Embasamento técnico das avaliações no BREJAS

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14 anos 8 meses atrás #11395 por Ivan Sellegatto Gomes
Tom Adamenas escreveu:

Bom, se a abadia trapista de Westmalle foi a responsável por cunhar o termo 'tripel', por que a breja não recebe sempre a maior nota? A breja que deu nome ao estilo não está, necessariamente, totalmente dentro dos quesítos técnicos necessários?


com certeza ela tera todas as caracteristicas propostas no estilo mas o fato de eles terem invintado o estilo não impede que outros possam aperfeiçoar e melhora-lo. por isso acabam aparecendo essas diferenças.
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14 anos 8 meses atrás #11396 por Marcio Rossi
Tom Adamenas escreveu:

Gustavo, vira e mexe me pego no mesmo questionamento.

(...)se a abadia trapista de Westmalle foi a responsável por cunhar o termo 'tripel', por que a breja não recebe sempre a maior nota? A breja que deu nome ao estilo não está, necessariamente, totalmente dentro dos quesítos técnicos necessários? (...)
(...) Até mesmo porque, avaliar de uma maneira precisa, 100% dentro do que propõe o BJCP, é tarefa pra gente que tem o paladar muito mais refinado (...)


Vc pode medir o alcool, a cor, a transparência, a viscosidade, etc. Mas não mede o sabor, o aroma, o paladar. Precisão é uma propriedade do que pode ser medido. Tom, não existe avaliação precisa, é como na arte e em tudo que envolve prazer. O BJCP orienta, baliza o estilo deixando uma faixa de variação para o que pode ser observado em alguns aspectos. Em outros aspectos, ele é determinístico e veta algumas características, normalmente off flavors. Para sua Tripel, por ex., são tantas os aromas e sabores enumerados pelo BJCP que fica instituída uma variedade infinita de combinações coerentes com estilo. Quem combina melhor todas elas, faz a melhor cerveja, coisa que abraça a subjetividade do avaliador e proporciona essa variação que vc destacou: a sua preferida é a Westmalle; perfeito. Pra outros é a Carolus, ou a Karmeliet, para citar algumas frequentes. O pioneiro é o primeiro a chegar, mas não é o único.
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14 anos 8 meses atrás #11397 por um visitante
Respondido por um visitante no tópico Re:Embasamento técnico das avaliações no BREJAS
Tom Adamenas escreveu:

...avaliar de uma maneira precisa, 100% dentro do que propõe o BJCP, é tarefa pra gente que tem o paladar muito mais refinado (que o meu, pelo menos). Eu tento avaliar também amparado pelo BJCP, mas confesso que não tenho capacidade pra pontuar cada nuance destacada por ele, entrando aí a questão mais subjetiva (e prazeirosa) da coisa.


O Tom fez um pequeno comentário que, a meu ver, traduz bem o espírito das "nossas" avaliações X das avaliações dos jurados de concursos, profissionais da área, especialistas, etc.

...entrando aí a questão mais subjetiva (e prazeirosa) da coisa.

Convenhamos, quando assistimos uma partida de futebol até reclamamos das bolas cruzadas do "Eleovanílson" que não acertam uma cabeça na área, reclamamos também do "Leozinho Amazonense" que está deixando um buraco na defesa ou do treinador que não substitui o "Amâncio" só porque é o artilheiro do time, mas hoje está fazendo uma péssima partida. Mas ninguém fica tentando analisar com exímia precisão o desempenho técnico e físico dos jogadores, a estratégia proposta pelo treinador, etc. No fundo o que queremos é ver gol do nosso time.

