Um grande avanço no cenário brasileiro!

Caro Marcelo, ganhei o dia com a sua declaração, valeu !

Me esforço bastante nesse sentido sim, de não ficar chovendo no molhado. O fato de estar começando como homebrewer me ajuda pela experiência prática e atrapalha... por causa do conflito de interesses. Mas vamos que vamos.

O Roberto Fonseca tem mais tempo de estrada, e nossos perfis são bem distintos, acho até que complementares em certo sentido. O blog dele é leitura obrigatória pra quem gosta do tema.

Alexandre Marcussi escreveu: Eu gostaria de ver alguma mobilização em torno da possibilidade de liberação da fermentação espontânea. Entendo que o uso de leveduras e bactérias de laboratório para se fazer uma "lambic inoculada" deve ser permitido, mas não sei se o método tradicional belga, com inoculação pelo ar sem esterilização, seria uma possibilidade viável dentro da nossa legislação.

Os locais onde são feitas lambicas tradicionais são bastante "sujos" não?
Como a legislação Belga trata esses lugares? Existe lá uma legislação que permite essa falta de esterilização em algum lugar onde se faz um produto que será consumido????

André Rodrigues escreveu:

Alexandre Marcussi escreveu: Eu gostaria de ver alguma mobilização em torno da possibilidade de liberação da fermentação espontânea. Entendo que o uso de leveduras e bactérias de laboratório para se fazer uma "lambic inoculada" deve ser permitido, mas não sei se o método tradicional belga, com inoculação pelo ar sem esterilização, seria uma possibilidade viável dentro da nossa legislação.

Os locais onde são feitas lambicas tradicionais são bastante "sujos" não?
Como a legislação Belga trata esses lugares? Existe lá uma legislação que permite essa falta de esterilização em algum lugar onde se faz um produto que será consumido????

É simples, o álcool mata tudo que tenta crescer lá dentro

André Rodrigues escreveu: Os locais onde são feitas lambicas tradicionais são bastante "sujos" não? Como a legislação Belga trata esses lugares? Existe lá uma legislação que permite essa falta de esterilização em algum lugar onde se faz um produto que será consumido????

É uma questão delicada, mesmo na Bélgica. A legislação que regula isso não é belga, mas sim da União Europeia. Em teoria, os espaços produtivos onde são manipulados alimentos deveriam ter as superfícies porosas (cerâmica, madeira, tijolo) impermeabilizadas com pintura ou azulejamento. Isso prejudicaria a inoculação do mosto das lambics pelas leveduras e bactérias necessárias à produção da cerveja seguindo o método tradicional do koelschip (resfriamento aberto).

Contudo, ocorre que a fiscalização fica a encargo dos órgãos nacionais competentes. Existe uma associação chamada HORAL, que reúne a maior parte dos produtores tradicionais de lambic, que tem agido junto ao governo belga, tendo tido algum sucesso em convencer as autoridades de que, no caso da produção de lambics, o uso de superfícies porosas é uma exigência tradicional que, se não cumprida, descaracterizaria o método de produção.

Marcussi, mas lá tem essa defesa da cultura e do processo histórico.
Não vejo por aqui um bom embasamento pra uma defesa de produção assim.
Será que tem alguma cervejaria, fora a Canoinhense, que fermenta alguma cerveja de forma espontânea? Sei que a Canoinhense inocula o fermento, mas também tem um pouco de espontâneo no processo.

MARCELO RICARDO MONICH escreveu: Marcussi, mas lá tem essa defesa da cultura e do processo histórico.
Não vejo por aqui um bom embasamento pra uma defesa de produção assim.

O embasamento, nesse caso, seria simplesmente o princípio da isonomia. Se uma lambic pode ser vendida livremente no Brasil, então seria natural que ela pudesse também ser produzida aqui. É o que tem embasado a discussão em torno da liberação de ingredientes de origem animal nas brejas.