Destaques de 2013

O ano ainda não acabou, mas acho que já dá para fazer uma retrospectiva dos principais fatos e tendências do mercado cervejeiro neste ano. Quais vocês acham que foram os aspectos mais positivos e negativos do mercado em 2013?

Positivos:

1. Inundação do mercado por novas importações. Este ano, continuando a tendência de 2012, tivemos a chegada de importações de peso-pesado. A promessa havia sido de marcas americanas, mas de novo foram as europeias que se destacaram para mim. De Struise, a invasão da De Molen, os novos rótulos da Evil Twin, Cantillon, 3 Fonteinen. Este foi um ano de cervejas ótimas e muito, muito caras no mercado nacional. Entre as mais acessíveis, destaco os novos rótulos da Founders e, num patamar intermediário, North Coast e Ballast Point. E acho que só.

Negativos:

1. Eventos cervejeiros. Achei que o ano de 2013 teve eventos desinteressantes, sem nenhum diferencial para chamar o público "beer-geek", com preços inflacionados e com poucas exclusividades. A cultura cervejeira brasileira, cada vez mais, consolida-se como uma cultura de empórios, e não de eventos, na contramão da tendência norte-americana. Para mim isso não é ruim, já que quase sempre prefiro beber com amigos não-cervejeiros e com a patroa, e os eventos cervejeiros ainda são muito pouco receptivos à vida inteligente feminina.

2. Preços. A escalada de 2012 continuou, e chegou a se intensificar agora em 2013. Os rótulos que voltaram em maior escala continuam muito caros, e as novas importações estabeleceram um preocupante patamar de preços que já se eleva acima dos R$ 50 com naturalidade alarmante. 2012 tinha mostrado uma sensível diminuição no preço das belgas mais famosas, mas essa tendência estancou (e até reverteu devido à inflação e alta do dólar). Está mais caro beber novidades cervejeiras do que beber vinho!

3. Produção nacional. As cervejarias nacionais estão tímidas em seus lançamentos, seja na quantidade deles, seja na ousadia, e estão perdendo o bonde do mercado, perdendo espaço para as importadas. Para piorar, as novas modas cervejeiras de 2013 não beneficiaram nossas cervejarias. Os novos lançamentos de estilos em alta, como American IPA ou saison, ainda mostram qualidade medíocre se compararmos com os exemplares importados - que muitas vezes vêm mais baratos, inclusive. Não tenho tido vontade de acompanhar lançamentos nacionais. Acho que a reorientação da produção de estilos alemães (que eram tradicionais no Brasil, e para o qual as cervejarias tinham know-how) para os norte-americanos não está fazendo bem. Tanto é que a única cervejaria que aumentou consideravelmente a qualidade de seus lançamentos em 2013, para mim, foi a Bamberg, já que ela apostou no resgate de técnicas alemãs tradicionais.

Acho que você fez uma boa síntese do mercado nacional.

O mercado cervejeiro no Brasil ta crescendo e com isso várias cervejas internacionais estão aparecendo por aqui. Isso é muito bom mas geralmente o preço joga contra, como estamos acostumados a discutir.

Por conta disso acabei deixando passar várias cervejas que gostaria muito de beber, mas fui "out priced" desse mercado. Essa pra mim é no final das contas a vantagem das americanas em relação as europeias que apareceram por aqui.

Claro que 3F, Cantillon etc. são cervejas naturalmente mais caras, mas a 110 reais a garrafa mais barata, só dá de comprar uma aqui outra beeem acolá. Por outro lado as americanas, apesar de ter vários exemplos de cervejas mais caras que o padrão, entre preços proporcionalmente menores e promoções deu pra comprar com alguma frequência cervejas de boa ou ótima qualidade.

Mas é claro que se restringindo à qualidade, chegaram muito mais europeias de ótima qualidade que americanas.

Já no mercado nacional, realmente só vejo pontos negativos. O preço é maior que as importadas e a qualidade é pior. Algo está errado, mas eu não sei se voltar às alemãs é o caminho. Existe uma demanda pros estilos americanos que eu acho que precisa ser coberta. É claro que isso não significa que devam deixar de lado as outras, muito pelo contrário. Há espaço pra tudo.

Concordo com boa parte do texto, mas sobre os eventos cervejeiros, pelo menos pra quem é do RS era raro ter algo legal até ano passado. Já esse ano foi quase um por mês. E acredito que pelo sucesso dos mesmos (já que começou com poucas cervejas e no último já passou dos duzentos) tudo tende a ter um 2014 repleto de boas cervejas aqui.

Claro que não teve nada de "exclusividade", mas sim uma boa qualidade nos rótulos oferecidos, com alguns até difíceis de encontrar.

Concordo plenamente com o Alexandre Marcussi.

Marcussi sempre muito objetivo.

Sobre eventos, como negativo o cancelamento do beer experience, salvo engano edição de Brasília. Até o momento não vi nenhuma explicação oficial, apenas comentários que colocaram em um local caro e que a procura por ingressos foi pouca. O esse ia ser em BH mas mudou pra 2014, ou seja, não ocorreu nem em um lugar nem outro.

Os preços ainda complicam bastante, a escalada que o Marcussi falou assusta por vezes. A produção nacional tb poderia ser melhor, mas ai não sei se por conta de impostos ou nao -acredito e espero que sim- os preços das nacionais realmente sao mt maiores que importações, ai fica difícil "Support Your Local Brewery" hehe

O "xará" sempre mandando bem em suas analises.

De fato, são poucos os pontos positivos no ano - basicamente vejo com bons olhos a quantidade/qualidade de ofertas que chegaram e mais do que isso, a mudança de mentalidade do publico em geral. Encontro com mais pessoas (anteriormente "cegadas pelo milho"...rsrs)que estão buscando melhores copos ... logico, estamos muito longe do ideal, mas ja é um começo ...

E falando de algo pessoal, pra mim foi um ano excelente na questão de me aprofundar mais no mercado ... inclusive fazendo atualmente negocios com cervejas especiais.

Agora pontos negativos temos um bocado:

- Valores exorbitantes: por mexer direto com as importadoras e distribuidores, vejo como os pontos de vendas (fisicos/on line) estão lucrando, com valores que, em alguns casos, batem os 150/200%. Alias, o valor alto ja vem direto das importadoras ... é uma cadeia que nao tem fim, e quem paga a conta somos nós.

- Eventos: classifico o ano em SP como "mediocre". Pode ate ser que no Sul a coisa foi melhor, mas por aqui ... pessimo. Localização, ofertas, valores, publico .... tudo deixou a desejar. Creio que o mercado ainda carece de formatos menores e mais especificos, inclusive para "iniciar" esse novo publico que esta chegando - estao bebendo bem, mas sem conhecimento basico ...

- Brasil: ano de "preguiça" e achar que somos bestas. Fora meia duzia de cervejarias que realmente inovam, o que temos são empresas sem criatividade, que buscam imitar o mercado americano ... ate ai, ok ... mas padecem de qualidade e competitividade, ja que, como bem comentado, estamos falando de cervejas "piores" e mais caras.

Não entra na minha cabeça os altos preços ... como uma cerveja que tem que viajar milhares de kms, entrar no pais, pagar todos os impostos, ir para as importadoras e depois para os pontos de venda ... consegue ser mais barata que as daqui ... e com a qualidade melhor?!?!? Essa conta não bate.

Enfim ... esperamos que dias melhores cheguem.