Penso que com a cerveja seja a mesma coisa, nós (amadores e APENAS apreciadores) comentamos que a carbonatação está assim ou assado, que o aroma apresenta off-flavor, DMS, diacetil, o caralhil... mas não precisamos seguir à risca os critérios estabelecidos pelo BJCP ou seja lá qual for, ter uma tabela de cores para ficar comparando e tal. No fundo o que queremos é tomar uma cerveja que nos agrade, que nos dê prazer, caso contrário o ato da degustação (no nosso caso, apreciadores e não profissionais ou jurados) torna-se chato, metódico, frio e, cá entre nós, até antipático.

Entendo que o ranking do Brejas tenha essa proposta mais democrática e despojada de unir especialistas e amadores (se não fosse não haveria divisão entre "usuários" e "confrades", embora tenha muito especialista entre os "usuários" ou o contrário). Mas este é o pulo do gato, abrir as avaliações para que possamos "viajar" nas sensações da cerveja, sentir um aroma inusitado que, mesmo não estando ali para alguns, para outros está, permitir que eu adore a Heineken de garrafa enquanto outros atribuam defeitos a ela por essa questão da cor da garrafa, deixar alguém avaliar a Sub-Zero pelos critérios do estilo e dar boa nota enquanto a maioria maciça (e eu me incluo ai) avaliam pelo preconceito da marca/fabricante ou gosto pessoal. Isso é lúdico e é isso que torna o lance um grande barato, é isso que gera bons, didáticos e divertidos debates aqui no fórum.
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14 anos 8 meses atrás #11399 por Renato .
FALOU TUDO GUIMA

é a TENUE linha entre o apreciador e o CERVOCHATO

Eu pelo menos quando vou pra um bar, já acho meio complicado levar meu caderninho e uma caneta para avaliar a cerveja, ach oque naumeh lugar nem o espirito, no bar eu quero ater papo falar besteira, ate discutir coisas serias, mas a cerveja eh o meu lubrificante social, e naum a minha razão

Agora imagina vc ir no EAP, e na mesa do lado um kra puxa uma pasta, com termometro, uma fita de escala de cores, umas folhas impreças com o BJCP, e SOZINHO, fica fazendo comparação e anotações sobre a cerveja. OK o kra vai ate aprecer entendido, mas em quanto isso você na sua mesa com sua breja tão especial quanto a dele, se diverte dah risada curte com os amigos, sem toda essa parafernalhe do parceiro ali.
NAda contra fazer isso, mas eu ainda prefiro me ver no lugar do kra com os amigos =]=]=]
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14 anos 8 meses atrás - 14 anos 8 meses atrás #11402 por Tom Adamenas
Marcio Rossi escreveu:

(...)Tom, não existe avaliação precisa, é como na arte e em tudo que envolve prazer. O BJCP orienta, baliza o estilo deixando uma faixa de variação para o que pode ser observado em alguns aspectos.
(...)Para sua Tripel, por ex., são tantas os aromas e sabores enumerados pelo BJCP que fica instituída uma variedade infinita de combinações coerentes com estilo.
(...)O pioneiro é o primeiro a chegar, mas não é o único.



Márcio, mas é justamente o que quis pontuar: se a breja está precisamente (não exatamente) dentro do que baliza o BJCP, o que irá diferenciar a avaliação é justamente o caráter subjetivo individual. A Westmalle é a minha favorita e, mesmo eu pontuando essa questão sobre o pioneirismo, eu não dei a nota máxima. Há quem experimente a breja, entenda muito bem, inclusive tecnicamente, a complexidade dela, mas ainda assim prefira alguma outra Tripel. É exatamente o que você falou: é como na arte! É prazer!!!
Ultima edição: 14 anos 8 meses atrás por Tom Adamenas.
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14 anos 8 meses atrás - 14 anos 8 meses atrás #11403 por Marcio Rossi
Fábio (Guima) escreveu:

(...)não precisamos seguir à risca os critérios estabelecidos pelo BJCP(...)


