Revisitando cervejas

Quando vou escolher as cervejas que vou comprar, normalmente privilegio conhecer rótulos que eu nunca tenha bebido antes, em vez de repetir as mesmas cervejas das quais eu já gosto (já que o dinheiro não dá para fazer as duas coisas). De vez em quando, contudo, acabo repetindo algumas boas cervejas que estão entre as minha favoritas, em especial as que têm um custo-benefício razoável. Wexford, Strong Suffolk e London Porter são algumas um pouco mais caras que eu gosto de repetir às vezes, e tenho a impressão de que as Brooklyn (especialmente a IPA) talvez entrem para esse time também.

Contudo, nessa semana que passou, para marcar o fim de uma fase da minha vida, decidi pôr a mão no bolso e revisitar duas das minhas favoritas, que eu havia bebido apenas uma vez, mais ou menos 1 ano e meio atrás: Trappistes Rochefort 10 e Chimay Bleue. Comparando com minhas anotações antigas, notei que a minha percepção dessas duas cervejas mudou muito, tanto que as descrições antigas e as novas parecem de duas cervejas completamente diferentes - claro, pois o paladar vai se aprimorando com o tempo, é natural. Na Rochefort, consegui perceber muito melhor o papel dos diferentes aromas de levedura no conjunto, enquanto na Chimay, as características de envelhecimento e guarda se tornaram bem mais claras nessa segunda degustação. Já atualizei a minha avaliação da Chimay aqui no ranking e pretendo fazê-lo agora com a Rochefort.

Como é a experiência de vcs com essa coisa de avaliar novamente cervejas que vcs tinham bebido há muito tempo? Vcs costumam repetir cervejas marcantes? Observam uma evolução do paladar entre uma degustação e outra? Quais as cervejas mais caras que vcs gostam de repetir?

Olá Marcussi,

Não sei bem se a cerveja que vou citar, marcou quando a degustei pela primeira vez, mas ilustra bem o que você disse sobre o aprimoramento do paladar:

Colorado Índica

Tomei essa cerveja logo quando comecei a degustar cervejas "especiais". E nossa, aquele amargor todo não desceu legal. Confesso que não consegui tomar toda a garrafa... Ela não é minha IPA predileta (acho que aí a briga fica entre a Anderson Valley e a Flying Dog), mas hoje já degusto essa breja com gosto.

Mas também no começo da minha aventura pelo mundo cervejeiro, eu fiz uma bela compra na Casa da Cerveja:

Rochefort 8;
Rochefort 10;
Chimay Bleue;
Westmalle Trippel;
Westmalle Dubel.

Lembro bem que havia gostado demais da Chimay, Rochefort 8, e mais ainda da Westmalle Trippel. Mas como o paladar estava engatinhando ainda, espero revisitá-las logo, para poder comparar a evolução do paladar.

Abraço!

Não posso falar em termos de avaliação, porque comecei a tomar nota das minhas impressões sobre as cervejas há pouco tempo (e minha memória não é uma das melhores coisas que existem), mas, sempre que vou ao mercado, preciso me controlar para não levar as Colorados Índica e Demoisele!

Sem duvida, brejas que antes nunca dei importancia ou no começo sem muita pratica hoje em dia eu pego e percebo coisas muito diferentes.

To doido pra tomar a Kaiser Bock exatamente por esse motivo, so tomei na minha época de BCB so por tomar e olha q foram 6 latas de uma só vez, rs.

Não é sempre que posso repetir a dose, por causa do alto custo das cervejas especiais por estas bandas. Ainda prefiro conhecer alguns rótulos, a repetir a dose, na maioria das vezes. A maioria delas se mostraram bem diferentes das minhas lembranças (não tenho uma memória das melhores, então não é de se espantar tanto).

Nesse ultimo mês tive a oportunidade de provar novamente a Strong Suffolk, uma das minhas cervejas favoritas e que acaba saindo por um preço razoável pela sua qualidade.
As Brooklyn, já tive a oportunidade de degustar várias vezes, apenas a Local 1 que acaba sendo difícil repetir a dose.
A Coopers Stout foi uma das que se saiu muito bem. Provei ela faz bastante tempo e resolvi dar uma chance por causa do ranking do Brejas. Me lembrou bastante a Baden Baden Stout.
As Eisenbahn também sempre estão na minha geladeira, mas a mais surpreendente foi a Weizenbock. Nunca tinha percebido o quanto esta cerveja é complexa e deliciosa.
Ainda tive a chance de provar a Orval, que sempre me agrada, mas a ultima se mostrou bem diferente. Acho que era uma trapista nova ainda.
Para completar tem a Fullers 1845, a minha favorita, e uma Old Ale com um alto custo benefício. Só a Vintage pra supera-la

Existe, por um lado, a questão do amargor, como o Marcus citou: o paladar vai progressivamente se acostumando com o amargor elevado de alguns estilos, de modo que passamos a gostar de cervejas que antes estranhávamos por esse motivo. Mas eu noto uma mudança ainda mais acentuada em relação a certos estilos especialmente complexos, como Belgian strong ales em geral, barleywines e old ales. Ultimamente andei bebendo de novo algumas old ales e fiquei impressionado com as coisas que eu nunca tinha percebido antes e passei a perceber, tanto que ando meio "enfeitiçado" pelas (poucas) brejas desse estilo que temos no Brasil. (engraçado, o Pedro estava escrevendo sobre as old ales ao mesmo tempo que eu escrevia esse post!)

Quando vcs revisitam uma cerveja e percebem novas sensações, costumam atualizar suas avaliações aqui no Brejas ou deixam sempre a primeira impressão que tiveram? Eu, em geral, tento sempre atualizar. Às vezes, vc percebe que foi seu paladar que mudou, mas de vez em quando (especialmente em rótulos novos) dá para pegar algumas alterações na receita ou no controle de qualidade da cervejaria.