Embasamento técnico das avaliações no BREJAS

Prezados Confrades

Nas últimas semanas estou postando minhas primeiras (humildes) avaliações. Neste início, são muitas as dúvidas, tanto na degustação quanto na avaliação em si (escrita e notas). Surgiu-me então uma questão sobre a importância relativa das notas dentro da avaliação de cada estilo. Explico.

A avaliação, da maneira como entendi, deve ser fundamentada no Guia de Estilos BJCP, pois assim foi embasada a elaboração da cerveja para o seu enquadramento em determinado estilo. Logo, minhas notas de avaliação para os cinco diferentes critérios devem ser dadas levando-se em conta o que o BJCP estipula para aquele estilo.

Pois bem, avaliarei uma Standard American Lager (1B BJCP) da marca Skol e uma Belgian Dark Strong Ale (18E BJCP) da marca Rochefort 10. Aqui aparece minha dúvida (utilizarei estes extremos para favorecer a didática). A Rochefort 10 apresenta ótima aparência, aroma e sabor complexos, boa sensação, ótimo conjunto, tudo de acordo com o previsto pelo BJCP. Portanto, recebe uma nota alta (uma das maiores de todo o Ranking do Brejas). A Skol, por sua vez, apresenta quase nulos o aroma e o sabor, coloração amarelo pálido, pouca ou nenhuma espuma, baixa complexidade e sem aromas ou sabores que destacam-se (desconsiderando-se aqui os off-flavors comumente encontrados nas cervejas de massa). Todas estas características estão de acordo com o que o BJCP prevê para as Standard American Lagers. Mesmo assim, a média da imensa maioria das cervejas deste estilo está abaixo da média das Belgian Dark Strong Ale.

O que acontece? A mim parece que há um certo viés nas avaliações ( e eu me incluo nisso, pois, antes de me surgir esta dúvida, minhas notas acompanhavam a média geral), pois a complexidade da cerveja acaba valendo mais do que seu enquadramento dentro do proposto para o estilo. O argumento de que "no final o que conta é o gosto pessoal" tem duas faces, pois, se vale pra todo mundo, não vale pra ninguém, então não o acho válido. No final o que conta mesmo (ou deveria contar) são os atributos técnicos da cerveja.

Reavaliei a Skol na minha planilha pessoal com o Guia BJCP do lado, e a nota dela pulou de 2,1 para 4,5.

Vocês acham que há coerência na interpretação dos estilos? Ou é a famosa e já mais que falada história de que "o gosto pessoal impera"? Sinceramente, é natural que a conversa culmine na aceitação do gosto pessoal, mas acho que deve ser discutida uma padronização técnica das avaliações.

Concordo que pode parecer estranho uma cerveja "sem graça" como a Skol ter a mesma posição no Ranking que uma Rochefort 10. Desta meneira, a classificação geral seria abolida e só se levaria em conta o Ranking por Estilos.

Espero ter sido claro na explicação

Abraços

Gustavo Almeida escreveu:

P(...)notas de avaliação para os cinco diferentes critérios devem ser dadas levando-se em conta o que o BJCP estipula para aquele estilo.

(..)avaliarei uma Standard American Lager (1B BJCP) da marca Skol e uma Belgian Dark Strong Ale (18E BJCP) da marca Rochefort 10.(..)A Rochefort 10 apresenta ótima aparência, aroma e sabor complexos, boa sensação, ótimo conjunto, tudo de acordo com o previsto pelo BJCP. (..) A Skol, por sua vez, apresenta quase nulos o aroma e o sabor, coloração amarelo pálido, pouca ou nenhuma espuma, baixa complexidade e sem aromas ou sabores que destacam-se (desconsiderando-se aqui os off-flavors comumente encontrados nas cervejas de massa). Todas estas características estão de acordo com o que o BJCP prevê para as Standard American Lagers. Mesmo assim, a média da imensa maioria das cervejas deste estilo está abaixo da média das Belgian Dark Strong Ale.

O que acontece?(...)

Excelente colocação Gustavo. Vc percebeu juntas duas coisas: primeiro, uma natural confusão entre o que o avaliador gosta e o que o estilo prevê. A segunda, é a qualidade em si da cerveja.

O problema das lagers de massa não é a leveza, esta prescrita pelo BJCP, mas a qualidade pois normalmente possuem diversos off flavors e é isso que as torna medíocres. Você poderá observar, por exemplo, notas da Brooklyn Lager ou da Wals X Light muito superiores à média das massas.

Agora, o estilo lite american, ainda que perfeito, jamais poderá superar ma cerveja complexa porque a satisfação do avaliador tem e deve ter seu peso. Um estilo que admite falta completa de aroma,falta de sabor de malte e lupulo e baixíssimo amargor é como um carro popular sem acessórios: o mínimo necessário para seu transporte (perfeito se esse for o objetivo) mas nem pode ser comparado com veículos musculosos, possantes e reluzentes.

