Colegas,
Acabo de voltar de Buenos Aires, onde tive a oportunidade de realizar algumas aventuras cervejeiras junto de minha esposa.
O nosso ponto de partida para a exploração foi a
seção de viagens aqui do Brejas
e do blog da confraria argentina
"Logia Cervecera"
. No "Logia Cervecera" há inclusive um
mapa muito útil para novos exploradores.
O primeiro bar que visitamos foi o
"Buller Pub & Brewery"
. É muito legal experimentar a degustação dos chopes locais, e muito em conta também. O pub tem mesas ao ar livre em frente para o famoso cemitério da Recoleta, que vem muito a calhar em dias quentes. Todas as cervejas são realmente boas e destaque vai para a
Oktoberfest, muito maltada e refrescante. A decepção foi a
Dry Stout, que apesar de ser muito aromática, estava com
off-flavor bem aparente.
Na nossa rápida passagem pelo bairro de Palermo Viejo, tomei uma cerveja
"Otro Mundo Golden Ale"
no Prologo Bar. Uma ale suave bem razoável, que ajudou a espantar o calor e a digerir o picada de frios, que deixou muito a desejar.
Na noite seguinte, a aventura mais arriscada: ir conhecer o
"Spangher"
, no afastado bairro de Vila Urquiza. O "Spangher" se revelou um pequeno bar de bairro mantido pelo senhor Daniel Spanghero, que apesar da carranca portenha foi muito simpático. A cerveja do local foi apenas razoável, achei um tanto aguada e sem personalidade. Em compensação a picada de frios era de primeira linha.
Para terminar a noite, já a caminho do hotel, passamos pelo
Gibraltar Bar, em San Telmo. Foi lá a surpresa cervejeira da viagem. Em uma torneira
vintage, em que a pressão é feita à manivela, eles tiram o chope Kingston Scotch Ale, servido a mesma temperatura do porão. Muito corpo e lúpulo nesta cerveja cor de cobre e turva. Por 13 pesos, tive que tomar outra.
Na última noite fomos conhecer o
"Cruzat Beer House".
Como já disse o Confrade,
aquela geladeira cheia de rótulos obscuros é uma tentação. Comecei experimentando um dos chopes da casa. Fui de
American Pale Ale, e assim como a Dry Stout do Buller, o sabor de papelão dominou todos os outros sabores. Acho que dei azar. Para compensar pedi uma Gülmen Barley Wine e não me arrependo. Muito complexa, com início seco e depois um leve frutado, como de uvas passas.
A despedida de Buenos Aires foi no bar que mais gosto na cidade, o
El Federal
. Para mim este bar resume a experiência Porteña. Balcão e mobiliário antiqüíssimos e um cardápio extenso, com todos os standards da cultura botequeira local. Servem chope artesanal, que parece ser da marca
Imperial. Tomei o colorado, mas não me perguntem qual o estilo dessa cerveja. Baixo amargor e carbonatação com final levemente adocicada. Era avermelhada e turva. Pode não ser o melhor chope da cidade, mas o cenário faz valer a pena cada gole.
Depois de alguns dias de muita cerveja em Buenos Aires posso dizer que a cultura cervejeira está muito bem estabelecida por lá. Ótimos bares com ótimas cervejas.
Para mim é impossível não comparar com São Paulo. Não sei se é por uma questão cultural, nacionalista ou apenas econômica, mas tive a impressão que por lá a cultura cervejeira está muito mais voltada à produção local, diferente daqui onde valorizamos bastante os rótulos importados. Em Buenos Aires é muito mais fácil achar bares que vendem cervejas especiais locais do que é em São Paulo. Já os bares, enquanto aqui eles esbanjam requinte, por lá sobram em personalidade.