Bom, Pedro, então ao menos o mercaptano vc consegue reconhecer sensorialmente com certeza! A sensibilidade de cada pessoa a essas diferentes substâncias varia, algumas pessoas são mais sensíveis a algumas, e outros a outras. Isso é normal.
Há duas substâncias que têm um papel importante na formação da acidez de uma cerveja (lembrando que toda cerveja é pelo menos um pouco ácida): ácido cítrico e ácido acético. Ambos são produtos naturais da fermentação, produzidos pela levedura, mas também podem ser produto de contaminação bacteriana, em especial se estiverem em concentrações excessivas. O ácido cítrico pode se manifestar em aromas e sensações de limão (que são agradáveis e normalmente aumentam a refrescância) ou, em altas quantidades, também de leite azedo (o que eu acho desagradável). Muitas cervejas exalam esse aroma de leite azedo em especial quando são agitadas, ocorre bastante em algumas cervejas de trigo mais ácidas. O ácido acético dá uma acidez um pouco diferente, que seria mais propriamente caracterizada como uma sensação azeda, lembrando um pouco vinagre. Toda cerveja tem um pouco dele, mas não deve estar em concentrações suficientes para transmitir uma presença azeda, ao menos não na maioria dos estilos.
O que acontece é que a acidez excessiva pode realçar algumas sensações olfativas que não têm necessariamente a ver com essas substâncias. Pode ser que, nos casos que vc reportou, os aromas de ameixa tenham sido intensificados de forma excessiva pelo baixo pH dessas cervejas que estavam ácidas/azedas demais. Mas isso eu não saberia dizer com certeza.