As melhores de 2013!

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11 anos 4 meses atrás - 11 anos 4 meses atrás #51545 por Alexandre Almeida Marcussi
Vamos lá, galera! Passado o réveillon, é hora de elegermos as 10 melhores cervejas que cada um de nós provou/descobriu/revisitou durante 2013. Foi um ano de mercado aquecido e ótimos rótulos, então será uma boa oportunidade para sabermos o que vale a pena comprar dentre tudo o que veio ao Brasil no ano passado. Para mim, este foi um ano muito marcado pela exploração das lambics e sour ales por conta do meu blog, então boa parte dos meus destaques vai nessa linha.

Cantillon Cuvée Saint-Gilloise: extraordinária lambic com dry-hopping de lúpulos Hallertauer frescos, une o melhor dos dois mundos: a acidez apetitosa e os aromas rústicos, animais e terrosos da fermentação espontânea, com o amargor fino e refrescante e os aromas cítricos, herbais e apimentados do lúpulo. Passamos a ter no Brasil no final do ano, mas o preço não é tão amigável quanto o líquido.

Cantillon Grand Cru Bruocsella: lambic de 3 anos de idade, engarrafada pura e sem blendar. Surpreendentemente gentil, com uma doçura licorosa insuspeitada e aromas de frutas maduras e baunilha que tomam a dianteira à frente dos traços animais. Imensa complexidade de aromas que vão se abrindo em camadas. Aproxima-se muito do perfil de vinho Chardonnay buscado pelos produtores de lambic. Corpo leve, poderia ter um pouquinho mais de taninos talvez. Chegou ao Brasil por um preço alto, mas proporcional ao quanto custa na origem. Vale investir.

Mikkeller/Grassroots Wheat is the New Hops: IPA americana colaborativa, com fermentação primária e secundária feita por leveduras do gênero Brettanomyces. Acidez acética e aroma animais sutis, mas o cítrico-herbal do lúpulo se mistura aos frutado-terroso das leveduras para criar novos horizontes de frescor. Linda e inovadora, e chegou ao Brasil e um preço acessível.

Oud Beersel Bzart Lambiek 2009: uma lambic jovem, de um ano de idade, finalizada pelo método champenoise, com mais um ano de maturação sobre leveduras de espumantes. Classuda. Frutas frescas, flores e toques animais em equilíbrio, com aquele tostadinho típico de espumantes. Nem tão ácida quanto uma lambic, nem tão doce quanto outras bières brut, transita com charme entre o mundo das ales, lambics e vinhos. Espantosamente cara.

The Bruery Oude Tart: reinterpretação ianque de uma Flanders red ale sem blendar, que matura em carvalho por 18 meses. Frutas escura, couro, vinho do Porto, madeira, baunilha e mofo se fundem num torvelinho. Ácida, seca, mas com uma doçurinha final de malte para equilibrar. Uma obra-prima, mostra o que de melhor os EUA podem fazer pelas sour ales.

The Bruery Black Tuesday: imensa imperial stout de 19% de álcool, envelhecida por mais de um ano em barris de bourbon. Pesada, impactante, com enorme doçura de licor e um final com amargor crescente para equilibrar. Baunilha, frutas escuras e licorosas e torrado em perfeita harmonia. Para dividir uma garrafa em várias pessoas.

Stone IPA: IPA americana modelar, de equilíbrio, drinkability e frescor incomparáveis. O aroma é fortemente herbal, fresco, com alguma citricidade. Amargor intenso, mas fino e limpo, muito refrescante e apetitoso. Levemente cremosa, com o malte naquela proporção exata para equilibrar sem enjoar. Depois dela, fiquei muito exigente em relação a IPAs.

De Molen Hel & Verdoemenis Misto Bourbon Barrel Aged: uma versão levemente mais forte da extraordinária Hel & Verdoemenis, envelhecida em barris de bourbon novos e usados e blendada. Impecável. Sorvete de chocolate, torrado, caramelo, baunilha e frutas escuras em equilíbrio de fazer inveja a qualquer sobremesa de chocolate. Corpo grosso, licoroso e sedoso sem ser melado. Difícil botar defeito, a não ser o preço irreal com que chegou ao Brasil. Vale mais comprar a ótima versão sem madeira.

Dupont Avec les Bons Voeux: saison comemorativa de ano novo da Dupont. Seca, muito bem atenuada, elegantemente austera, começa seca e amarga na boca e finaliza ácida e picante, como uma boa saison. Menos frutas do que na saison regular da cervejaria, com aromas animais, herbais e florais em destaque. Elegantérrima, substitui com tranquilidade um bom espumante. Temos no Brasil, é cara, mas faz valer o dinheiro para quem é fã do estilo.

