Gabriel C. escreveu: O Marcussi foi um pouco além, ele já cantou a bola que a Carneiro vem de um blend com vários barris que ele provou em BH e não estavam bons.
Na verdade, era um barril só. Foi o primeiro barril que eles encheram com a quadruppel. Na mesma leva, havia dois outros barris (um com Petroleum, outro com um lote experimental) que acabaram sendo descartados. A quadruppel evoluiu melhor e ficou. Provei no final de 2012, quando ela estava com uns 6 meses de barril. Estava excelente: complexa, cheia de camadas, bem azeda mas ainda tragável (um blend ajudaria, mas estava boa mesmo pura), parecia uma Flanders red ale mais intensa. Na época, ela tinha uns 6 meses de barril. Depois, quando visitei a fábrica novamente em 2014, tomei mais uma prova do mesmo barril e a cerveja estava acética em excesso, parecia um vinagre. Não dava para tomar sozinha, embora o aroma fosse interessante.
Depois o José Felipe me explicou que eles haviam cometido o erro de deixar o barril sem vedação, tentando obter um perfil selvagem mais definido. Acontece que a cerveja oxigenou demais e isso promoveu o crescimento de Acetobacter em excesso. A partir daí, a ideia era passar a usar barris vedados para as próximas sours da Wäls, para tentar obter um perfil mais lático e menos acético. Não tenho como ter certeza absoluta de que era o mesmo barril que entrou na Cuvée Carneiro, mas suponho que seja, pois era o único barril de quadruppel que existia na fábrica quando a visitei no final de 2012, e portanto o único que poderia hoje ser engarrafado após 3 anos de maturação.
A impressão que eu tenho é que as cervejarias brasileiras estão tendo problemas com temperaturas muito altas na maturação em barris - o que, sabidamente, pode incentivar a proliferação de bactérias. Talvez fosse necessário investir em caves com controle de temperatura para os barris para obter resultados mais consistentes. Isso também pode ajudar a explicar por que as cervejarias paranaenses têm obtido resultados mais consistentes do que as paulistas e mineiras.