das cervejas da Urbana mais agressivo do que o rótulo da ET, a criatividade (ou falta dela) desta cervejaria está no nível máximo, o que acham?


Eu também não gosto dos rótulos da Urbana, e acho que sim, em alguns casos eles tocam em questões de gênero de uma maneira discutível. Mas acho que nenhum deles chega ao nível de gravidade do rótulo do Brazilian Wax - do meu ponto de vista, pela menos. O conteúdo sexual é mais explícito nos rótulos da Urbana, mas estão vertidos numa linguagem do humor e da ironia que, para mim, torna a questão menos séria. Cai mais na questão do "mau gosto" levantada pelo Jota do que propriamente na ofensa, pelo menos para mim. Acho só que é uma sensibilidade com a qual eu não me identifico.

ocrueomaltado.blogspot.com
Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
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9 anos 11 meses atrás #58917 por Claudinei  

Alexandre Almeida Marcussi escreveu: Procure se familiarizar um pouco com os estudos de teoria da comunicação aplicados à propaganda e à publicidade e você verá facilmente como as mais eficazes mensagens das propagandas são construídas nesse nível subconsciente do discurso.


As famosas "mensagens subliminares", suponho...

Senhores, altíssimo nível o deste debate! Parabéns mesmo!
 
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9 anos 11 meses atrás #58918 por Filipe Sarmento
O senso comum há alguns anos atrás não achava ofensivas piadas recheadas de preconceito racial, o senso comum ainda considera um xingamento chamar o outro de homossexual... Enfim, senso comum não é parâmetro, é só uma reprodução da ideologia dominante.
Os seguintes usuário(s) disseram Obrigado: Diogo Olivares, Clésio Gomes Mariano
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9 anos 11 meses atrás - 9 anos 11 meses atrás #58927 por Eduardo Guimarães Insta @cervascomedu

Mauricio Beltramelli escreveu: De forma que, após essas longas discussões, prefiro enaltecer um termo: SENSO COMUM. E aqui pinço algumas definições da expressão contidas na Wikipedia:

"O senso comum descreve as crenças e proposições que aparecem como normais, sem depender de uma investigação detalhada para alcançar verdades mais profundas como as científicas. (...) No senso comum não há análise profunda e sim uma espontaneidade de ações relativa aos limites do conhecimento do indivíduo que vão passando por gerações; o senso comum é o que as pessoas comuns usam no seu cotidiano, o que é natural e fácil de entender, o que elas pensam que seja verdade e que lhe traga resultados práticos herdados pelos costumes."

Nessa linha, questiono aqui alguns argumentos colocados pela amiga Milu Lessa na página 14:

DIZ MILU: "Para pessoas destreinadas ou que não estão familiarizadas com o assunto, muita coisa passa batida."
PERGUNTO EU: Pra se indignar com algo, é realmente preciso estar "treinado"? Será que esse "treino" não é um subterfúgio que sai do senso comum e adentra ao reino das suposições, dando certa razão para certas reclamações serem taxadas de "vitimistas"? Então quem não está devidamente "treinado" está cego? Seria esse "treino" uma espécie de doutrinação, se feito em níveis que fogem ao senso comum? Vou longe agora, mas alguns militantes muçulmanos estão "treinados" pra enxergarem ofensa nas imagens de Maomé, enquanto a imensa maioria dos adeptos dessa religião não vê problema nisso... Olha o problema...


Maurício, gostaria de fazer apenas duas ponderações sobre suas conclusões tiradas a partir de sua experiência doméstica.

Quando você faz a comparação entre movimentos feministas e "alguns militantes muçulmanos [que] estão treinados para enxergarem ofensa nas imagens de Maomé", espero fortemente que você não esteja se referindo aos militantes que partem para o terrorismo, mas sim daqueles que colocam democraticamente esse incômodo com as imagens na esfera pública. Afinal, o "treino" dos terroristas implica em acabar com a controvérsia e a discordância com um fuzil de assalto AK-47 (ou bombas na cintura para serem detonadas), enquanto que coletivos feministas partem para o embate na esfera pública. Ou seja, se alguém retira um rótulo de cerveja, retira uma coluna supostamente machista de um jornal etc por pressão de movimentos feministas, isso de deve a um embate democrático na esfera pública e não pela ameaça de ter sua cervejaria ou escritório explodido ou fuzilado.

Além disso, é importante lembrar que o senso comum pode ser tão autoritário quanto qualquer regime sanguinário. Aliás, muitas vezes foram elementos do senso comum que fizeram toda uma população eleger e/ou sustentar regimes truculentos. Na mesma linha, as primeiras mulheres que ingressaram em universidades brasileiras não apenas venceram amarras institucionais graves, mas principalmente piadas e pressões cotidianas (já dentro dos cursos) que refletiam o senso comum da época. Ou seja, ainda que todo mundo aqui sem exceção reproduza o senso comum cotidianamente em vários momentos de nossas vidas (independente de estar ligado ou não à questão de gênero), é preciso refletir muito seriamente sobre o senso comum, ou seja, aquilo que naturalizamos ao longo de nossas vidas e vemos como "normal", "banal" ou "sem problemas".

No mais, acho interessante refletir sobre sua hipótese final: será que o meio da cervejaria artesanal é menos machista que na área "mainstream"? Essa indagação é realmente pertinente, mas confesso que não circulo tanto no meio cervejeiro artesanal para ter uma resposta.
Ultima edição: 9 anos 11 meses atrás por Eduardo Guimarães Insta @cervascomedu.
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9 anos 11 meses atrás #58929 por Excluido Excluido
O senso comum na minha opinião é justamente o que deve ser questionado em qualquer situação, se todos aceitarmos o senso comum nada muda nunca, não há como ter evolução se todos aceitarmos o que já está pré estabelecido.

É claro que ainda tem muito machismo, na cerveja e em todos os outros lugares, só de toda mulher que faz qualquer comentário aqui receber um ''parabéns pela coragem'' já mostra bem. Um concurso de ''Musa cervejeira'' é obviamente machista, já que nenhuma delas se inscreveu para tal, e foi simplesmente suposto que elas como mulheres ficariam honradas de serem citadas como musas de um bando de marmanjo, se fosse comigo ficaria bastante incomodado, você estuda pra caramba, faz um monte de coisa legal, e a hora que você recebe algum destaque é por ser a musa de qualquer merda...
Os seguintes usuário(s) disseram Obrigado: Clésio Gomes Mariano
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9 anos 11 meses atrás #59059 por Diego Maciel
Esse mês a revista da Have a Nice Beer tem uma reportagem com a Carolina Oda falando sobre o machismo no mundo cervejeiro, na entrevista ela responde algumas perguntas como: Você já deve ter ouvido incontáveis vezes a pergunta 'ah, mulher e trabalha com cerveja?' Como lida com isso?

Se alguém interessar posso postar alguns trechos..
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