Critérios de avaliação

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15 anos 7 meses atrás #870 por Alexandre Bamberg
Na minha opinião nós devemos ver o objetivo da avaliação.
Dentro da indústria avaliamos para tentar monitorar algum foco de contaminação, ou rastrear um defeito, ou avaliar o resultado final de acordo com o que foi planejado, etc. Sempre realizado por um painel treinado, em ambiente controlado.
Em competições, a subjetividade deve ser deixado de lado, eu procuro julgar sempre de acordo com o estilo da cerveja e tentar usar ao máximo termos de conhecimento técnico para que outros jurados ou mesmo o dono da cerveja avaliada saiba o que foi detectado, e não vejo problema nenhum, em uma competição, uma american pilsen ter nota mais alta que uma barley wine com defeitos, se estes forem graves e comprometam. Vale lembrar que se trata de um teste cego.
Tem também a degustação por divertimento, daí utlizamos essencialmente o nosso gosto pessoal, sem técnica, sem controle de ambiente, apenas por diversão com os amigos, o que também faço com frequencia, especialmente aos sábados a noite depois de tomar muitas.
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15 anos 7 meses atrás #896 por Alexandre Almeida Marcussi
Alexandre Bamberg escreveu:

Tem também a degustação por divertimento, daí utlizamos essencialmente o nosso gosto pessoal, sem técnica, sem controle de ambiente, apenas por diversão com os amigos, o que também faço com frequencia, especialmente aos sábados a noite depois de tomar muitas.

Alexandre, nesse tipo de "degustação selvagem", que tipo de características das brejas costuma mais chamar sua atenção (positivamente)? Eu, que ainda estou numa fase de "encantamento" com a complexidade das brejas, sempre me encanto com cervejas mais complexas, intensas e densas.

Eu ainda não cheguei ao nível de familiaridade de conseguir avaliar decentemente, nem por diversão, após a terceira garrafa da noite. Depois disso, meu paladar fica super zoado e eu perco qualquer coisa que não esteja em primeiro plano.

Mas mesmo nesse tipo de degustação informal, se vc tem algum conhecimento técnico, acho impossível simplesmente deixar isso de lado. Vc toma um chope carregado demais no diacetil, ou uma breja com mercaptano evidente, e sabe por que não está gostando. Não é um quesito mais subjetivo, como harmonia ou equilíbrio, é um elemento que, depois que vc conheceu, não tem mais como não notar. Acho que isso é um conhecimento técnico que, uma vez adquirido, não tem muito como deixar de lado.

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15 anos 7 meses atrás #918 por Alexandre Bamberg
Alexandre,

Concordo com vc, mesmo em degustação recreativa, quando deparamos com a cerveja ressaltando um defeito fica complicado, não dá pra passar batido, daí eu tento adivinhar da onde veio este defeito, da fábrica, do pdv, etc., só por bricadeira; mas supondo que ela esteja normal, o que acontece na maioria das vezes, eu primeiro vejo qual o estilo dela, neste caso se é que o fabricante quiz enquadra-la em algum, daí dentro do estilo algo que surpreenda, que se diferencie das outras, por exemplo, pessoalmente acho o estilo belgian blond ale muito chato, mas ao tomar a westvleteren 6 não tem como negar que é excelente, outro, acho a London Porter um excelente exemplo do estilo, cervejas que conseguem ter um algo mais.
Outra coisa que gosto muito são as cervejas criativas, coisa que os americanos e os italianos vem fazendo muito bem.
Mas o que gostaria de ressaltar que o excesso gratuito não me agrada, por exemplo, muito alcool sem motivo, 8 tipos de malte, 7 variedades de lúpulo, etc.
Não sei se consegui explicar, é muito complexo.
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15 anos 7 meses atrás #920 por Alexandre Almeida Marcussi
Também levo em conta esse "algo a mais", esse destacar-se dentro de um estilo. Mas é interessante pensar até que ponto esse "destacar-se no estilo" pode também significar "desviar do estilo", se visto por outro ângulo. Tomo como exemplo a Baden Baden Celebration Inverno 2009, que traz características de torrefação tão intensas que, até onde percebo, fogem um pouco dos padrões do BJCP para o estilo doppelbock. É um destaque dentro do estilo, e eu gostei muito dela, mas também foge um pouco às expectativas do estilo. Outro exemplo seria a Falke Estrada Real, que traz um pouco menos lúpulo e mais malte do que normalmente esperamos numa IPA, o que lhe dá bastante destaque; mas eu pelo menos acho que isso não chega a descaracterizá-la como uma IPA - pelo contrário, torna-a uma representante muito interessante do estilo.

São duas cervejas que eu pontuei alto no ranking do Brejas. Baden Baden Celebration Inverno perdeu um pouco em adequação ao estilo, mas mesmo assim eu a achei uma cerveja muito agradável e prazerosa.

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15 anos 7 meses atrás #933 por João Sperb
Respondido por João Sperb no tópico Re:Critérios de avaliação
bem, eu entendo que muitos aqui gostam de usar termos técnicos, eu mesmo uso alguns, principalmente na hora de fazer uma análise de um tipo de cerveja pra depois reproduzir em casa. Mas como a cultura cervejeira abranje diversos tipos de pessoas, com relativos conhecimentos de baixo nível (em termos técnicos), acredito muito interessante as avaliaçoes que dizem o quanto gostaram dakela cerveja (ou não) e porque. EX: "Gosto da heineken, pois ela é mais amarga, um sabor mais forte que as outras".
sei que fica um pouco superficial, mas isso ja desperta em outras pessoas, principalmente iniciantes, a curiosidade por aquela cerveja. quando definimos uma cerveja com muito gosto de lúpulo, baixa taixa de ésteres...bem, pra essas pessoas isso nao iria dizer nada.
Lembrando, nao sou contra a descriçao impessoal e técnica, mas sou também a favor de descriçoes mais simples, algo que facilite a iniciantes e curiosos entender o que se passa!
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15 anos 7 meses atrás #937 por Alexandre Almeida Marcussi
João, eu sempre tento usar, na medida do possível, tanto o termo técnico (quando eu o conheço) quanto a "tradução sensorial". Falo sim que a cerveja tem muito lúpulo aromático, mas logo discrimino que o lúpulo usado tem notas cítricas de grapefruit, por exemplo. Assim acho que fica ao mesmo tempo minimamente técnico (até onde vai meu conhecimento na área, que é mais de curioso-apreciador do que de homebrewer ou especialista) e também sensorialmente apreensível mesmo para quem não tem conhecimento técnico. "Muitos ésteres" não quer dizer nada para o leigo, mas "forte presença de ésteres frutados com aromas de banana e maçãs" já querem dizer algo. É técnico e sensorial ao mesmo tempo.

Por um lado, como vc disse, uma descrição mais superficial pode ajudar mais a pessoa com pouca familiaridade; por outro lado, a descrição mais completa pode ajudar a "apurar" o paladar dos usuários que estão se iniciando. Eu mesmo citei, em outro tópico, o exemplo de como me ajudou saber que a Christoffel Blond tinha muito lúpulo, porque eu pude prová-la e aí saber como era o gosto do lúpulo. Nesse caso, foi bom ler uma avaliação um pouco mais técnica, porque isso me ajudou a traduzir os termos técnicos em impressões sensoriais quando eu bebi a cerveja.

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