Comercial da Heineken gera polêmica

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10 anos 6 meses atrás #54850 por Alexandre Almeida Marcussi

Gustavo Guedes escreveu: Aí vem o marketing da Heineken e se apropria de um fato da nossa sociedade ocidental que não diminui ninguém ( não gostar de futebol diminui alguém?) E as pessoas reagem como se fosse um crime.


O problema da propagando não é dizer que as mulheres não curtem futebol. É presumir que as namoradas e esposas atrapalham a diversão dos homens, a qual consiste em beber cerveja e assistir futebol longe delas. Ao mesmo tempo em que a Heineken sugere que as mulheres não gostam de futebol e vão aporrinhar e atrapalhar seus maridos e namorados que gostam, também sugere que elas não irão consumir cerveja, e sim sapato. Para eles, futebol e Heineken. Para elas, sapato.

Eu, se fosse mulher e consumidora da marca, pararia de consumir imediatamente essa cerveja. Eles não estão dizendo que eu não gosto de Heineken e que atrapalho a diversão do meu namorado/marido que gosta? Fiquem sem mim, então, num mundo habitado por ogros que só conseguem se divertir enxotando suas mulheres para longe.

Crime não é. Mas, do meu ponto de vista, é uma representação grosseira de um mundo "masculino" com o qual eu não me identifico. Gosto de me divertir bebendo cerveja na companhia da minha mulher. E, uma vez que eu faço parte do público-alvo deles e tive essa reação de incômodo, tem algo errado com a campanha, falando só do ponto de vista publicitário.

ocrueomaltado.blogspot.com
Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
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10 anos 6 meses atrás #54851 por Eduardo Guimarães Insta @cervascomedu

Alexandre Almeida Marcussi escreveu:

Gustavo Guedes escreveu: Aí vem o marketing da Heineken e se apropria de um fato da nossa sociedade ocidental que não diminui ninguém ( não gostar de futebol diminui alguém?) E as pessoas reagem como se fosse um crime.


O problema da propagando não é dizer que as mulheres não curtem futebol. É presumir que as namoradas e esposas atrapalham a diversão dos homens, a qual consiste em beber cerveja e assistir futebol longe delas. Ao mesmo tempo em que a Heineken sugere que as mulheres não gostam de futebol e vão aporrinhar e atrapalhar seus maridos e namorados que gostam, também sugere que elas não irão consumir cerveja, e sim sapato. Para eles, futebol e Heineken. Para elas, sapato.

Eu, se fosse mulher e consumidora da marca, pararia de consumir imediatamente essa cerveja. Eles não estão dizendo que eu não gosto de Heineken e que atrapalho a diversão do meu namorado/marido que gosta? Fiquem sem mim, então, num mundo habitado por ogros que só conseguem se divertir enxotando suas mulheres para longe.

Crime não é. Mas, do meu ponto de vista, é uma representação grosseira de um mundo "masculino" com o qual eu não me identifico. Gosto de me divertir bebendo cerveja na companhia da minha mulher. E, uma vez que eu faço parte do público-alvo deles e tive essa reação de incômodo, tem algo errado com a campanha, falando só do ponto de vista publicitário.


Exato, Marcussi! Esse é o ponto. O estereótipo não está vinculado ao fato de "mulheres gostarem muito de sapatos femininos" ou "estatisticamente gostarem menos de futebol do que homens". Estereótipos são reproduzidos muitas vezes de maneira sutil, estão no submundo das propagandas (ainda, é claro, que tenhamos muitas propagandas escrachadas por aí).

Gustavo, só uma ponderação: a divisão entre "estereótipo" e "fato" não é tão assim preto no branco. Estereótipos, por exemplo, geram "fatos" concretos: o estereótipo de que toda mulher dirige mal gera o fato de serem xingadas cotidianamente nas ruas do Brasil (ainda que estatisticamente estejam menos envolvidas em acidentes de trânsito) e o estereótipo de que a mulher é menos competente no trabalho gera o fato delas serem discriminadas no mercado de trabalho (ou seja, ainda que tenham estatisticamente mais anos de formação escolar, elas ocupam menos cargos de chefia e tem salários médios inferiores aos dos homens mesmo quando exercem a mesma profissão que demanda a mesma titulação).

Por isso, concordo com Marcussi que a propaganda não é nenhum crime. Trata-se apenas uma estratégia de marketing que reproduz, sim, estereótipos clássicos sobre a mulher e a relação marido/esposa. Há quem ache engraçado, há quem ache tosco e pouco criativo para um mundo já machista e há os grupos feministas mais articulados que vão atacar... tudo dentro do script de uma grande marca que se aventura, em pleno século XXI, a reproduzir estereótipos de gênero em suas estratégias de marketing.
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10 anos 6 meses atrás #54852 por David Ortiz
Minha mãe gostava muito de futebol, acompanhava tudo, Carioca, Brasileiro, Libertadores, Mundial, UEFA, Copa do Mundo. Viu o Fluminense ser campeão brasileiro e faleceu nem um mês depois.
Acho que não ofenderia nem um pouco ela!!!
Se tivesse outra mulher na sala falando besteira, ela seria a primeira a mandar ela comprar sapatos!!!!
A propaganda é maravilhosa!!!
Também não gosto do politicamente correto o tempo todo!!!!
Concordo contigo Gustavo.
Só vi opiniões de homens, deixei um ponto de vista que acho que seria o da minha mãe, agora cadê as mulheres???
Elas que podem dizer se ofende ou não ofende tal propaganda.
Tem que mulheres que gostam e que não gostam de futebol opinando.
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10 anos 6 meses atrás #54855 por um visitante
Respondido por um visitante no tópico Comercial da Heineken gera polêmica
O comercial é divertido, como é o padrão da Heineken. A tara do politicamente correto tornou-se uma espécie de microfascismo atuante nas redes sociais e na imprensa. É como se o mundo tivesse se tornado um lugar onde Brahma fosse a única cerveja existente, com rodízio de chuchu obrigatório aos domingos.
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10 anos 6 meses atrás #54856 por Eduardo Guimarães Insta @cervascomedu

Marco Liberatti escreveu: O comercial é divertido, como é o padrão da Heineken. A tara do politicamente correto tornou-se uma espécie de microfascismo atuante nas redes sociais e na imprensa. É como se o mundo tivesse se tornado um lugar onde Brahma fosse a única cerveja existente, com rodízio de chuchu obrigatório aos domingos.


Concordo que o exagero do politicamente correto pode ser uma espécie de microfascismo, Marco. Concordo mesmo. Contudo, chamo a atenção para o seguinte ponto: a defesa acrítica, a reprodução inconsciente ou o adesismo irrefletido aos estereótipos tradicionalmente presentes na sociedade brasileira (ou ocidental, de maneira geral) também geram [fortes] microfascismos. É preciso estar atento...
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10 anos 6 meses atrás #54858 por Gustavo Guedes
Respeito sua opinião ,Marcussi.Porém, a minha mulher odeia futebol, mas por ela odiar não significa que me "libere" pra ver os jogos, ela me azucrina pra eu não ver. O comercial cai como uma luva pra mim e creio que pra muita gente, arrisco dizer pra maioria.

Comerciais são feitos pra maioria, não tem como uma propraganda ser idiossincrática pra 200 milhões de brasileiros e não sei quantos bilhões no mundo.

Cerveja = Felicidade Líquida.
felicidadeliquida.blogspot.com.br/
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