O que me deixa f*dido com essa história da elitização é que os próprios distribuidores incentivam isso, incentivam que o público de cervejas especiais fique cada vez mais elitizado, com o aumento proporcional nos preços praticados e nas margens de lucro. Meu bar de cervejas preferido, que fica na Zona Norte de São Paulo (chama-se Empório Laura Aguiar), tem uma carta bastante razoável de cervejas especiais, com muitas artesanais brasileiras, alemãs, inglesas e escocesas, austríacas, holandesas e tchecas. Só que o bar dele tem cara de boteco de copo sujo, e o público tem um perfil extremamente heterogêneo, desde jovens de classe média que saem de balada até os velhinhos pinguços da região, passando pelos frequentadores dos prostíbulos adjacentes.
O que acontece é que o dono, o boa-praça Zé (por que todo dono de bar chama Zé? Será que é o único nome que um bêbado lembra?), é frequentemente passado para trás e preterido pelos distribuidores e pela mídia porque o bar dele não tem um "público selecionado", e aparentemente o povão desclassificado que frequenta o bar não interessa aos vendedores de cervejas especiais. O que ele reclama de distribuidor e briga para continuar tendo os rótulos que vende não está escrito. Hoje mesmo ele estava me contando a história de uma moça do Guia da Folha que foi ao bar dele para colocá-lo no Guia, olhou olhou, virou as costas e foi embora sem falar com ninguém, provavelmente porque "não gostou" da cara do boteco.