Flying Dog - Rótulos

Fábio (Guima) escreveu:

Estou com uma Double Dog guardada e ansioso para abrí-la, 11,5% de ABV e 85 de IBU, a personalidade radical não está só no design das embalagens.

Já fiquei fã mesmo antes de bebê-la, gosto de propostas ousadas e inovadoras, rótulo com raminho de cevada e fachada de mosteiro já tá pra lá de batido ! Rsss...

Batido nada Uma Weihenstephaner, por exemplo, tem mais de 800 anos tem que ser daquele jeito mesmo.

Raminho de ceveda e fachada de mosteiro "rulez"!

Muitas das cervejas dos EUA, apesar de excelentes, voltam a propaganda a um público jovem, são brejas "geração mtv", tem que apelar primeiro ao "style", como é você "cool" ao beber a breja...acho mais subversiva, menos óbvia, a estratégia de marketing dos monges!

mais subversiva?

As ilustrações são surreais, me lembram até alguma coisa de Dalí.

Marcelo Vodovoz escreveu:

mais subversiva?

É, hoje para você estar "in" você precisa ser descolado. É mais fácil alguém se identificar com uma breja que chama "posição cachorrinho" (esta seria a tradução para doggie style hehe) do que algo feito por monges castos.

Hoje quando você diz "eu não quero ser hype" hehe, "não quero ser cool", você subverte os valores (ao menos os valores de muitos). Não que "ser subversivo" seja sempre bom - mas que um monge trapista não é referência na nossa cultura hoje, isto é mais do que claro.

Aliás, lendo os blog de cerveja por aí, percebi que há hoje certa querela entre os defensores da nova escola americana e o pessoal que aponta para necessidade de entender e assimilar melhor a tradição européia.

E aqui, embora não seja nem um pouco crente, fico com os monges! Os caras estão fazendo cerveja há séculos, merecem estudo e consideração!

Os rótulos da flying dog são legais mesmo - o que não curto é esta necessidade de ser "fodão" associada a produtos sacam?

Acho que a contraposição entre escolas "tradicionais" e escolas "novas" (notadamente a norte-americana) tem sido exagerada. Parte da estratégia de legitimação adotada pelos americanos é afirmar que as cervejas do velho mundo estão muito presas à tradição e são feitas da mesma forma há séculos. Mas isso é mentira. A maior parte dos estilos mais conhecidos e vendidos hoje em dia nas escolas cervejeiras do "Velho Mundo" nasceram após o século XVIII. Pouquíssimos estilos anteriores ao XVIII ainda sobrevivem comercialmente até hoje em escala considerável. Alguns estilos, inclusive entre as cervejarias trapistas (normalmente associadas a produtos tradicionalíssimos), são inovações bastante recentes. Basta lembrar que a Westmalle só inventou a primeira tripel clara depois da II Guerra Mundial. Esses estilos podem ser considerados, em termos históricos, quase tão modernos quanto os estilos auto-proclamados novos e revolucionários que os americanos estão criando.

Não estou minimizando o grau de inovação das cervejarias americanas, estou apenas atentando para o fato de que nós acabamos aprendendo a achar "tradicionais" alguns estilos que têm meio século ou até menos. O mundo das cervejas é muito mais dinâmico do que sugerem esses rótulos cheios de castelos e brasões. Mas, afinal, não se inventam tradições em todo lugar?

Fábio (Guima) escreveu:

As ilustrações são surreais, me lembram até alguma coisa de Dalí.

Aff...