Tirado do Beer wars, trecho de um quadro onde humorists vestidos de australianos discutem, me perdoe a baixaria:

-Eu achei a cerveja americana parecida com "fazer amor na canoa"
-como assim?
- ...fucking close to water (sic)

Bom isso eh masi doque obvio, e jah foi discutido e citado em diversos outros topicos

Concordo pelenamente, e alem de saber o estilo BJCP precismoa conehce ru pouco da historia da cervejaria a o que ela se propoe, as vezes a cervajria se propoe modificar uam receita jah existente como eh o caso da Colorado que adiciona insumos diversos em suas receitas para se diferenciar, isso pra mim no minimo merece um anota mais alto no conjunto por tentar inovar.
Ou se a cervejaria eh extremamente tradicional e naum quer fugir em NADA da receita. Essas coisas tem que ser levadas em concideração

MAs vamos convir que 4,5 para uma skol PEGOU PESADO. Mesmo o seu estilo permitindo baixo corpo e complexidade, se vc pegar uma S.A.L. extremamente boa vai dar 5.0 no minimo pq naum tem mais =]=]=]
Como jah citou o Marcio

Você levantou um ponto (mesmo jah meio batido) muito importante, mas creio que vc mesmo destou dele, meio que pesou do outro lado da balança e naum ficou no meio na impercialidade como se propos

Existem três formas básicas de se fazer degustações técnicas:

1. Degustação técnica strictu sensu em painel de cervejaria: esse tipo de avaliação é meramente descritivo, ou seja, o degustador profissional não atribui nota nenhuma, ele simplesmente descreve objetivamente quais são as características da cerveja degustada. A preferência pessoal não influi aqui, o que influi subjetivamente é o vocabulário sensorial de cada avaliador e a capacidade dele de perceber determinadas características (isso varia de organismo para organismo mas pode ser treinado).

2. Avaliação classificatória por estilo: é o que os jurados fazem na maior parte dos concursos de cerveja. Avalia-se a cerveja de acordo com um conjunto de critérios pré-estabelecidos para o estilo por alguma autoridade competente (como o BJCP) e atribui-se nota de acordo com aqueles critérios. Nunca se comparam cervejas de estilos diferentes nesse tipo de avaliação, porque os critérios mudam de estilo para estilo.

3. Avaliação classificatória geral ("hedônica"): isso ocorre em alguns campeonatos de cerveja e para a elaboração de rankings gerais. As cervejas são avaliadas segundo critérios técnicos, mas sua nota é atribuída de acordo com o grau de satisfação proporcionado pela cerveja ao avaliador. Quando diferentes cervejas do mesmo estilo são comparadas, isso resulta num ranking muito próximo daquele obtido com o segundo método. Contudo, esse método permite também fazer comparações cruzando estilos; mas, neste caso, a classificação depende das preferências pessoais do avaliador por este ou aquele estilo e não tem muita validade técnica. Normalmente, em campeonatos organizados dessa forma, as cervejas mais intensas e complexas tendem a levar notas maiores.

O Brejas (bem como outros rankings online, como o Ratebeer ou o Beer Advocate) usa o terceiro método, pois é o único que permite fazer classificações gerais e rankings. Mas isso também porque o Brejas é um ranking elaborado não por especialistas, mas por leigos e entusiastas, e portanto não faz sentido ficar cobrando avaliações extremamente técnicas dos seus membros. Boa parte dos colaboradores do Brejas talvez não soubesse reconhecer todos os critérios exigidos de uma avaliação mais estruturada e técnica. Acho que está bom do jeito que está; mas nada te impede de gostar mais de American lager e pontuar alto as (boas) cervejas do estilo. No começo, as notas aqui no Brejas eram excessivamente padronizadas em torno da média; hoje em dia, observa-se mais heterogeneidade, e as pessoas sentem mais liberdade para expressas suas preferências pessoais por este ou aquele estilo, o que se reflete nas notas.

Marcussi escreveu:

As pessoas sentem mais liberdade para expressas suas preferências pessoais por este ou aquele estilo, o que se reflete nas notas.

Acredito que o ponto crucial desta discussão e que ainda renderá muito neste tópico, é a preferência pessoal por algum estilo específico.

Eu, assim como a maioria dos confrades, tenho a tendência em dar uma nota maior, mesmo que conscientemente aos estilos preferidos. Gosto de Stouts, Porter, Ale inglesas e essas são as cervejas que levam mais notas de minha parte. Apesar de ainda serem os etilos que mais bebo, as Standards American Lagers e Premium American Lager, pela falta de aroma e sabor, levam notas menores de minha parte.

Parabéns pelo tópico Gustavo, apesar de repetitivo, você reuniu alguns pontos plausíveis de uma bela discussão que estavam sendo colocados aleatóriamente em tópicos passados e não específicos deste assunto.

Bom eu aida sou da opinião de que cada um crie seu estilo de avaliação, ok tem não sei quanto estilos de avaliação, porposto por sei lah quem e coisa e tal, mas ainda acho que cada um tem que chegar na sua metodologia

Eu geralemtne avalio deixando de lado meu ESTILO favorito, mas tem sabores ou sesnações que eu gosto mais, isso eh dificil deixar de lado.
Mas se tem alguem que DETESTA o sabor do lupulo, uma cervja ada mesmo mediamnte lupulada vai lhe parecer SUPER LUPULADO, saindo de algo que respeita o estilo, para algo desequilibrado.
Nesso ponto eu acho mais complicado

Por exemplo nas cervejas da PETRUS que são mais azedas e eu gostei bastante, mas tem gente que naum gosta de sabores mais azedos e acharam elas desequilibradas =]=]=]