Eu vejo que há dois públicos bem diferentes. Existe um público que, quando bebe uma cerveja marcante e saborosa, se impressiona muito e fica se questionando como não tinha conhecido aquilo antes. E tem um público que, quando bebe a mesma cerveja marcante e saborosa, acha-a "forte" ou "esquisita" ou mesmo "enjoativa". Já cervangelizei várias pessoas do primeiro perfil, que começaram a provar e gostar de tudo o que vinha pela frente. Para esse grupo, eu costumo indicar 10 cervejas diferentes para provar, que não sejam tão difíceis de achar, tenham bom custo-benefício e cubram uma variedade de estilos (e aproveito e mando junto sugestões de harmonização e breves descrições sensoriais para a pessoa prestar atenção nas diferenças). São elas:
- Wäls Pilsen
- Hoegaarden Witbier
- Leffe Blonde
- Original Wexford
- Colorado Indica
- Paulaner Salvator
- Eisenbahn Weizenbock
- Schmitt Barley Wine
- La Trappe Quadrupel
- Colorado Demoiselle
Com o segundo grupo, nunca tive muito sucesso. Meus pais são um bom exemplo. Eles até gostam de uma Weissbier, se animam quando eu levo uma "diferente" para tomar com eles (virou uma espécie de ritual que fazemos de vez em quando), mas raramente gostam de verdade das cervejas. Para eles, cerveja tem que ser algo neutro e suave. E, como não estimulam o paladar o suficiente com cervejas mais marcantes, não são muito capazes de distinguir uma American lager limpa de uma mais "poluída", o que faz com que as diferenças entre uma boa e uma vagabunda sejam pouco relevantes. Meu pai não chega sequer a diferenciar, por exemplo, o aroma de uma Itaipava e uma Kirin Ichiban (fizemos esse comparativo outro dia, em casa). Eles sabem identificar, por exemplo, quando uma cerveja tem menos ou mais lúpulo de amargor (estas, como a Heineken, eles consideram "mais fortes"), e normalmente preferem as menos lupuladas. Mas não faz tanta diferença assim, para eles, uma standard industrial e uma premium artesanal. Não acho que eles sejam um público-alvo produtivo para a evangelização.