Caríssimos, abri este tópico para compartilhar uma inquietação minha e ouvir a opinião de vocês. De um ano para cá, tenho visto chegar ao Brasil uma enchente de novos rótulos importados ultraprestigiados, normalmente envelhecidos em madeira, numa faixa de preços
muito acima do que era costume no mercado antes disso. Estou falando de cervejas como as Mikkeller (algumas na faixa dos R$ 100) De Struise (chegando a R$ 50), De Molen (que chegam a R$ 85) ou, o que eu vi hoje, as novas cervejas trazidas pela importadora "Hors Concours", que realmente bateram o recorde: há garrafas saindo por incríveis R$ 470 (3 Fonteinen Armand'4), ao lado de outras gueuzes mais "acessíveis" da 3 Fonteinen na faixa dos R$ 100 e saisons da Fantôme na faixa dos R$ 80-100. OK, eu sempre fui o primeiro a reclamar que temos poucas lambics tradicionais no Brasil, mas não sei até que ponto rótulos começando na faixa dos R$ 100 alteram esse quadro de pequena acessibilidade. Antes desses rótulos que eu mencionei, já havia algumas Brewdog e Del Ducatto batendo nessas faixas.
Parece estar se estabelecendo um novo patamar de preços no mercado das importadas, que de alguma maneira se reverte na produção nacional também - tanto é que parece possível cobrar R$ 50 numa garrafinha de imperial stout nacional maturada em carvalho. A impressão que dá é que, hoje em dia, começa a aparecer a percepção de que R$ 20 é um preço "barato" para uma boa cerveja.
Sei que discussões sobre preço são polêmicas e chatas, mas acho que estamos diante de um novo fenômeno no mercado cervejeiro e é preciso discuti-lo.
Qual a posição de vocês em relação a esses rótulos com preços "hors concours"? Vocês se sentem instigados a tomar essas cervejas? Compram? Têm a percepção de que o prestígio de que se revestem essas cervejas (seja em rankings internacionais, seja na divulgação na imprensa especializada) faz com que o alto preço "valha a pena"? O que é melhor: uma variedade menor de cervejas a preços mais acessíveis ou uma variedade maior acompanhada de uma corrida de preços?