Até que ponto uma cerveja é "artesanal"?

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15 anos 1 mês atrás #913 por Mauricio Beltramelli
Pessoal,

Vi essa discussão na comunidade Cerveja Artesanal no Orkut e, de tão interessante, transplanto-a pra cá.

Até que ponto podemos dizer que uma cerveja é "artesanal"?

Pelo tamanho e produtividade da fábrica? Por não ter adjuntos como milho e arroz?
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15 anos 1 mês atrás #916 por Alexandre Bamberg
Mauricio,

Excelente discussão.
O que é cerveja artesanal, cerveja gourmet, cerveja especial?
Como o consumidor sabe se é qualidade superior de um produto ou se é marketing?

Não consigo definir o que é ser artesanal, tomara que nossos amigos nos de uma luz.

Só acho que as definições quanto a litros e adjuntos não funciona, é pouco rigorosa.

Acho que é muito mais uma coisa de ideologia do que técnica.

Espero o comentário de outros quem sabe nós conseguiremos definir o que é cerveja artesanal, ou chegaremos na conclusão de que é apenas cerveja.
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15 anos 1 mês atrás #917 por Anderson Martins
Mauricio, eu entendo que artesanal é tudo aquilo que não é feito de forma industrial.

No meu ponto de vista, uma cerveja artesanal é aquela que é feita de forma mais rudimentar, no fundo do quintal com aquela bazooca feita com um caldeirão de aluminio que muitas vezes foi feita pela própria pessoa, por exemplo.

Eu acredito que seja um tanto leviano a pessoa considerar que só porque é artesanal a cerveja foi produzida com o melhor dos ingredientes, artesanato não é sinônimo de qualidade, o cervejeiro caseiro pode muito bem colocar toda a sorte de bagulho dentro da cerveja e nem por isso ela deixará de ser artesanal.

Pra mim basicamente existem 4 tipos:

Industriais de qualidade discutíveis (Brahma, Skol, etc, etc...)
Industriais de boa qualidade (Colorado, Eisenbahn, Bamberg, Heineken, etc, etc, etc)

Artesanais de qualidade discutíveis (graças a Deus nunca conheci nenhuma...rsrsrsrs)
Artesanais de boa qualidade ( Lamas, Vilã, Vinil, etc, etc, etc...)

Esse é meu ponto de vista, não significa que ele esteja correto.
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15 anos 1 mês atrás #919 por Anderson Martins
Levei tanto tempo respondendo o post que quando postei já havia uma resposta.... O Alexandre foi mais rapido que eu....rsrsrs

Quando voltei ao forum e vi que tinha 2 respostas e que eu havia sido o ultimo quase me deu um nó na cabeça, pensei que estava ficando louco...rsrsrs

O pessoal é rapido no gatilho!!!
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15 anos 1 mês atrás #922 por Mauricio Beltramelli
Anderson,

Respeito a sua opinião, mas me atrevo a discordar de ti.

Eu acho que a sua definição para cerveja "artesanal" (feita de forma mais rudimentar, no fundo do quintal...) é mais apropriada para CASEIRA.

Tendo a ficar com a opinião do nobre Alexandre Bazzo, que diz que a definição é mais IDEOLÓGICA do que técnica.

Senão, como faríamos para definir o renascimento cervejeiro nos Estados Unidos (que eu considero a Escola Americana)? Os caras são os inventores do The Craft Beer Renaissance, entendendo o termo craft como artesanal.

Lá, eles têm fábricas grandes que até exportam cervejas artesanais. E são artesanais porque são fabricadas com esmero, carinho, seguindo estritamente receitas de mestres cervejeiros -- e não pesquisas de mercado.

Então, acho também que é uma questão de atitude. Resta saber como definiríamos uma fábrica pequena que produz cervejas Standard de qualidade ruim. Como há várias hoje no mercado tentando pegar carona na definição de "artesanal". Na verdade, é nesse ponto que quero chegar com essa discussão...
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15 anos 1 mês atrás #927 por Alexandre Almeida Marcussi
Acho que talvez não exista critério objetivo para definir onde fica a fronteira. Outro dia vi uma discussão muito parecida com essa quando uns conhecidos meus estavam discutindo quais os critérios para que um jogo de RPG seja considerado "independente". Seria o tamanho da equipe produtora/editorial? O modelo de distribuição? O perfil diferenciado do conteúdo dos livros? Cheguei à conclusão de que não existe nenhum critério objetivo, e que "independente" (no caso dos RPGs) é muito mais uma denominação auto-atribuída, uma pretensão de colocação dentro de um nicho de mercado, do que qualquer outra coisa.

No mundo das cervejas, quando vemos uma cervejaria do porte da Eisenbahn requisitando o selo de "artesanal", estamos diante de algo bastante semelhante. No fundo, artesanal acaba que não significa nada a não ser um determinado nicho do mercado, e as cervejas que se intitulam "artesanais" são aqueles que pretendem mirar nesse nicho, alegando produzir cervejas que se encaixam nas preferências desses consumidores.

Será que seria razoável chamar de "artesanal" uma cervejaria como a Paulaner, na Alemanha? Ou a Guinness, na Irlanda? Ou a Fuller's, na Inglaterra? Eu acho que não. Mas se fosse uma cervejaria no Brasil produzindo uma receita idêntica à da Paulaner Weiss, ou da Guinness, ou da London Pride, certamente seria classificada como uma cerveja artesanal. Então, acho que essa denominação revela muito mais sobre as condições do mercado do que sobre o produto em si. Acho que não existe, portanto, uma fronteira clara entre cerveja artesanal e cerveja industrial. Se fôssemos aplicar um critério objetivo, rígido, teria de ser realmente o do Anderson: todo mundo que produz em planta industrial é cervejaria industrial. Mas isso certamente não reflete a sensibilidade do mercado.

ocrueomaltado.blogspot.com
Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
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