Oi Gabriel,
Este é realmente o caso, meu avô trabalhava na Brahma, desde quando os donos eram alemães, naquela época os cervejeiros vinham da Alemanha e só se usava cevada, até o caramelo para dar cor às cervejas escuras era feito com cevada. Depois, quando a Brahma foi vendida passaram a usar arroz na fabricação, naquela época não tinha essas leis que obrigam a colocar os ingredientes no rótulo, e tanto os donos sabiam que colocar arroz era picaretagem que quando escolas visitavam a cervejaria, eles mandavam cobrir todos os tanques de arroz, para os alunos não verem que ia arroz na cerveja.
Por conta da otimização dos lucros as cervejarias foram reduzindo os custos, e se o público não reclama do produto, eles reduzem a qualidade da cerveja, não sei se vocês perceberam a queda da qualidade da cerveja brasileira depois de 2010, quando houve quebra de safra na Rússia e proibiram a exportação de grãos, ela é responsável pela maior produção de cevada mundial; o pior é que depois da safra voltar ao normal a cerveja não voltou... Se aquela porcaria vendeu, é mais barata, deu mais lucro, por qual motivo voltar atrás?
A cerveja clara brasileira é chamada Pilsen pois foi de onde veio, a própria Brama tinha Porter e Munich, todas baseadas nas originais, é uma questão de tradição. Por outro lado sou contra a obrigação de estilos, Pilsens, Porters, Stouts surgiram pois eram simplesmente boas cervejas que começaram a ser copiadas, se ficamos só nos estilos novas boas cervejas nunca surgirão. Acho que existem cervejas boas e ruins, também as muito boas, mas não acredito em “especiais”. Existem cervejas boas diferentes, existem meus tipos favoritos, e aí é questão de escolha, mas escolhe bem quem conhece mais, a verdade é que a maioria dos consumidores de cerveja não é bebedor de cerveja, não sentem o gosto e não conseguem diferenciar.
Abraço,
Alex
Gabriel Oblasser escreveu: Pessoal, estive pensando sobre o tema aqui, e será que não existe a possibilidade de que as nossas cervejas de massa atuais possam ter sido autênticas pilsners em um passado bastante distante (superior a 50 anos), e o que restou apenas foi o estilo estampado nos rótulos? Numa época onde elas não pertenciam a grandes grupos cervejeiros, tendo um processo industrial bem menos desenvolvido e num momento onde o culto ao amargor em bebidas era incentivado. Digo isto porque vejo que muitas delas são mais que centenárias em existência.
