Acho que esse papo está sempre cheio de farpas.
Ninguém aqui jamais disse que donos de bares de cervejas especiais são exploradores malvados. No caso específico da Eisenbahn, rola uma reclamação bem justa de que o preço da edição de concurso subiu demais. Eu particularmente aumento essa reclamação para o fato de estar reparando que (quase) todas as cervejarias estão adaptando seus produtos (ou ao menos novos produtos) para edições especiais e luxuosas com preços iguais ou acima de importadas de nível até superior, que já chegam no Brasil custando de 5 a 10 vezes o preço na origem. Um nome que posso citar de cervejaria que não está nessa onda é a Bamberg, por exemplo.
Mas existe uma idéia que está subentendida nesse discurso de que "a cerveja vale o que está sendo pedido" que é a de que quem trabalha com cerveja, seja o fabricante, o distribuidor ou dono de bar é um abnegado, um mártir que está fazendo o favor para a humanidade de trabalhar com esse produto. Todas as 3 camadas são pessoas com intenção de prosperar e lucrar, que parece ser uma intenção sempre criminosa ou herética. O problema é que não há pecado nenhum nisso, mas a insistência em pegar o governo como bode expiatório (por mais que ele seja sim um sócio ingrato) é até um pouco perversa aos meus olhos, já que as 3 camadas me parecem (parecem, não conheço muito bem ninguém, não estou afirmando nada) bastante confortáveis nessa situação de impostos altos e vendas para um público seleto e exclusivo.
E cara, discordo totalmente dessa comparação com obra de arte, não acho que um produto de consumo possa ser comparado a um objeto imperecível qualquer, ainda mais um que é costumeiramente peça única e envolve muitas vezes meses de trabalho árduo de alguém extremamente especializado.
E mais; não tem essa de que quem realmente ama faz o que for. Uma coisa é admirar uma cerveja, como todos nós aqui fazemos, independente de quanto gastamos nisso. Respeitar é também saber o que ela vale de fato e não coloca-lá em um altar de ouro onde só aqueles realmente dispostos ou que realmente "amam" vão lá provar, através de cifras bancárias, o quão ligados ao líquido sagrado são.
Esse papo só acontece no Brasil. Em todos os outros países onde fui ou onde tenho contato com quem trabalha com cerveja, ela é sim respeitadíssima e amadíssima, mas ninguém acha certo precificar essa qualidade do líquido ou devoção de alguém. O preço está atrelado ao custo, simples assim.
Ou melhor, voltando as comparações com obra de arte até passo a concordar em parte, porque o mercado de arte é completamente insano e especulativo ...
André Silva escreveu:Mauricio Beltramelli escreveu:
a) Donos de bares de cervejas especiais NÃO SÃO EXPLORADORES MALVADOS. Minhas planilhas de custo estão aqui pra quem quiser ver. Bar que oferece mais do que cerveja (atendimento especializado, treinamento do staff, ambiente, localização, experiências cervejeiras, etc...) reflete tudo isso nos preços. Fato.
Concordo 100%
O custo vai muito além da compra da bebida. Por isso a margem tem que ser alta, para compensar todo o resto que envolve o estabelecimento.
Um amigo que tem bar de cervejas especiais falou que já roubaram uns 5 copos trapistas de lá. Fora os que quebram. Todo esse tipo de custo tem que ser compensado de alguma maneira.