Embasamento técnico das avaliações no BREJAS

Tom Adamenas escreveu:

[(...)Márcio, mas é justamente o que quis pontuar: se a breja está precisamente (não exatamente) dentro do que baliza o BJCP, o que irá diferenciar a avaliação é justamente o caráter subjetivo individual.

Bom, aí eu perguntaria a um juiz BJCP como ele avalia. Acredito que critérios técnicos complementares, como equilíbrio e combinação, possam ser considerados. Muitas vezes o que chamamos de subjetivo é apenas algo que não conseguimos definir, mas encontra respaldo em uma argumentação técnica.

Eu tenho essa dificuldade de identificar o que exatamente gostei ou não em uma breja, mas qdo isso acontece eu leio a avaliação do Marcussi e entendo tudo!

Alexandre Marcussi escreveu:

Renato . escreveu:

usar o ranking como estudo de mercado e tal, eh algo que as micros se propoe, com a dificuldade de que nem sempre terão dados precisos, mas dai cabe a equipe dele avaliar quais fontes são melhores

Talvez essa seja a melhor forma de se usar o ranking do Brejas para uma cervejaria, Renato. Se eles querem dados precisos sobre suas cervejas, avaliam diretamente e consultam seus próprios degustadores profissionais (um mestre-cervejeiro precisa saber identificar com precisão os parâmetros técnicos da cerveja que ele mesmo produz), ou então podem contratar uma consultoria externa qualificada. O que eles não podem fazer diretamente, não sem custos altos, é saber a opinião do mercado consumidor; e disso o Brejas oferece pelo menos uma amostra.

Somos uma ótima amostra, pois quase ninguém aqui é um mestre cervejeiro, mas fazemos parte de uma parcela do mercado que gosta de produtos de qualidade, apontanto acertos e defeitos dentro de parâmetros justos e sem partidarismo.

Marcio Rossi escreveu:

Eu tenho essa dificuldade de identificar o que exatamente gostei ou não em uma breja, mas qdo isso acontece eu leio a avaliação do Marcussi e entendo tudo!

Hehehe, bem falado Márcio, mas às vezes as avaliações do Marcussi são tão técnicas que eu me perco um pouco. Alguns detalhes que me fazem chamar o "Google" e assim, aos poucos vou melhorando.

Alexandre Marcussi escreveu:

Legal a discussão. Quero fazer alguns apontamentos:

(....) As definições do BJCP não são restritivas a ponto de apenas uma cerveja poder ser considerada como plenamente adequada ao estilo. Se lermos com atenção, notaremos que eles usam o tempo todo termos como "may be present", "optional" ou "sometimes", dando margem de manobra à criatividade do mestre-cervejeiro. (...)

Justo, por isso prefiro dizer que o BJCP "orienta", "baliza", ao invés de "determina".

Uma coisa legal do BJCP para o homebrewer é que a gente consegue fabricar uma cerveja cujo estilo nunca provou. Eu mesmo tenho pela frente esse desafio com a Imperial IPA que desejo enviar ao Concurso Nacional: nunca tomei o estilo, parto da IPA e complemento o que falta com o que o BJCP fala do estilo e avaliações do Brejas das melhores na categoria.

Jean Chris escreveu:

Antes e durante minha degustação, dou uma lida nas avaliações dos confrades e procuro concordar ou não com os colegas. [...] Tento sentir as mesmas sensações, concordando muitas vezes e discordando poucas vezes.

Jean, posso te dar uma dica? Tente degustar sem ler as avaliações antes. Essa é uma dica do Beer Advocate e, depois que eu passei a segui-la, comecei a sentir um avanço na minha capacidade de avaliação. Vc começa a perceber qual é o seu vocabulário sensorial, em vez de ficar tentando encontrar sensações que se enquadram no vocabulário das outras pessoas. Com o tempo, tendo definido o seu vocabulário, vc começa a identificar como as outras pessoas denominam as mesmas sensações que vc teve, e aí começa a "alinhar" o vocabulário a uma convenção.

Às vezes as minhas avaliações são muito técnicas, é? Eu até tento "traduzir" em associações mais comuns, mas acho que nem sempre sou muito feliz...

tiago lucas escreveu:

outro dia tomei chá da tarde com Baden Golden Ale, conforme o confrade Marcussi sugeriu aqui no ranking!

Funcionou? Porque eu mesmo não testei!!

Marcio Rossi escreveu:

Muitas vezes o que chamamos de subjetivo é apenas algo que não conseguimos definir, mas encontra respaldo em uma argumentação técnica.

Isso é verdade. Ocorre muito com os off-flavors: antes de conseguirmos identificá-los, a gente percebe que tem alguma coisa errada ali, que "poderia ser melhor", que "cerveja X é melhor no mesmo estilo", mas não sabe dizer por quê. Aí vc aprende a detectar DMS, por exemplo, e não consegue mais deixar de notar. O que era subjetivo vira um critério técnico.

Mas também tem um pouco de retórica nisso. "Harmonia", por exemplo, é bastante subjetivo, mas vc pode argumentar que a combinação de X com Y em tal ou qual proporção é mais agradável ou mais harmônica do que de X com Z. Só que isso também vai depender, pelo menos um pouco, do seu gosto, do seu paladar e das convenções alimentares da sua cultura. É uma opinião bem embasada, mas ainda subjetiva.

Em resumo é o seguinte: viva a diversidade de idéias e percepções.

Vejam o que já observei, tem um "confrade" do Brejas (sim, que tem suas avaliações no topo da página) que é extremamente generoso (ou autêntico ?) com as brejas que avalia. Evitarei nomes, mas por exemplo, enquanto a média geral está na casa dos 3, a desse cara esbarra nos 4.

Até onde entendo (justamente pela separação do ranking) os "confrades" compõem um grupo de exímios degustadores, que entendem muito e fazem isso com uma proposta mais "profissional", embora não ganhem a vida assim, é de se supor que, se buscam uma avaliação extremamente técnica e imparcial seguindo parâmetros, suas avaliações deveriam ser muito próximas, mas existem diferenças signicativas até entre a avaliação de um e de outro.

Áh... Mas existem diferenças mesmo em se tratando de cervejas da mesma marca e estilo, a forma de armazenamento, a garrafa clara e a lata, a temperatura, idade da breja... Então nenhuma avaliação é válida, somente devemos levar a sério aquelas feitas dentro da cervejaria, quando a cerveja acaba de ser envazada ?

Não sei se falei besteira, mas acho que tem um certo fundamento.