Não tem como seguir à risca uma coisa imprecisa, mesmo querendo. Os critérios do BJCP servem para orientar o avaliador e para balizar o estilo em competições. O BJCP foi concebido para apoiar e facilitar o trabalho do juiz; o BJCP não inventou receitas, apenas fotografou o que existia e buscou uma forma de agrupar as características mais comuns de cada estilo. O nome é Programa de Certificação do Julgamento de Cerveja. Para amadores, é uma referência opcional, vai depender do quanto o avaliador se interessa ou não por aquilo que já foi estabelecido para o estilo. Quanto mais subjetiva for essa avaliação, menos ela vai interessar à comunidade de uma forma geral. O sujeito pode, com base no seu gosto pessoal, detonar as stouts porque são escuras e secas, espinafrar as weiss porque têm cravo e banana, ou torcer o nariz para as rauchbier porque são defumadas. É legítimo, é autêntico, mas vai interessar menos à comunidade que uma avaliação minimamente embasada em uma referência além da subjetividade.

Fábio (Guima) escreveu:(...) queremos é tomar uma cerveja que nos agrade, que nos dê prazer(...)

Alguém pensa diferente? O desafio é desvendar o que nos agrada, o que nos dá prazer (e o contrário) para ter sucesso nessa busca. Vc pode ser auto-didata, partir do zero ou aproveitar o que os outros já fizeram.

Fábio (Guima) escreveu:(...) eu adore a Heineken de garrafa enquanto outros atribuam defeitos a ela por essa questão da cor da garrafa(...)

o famigerado MTB (off flavor oriundo da metabolização estimulada pela luz de um componente do lupulo) é um fato mensurável, não uma atribuição. Depende do lúpulo e da quantidade de luz que passa, independente da cor da garrafa; pode ser verde ou transparente e não ter (lupulo modificado ou embalagem preservada da luz). Pra muitas pessoas, como vc, é positivo e característico e isso está perfeito. Sabendo do que se trata, vc sabe até onde poderá encontrar e até como estimular. Foi batizado como off flavor por uma coletividade que assim decidiu, nada impede que um crescente movimento favorável ao MTB o torne uma característica desejável e perseguida. A diferença entre bom e ruim não está na coisa em si, mas no juízo que a maioria faz dela. Por ora, se vc for enviar uma pilsen para concurso, vc deve se preocupar em evitá-lo.

Fábio (Guima) escreveu:(...)deixar alguém avaliar a Sub-Zero pelos critérios do estilo e dar boa nota enquanto a maioria maciça (e eu me incluo ai) avaliam pelo preconceito da marca/fabricante ou gosto pessoal. Isso é lúdico e é isso que torna o lance um grande barato, é isso que gera bons, didáticos e divertidos debates aqui no fórum.

o Forum é livre, essa liberdade dá a ele uma representatividade ímpar. Temos a liberdade de aprovar ou reprovar uma avaliação e prestar atenção nas que nos interessam, sem patrulha.

Conheço produtores, de micro a homebrewer, que colhem aqui no ranking indicações sobre o que mudar em sua cerveja. Claro, eles olham com mais atenção aquilo que entenderam ser mais representativo. Outro dia me escreveu o mestre cervejeiro de uma micro de bh: "Relmente o Marcussi tem uma percepção ímpar, sabe como poucos manipular com palavras as suas sensações, eu também já acompanhava os comentários dele no Brejas.". Cada um escolhe que tipo de recado quer dar. Meu amigo Marcello Prioglio escreve em italiano, sua língua materna, ele deseja registrar suas sensações para a elas recorrer se necessário; é pouco útil para a maioria das pessoas, mas não é este o ponto: são autênticas, úteis para ele (e para quem entende italiano) e contribuem como qualquer outro nas pontuações.

A maioria maciça é preconceituosa quanto a um estilo ou marca? Acho que isso merece atenção da parte dos que se preocupam com autenticidade, mas é uma decisão de cada um, a ser respeitada não importa qual for.

Ultima edição: 14 anos 8 meses atrás por Marcio Rossi.
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