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André Rodrigues escreveu: Saquei Marcussi. A questão não é nem a quantidade e sim o fato de que as opções que temos são as mais "docinhas", certo? Só uma dúvida: a Liefmans Cuvee Brut não é uma Lambic? e a Bacchus Kriekenbier?

Quanto a geuzes, a situação é realmente lastimável. Aliás, dá pra dizer isso mais em geral. Até hoje, só encontrei pra comprar 3 lambics "não fruits": Mariage Parfait, Lindemans geuze e a Lindemans Faro(que nem é uma geuze). Ai pro lado de SP você tem encontrado mais opções?

Exato, André. Em 2011 e 2012 vieram diversos rótulos de lambics ao Brasil, o que, a princípio, é bom. Contudo, os importadores privilegiaram as cervejarias e produtos mais comerciais. Veja o exemplo da Lindemans: eles fazem dois rótulos tradicionais sob a denominação Cuvée René. No Brasil, temos a linha completa de lambics pasteurizadas e adoçadas, mas só temos uma das Cuvée René, e só na garrafa grande (a cervejaria também engarrafa em 375ml). E nem sinal de outros produtores mais tradicionais, que são referências no estilo (Cantillon, 3 Fonteinen, Girardin, De Cam etc.). Tá certo que a produção deles é muito limitada, o que deve dificultar a importação.

Mas, para além disso, parece existir, na visão dos importadores, a percepção de que lambic é cerveja para quem não gosta de cerveja, ou cerveja "para mulherzinha". Isso denota um mercado imaturo. Eu sou fã confesso de lambics, tarado mesmo, mas não consigo beber com gosto uma tão adoçada quanto uma Timmermans Pêche, entende? Vale o mesmo para minha namorada, o que prova que o problema não é ser mulher ou não, é um paladar pouco acostumado.

Liefmans Cuvée Brut, Liefmans Fruitesse, Bacchus Kriekenbier e Bacchus Framboise não são lambics; são Flanders red ales com adição de frutas. É um estilo bem diferente, menos seco e com maior presença de malte do que as lambics. Quanto às gueuzes, acho que é isso aí que você citou. A Faro eu ainda não tomei, mas a Lindemans Gueuze é pasteurizada, filtrada e adoçada. Não chega a descaracterizar o estilo (como ocorre, por exemplo, com a Belle-Vue Gueuze, que é abominável), mas também está longe de ser um produto tradicional.

Alexandre Marcussi escreveu: Mas, para além disso, parece existir, na visão dos importadores, a percepção de que lambic é cerveja para quem não gosta de cerveja, ou cerveja "para mulherzinha". Isso denota um mercado imaturo. Eu sou fã confesso de lambics, tarado mesmo, mas não consigo beber com gosto uma tão adoçada quanto uma Timmermans Pêche, entende? Vale o mesmo para minha namorada, o que prova que o problema não é ser mulher ou não, é um paladar pouco acostumado.

Entendo sim. Embora as docinhas da Mort Subite não me incomodem, não dá pra comparar mesmo com uma mariage parfait.
Uma pena essa visão dos importadores. Muita coisa boa poderia estar aqui.

Ah, e valeu pela explicação a respeito da Bacchus e da Lifmans. Pra mim eram lambic fruits tipo a Timmermans.

Alexandre Marcussi escreveu:
Mas, para além disso, parece existir, na visão dos importadores, a percepção de que lambic é cerveja para quem não gosta de cerveja, ou cerveja "para mulherzinha". Isso denota um mercado imaturo. Eu sou fã confesso de lambics, tarado mesmo, mas não consigo beber com gosto uma tão adoçada quanto uma Timmermans Pêche, entende? Vale o mesmo para minha namorada, o que prova que o problema não é ser mulher ou não, é um paladar pouco acostumado.

Ai está o grande ponto. Muitas vezes escolhem as Lambics como alternativa para quem não gosta de cerveja. Quando na minha humilde opinião, elas são mais apreciadas por que já tem mais contatos com a diversidade sensorial que a cerveja tem.

Acho que citam fruit beers e não lambics (de fato) tradicionais, cometendo um erro.

Lambics são muito complicadas, de fato. Eu adoro (e gostei desde o primeiro gole), mas entendo perfeitamente quem não gosta.

Pedro Fraga escreveu: Eu adoro (e gostei desde o primeiro gole), mas entendo perfeitamente quem não gosta.

Idem, ibidem.

Lembro-me da sensação de fascínio de quando levei uma taça de lambic ao nariz pela primeira vez (era uma Boon Kriek). Mas existe essa pecha de que são produtos que as pessoas vão rejeitar. Acho que existe um certo equívoco na forma de apresentar as lambics. Todo mundo enfatiza tanto essa coisa de que elas são salgadas e avinagradas (o que não é propriamente verdade) que as pessoas tomam com medo. Ou então dizem que é "para mulherzinha", e aí as pessoas esperam suco de frutas (o que é uma manifestação de machismo, na real). Acho mais fácil apresentá-las como bebidas refrescantes e ácidas, como um espumante. A acidez e secura de uma lambic às vezes está realmente no mesmo nível de um bom espumante.

O Michael Jackson contava uma história de que ele costumava recepcionar convidados em sua casa oferecendo uma taça de Cantillon Rosé de Gambrinus, sem dizer o que era. E a maioria das pessoas gostava. Todas as pessoas para quem eu já apresentei fruit lambics sem fazer muita firula acharam suaves, refrescantes, fáceis de beber e parecidas com um espumante rosé ou uma sidra. E olha que já fiz isso com rótulos considerados "extremos", como 3 Fonteinen ou Cantillon.

eu até tento "entender" as lambics e estilos similares mas tá difícil.
Já visitei a Cantillon, degustei diversos rótulos deles, trouxe algumas preciosidades para o Brasil mas definitivamente não curto
Ainda tenho uma Grand Cru Bruocsella em casa mas estou esperando estar mais "inspirado" para abri-la