Harviestoun Ola Dubh Special Reserve 40 (2,5 anos de guarda): o que já era incrível ficou incrível e meio. Aromas de couro e madeira, defumação de turfa que se casa com a doçura para lembrar copa defumada, toques de grãos de celeiro tostados, caramelo e chocolate e uma fruta madura que a enobrece diante de suas irmãs da linha. Uma leve licorosidade de evolução. Tudo impecavelmente bem integrado. A Ola Dubh é, na minha opinião, a melhor linha de wood-aged que temos no Brasil.

Muita coisa boa teve de ficar de fora, mas esses seriam os meus destaques do ano. E vocês? Daqui a pouco escrevo sobre as minhas preferidas nacionais de 2013...

EDIT: postei na categoria errada por engano, mas já notifiquei o moderador para ele migrar o tópico.

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Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
Ultima edição: 11 anos 4 meses atrás por Alexandre Almeida Marcussi.
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11 anos 4 meses atrás - 11 anos 4 meses atrás #51547 por Alexandre Almeida Marcussi
Agora, os meus destaques entre as nacionais. 2013 foi um ano xoxo para as cervejas nacionais, com poucos lançamentos realmente bons e inovadores e muitas cervejas medíocres seguindo a esteira da moda de IPAs americanas. Alguns rótulos antigos reaparecem nesse meu top10 de 2013, pois eu muitas vezes preferi o seguro ao incerto.

Pagan Dragon's Blood Wine: barleywine inglesa composta por um blend em que metade matura com madeira (chips, presumivelmente). Muito malte-caramelo e frutas vermelhas (sobretudo cerejas) misturadas a traços claros da madeira que lembram um vinho tinto (cedro, chocolate, resina queimada). Ainda não é tudo o que uma wood-aged barley wine pode ser, mas é um belo lançamento.

Bamberg Caos: uma das melhores nacionais do mercado, com folga, e com preço bem atraente. Muita fruta madura, caramelo, um toque lácteo que me fez lembrar iogurte de morango (não faço ideia de onde veio isso) e um café-com-leite encantador que a Bamberg tem conseguido colocar em suas cervejas escuras depois da troca do equipamento. Doce, mas com amargor equilibrado no final seco.

Bodebrown/Stone Cacau IPA: provavelmente a melhor American IPA feita no Brasil. O lúpulo predomina claramente sobre o cacau (o que me decepcionou um pouco) com mousse de maracujá e ervas perfumadas que abrem espaço para pêssegos maduros, sem que ela perca o encanto do aroma depois de um tempo (um dos maiores erros das IPAs nacionais). Doce, mas sem exagero, com final amargo e oleoso que não incomoda. Irrealmente cara, não dá para repetir.

Bamberg Bambergerator Doppelbock: sazonal de inverno afinada e bem-resolvida, seca e perigosamente fácil de beber para o estilo. Amargor forte e impactante a torna menos indulgente do que a média do estilo, e os aromas de malte levemente tostado se combinam com frutas em boa harmonia.

Bodebrown 4 Blés: não é uma cerveja perfeita e nem afinadinha, mas ganhou o meu destaque pela ousadia em um ano muito conservador no mercado nacional. Begian dark strong ale feita com 4 tipos de trigo (incluindo defumado). Salgada, seca, ácida, "esquisita" mesmo, com aromas defumados e acéticos ao lado do frutado e das especiarias típicas do estilo.

Invicta Imperial Stout: stout marcante, pesadona, doce e cheia de sabor, com bom custo-benefício. Chocolate ao leite pesado e caramelo se unem a figos secos e frutas vermelhas. Densa, viscosa e oleosa na boca. Para encerrar uma noite indulgente.

2 Cabeças Hi-5 Black IPA: uma das melhores IPAs nacionais, une o torrado do malte com o frescor herbal e frutado do lúpulo na proporção correta, sem descaracterizar o fato de ser uma IPA e nem deixar a torrefação desaparecer. Boa surpresa, mas está muito cara.

Wensky Drewna Piwa: provei esta old ale espetacular antes do lançamento oficial, e ela era um blend entre uma parte envelhecida com chips e carvalho e outra envelhecida em barris. O rótulo novo, contudo, menciona apenas os chips, será que mudou? Se mudou, será uma pena. A versão anterior tinha uma intrigante complexidade de maltes doces, castanhas, chocolate, e os toques mentolados, minerais, abaunilhados e amadeirados da maturação. Precisarei provar a nova versão.

Colorado Vixnu: volta aos destaques do ano em 2013 e se consolida como minha escolha de sempre para uma double IPA nacional. Aroma alegre e festivo, com muito caramelo, geleia, ervas frescas e frutas tropicais. Pende decididamente para o lado mais doce do estilo, mas sem ficar enjoativa.

Eisenbahn Weizenbock: entra ano, sai ano, e esta cerveja continua sendo o melhor custo-benefício do mercado (a Kaiser Bock é hors concours, OK?), na minha opinião. Banana caramelada e um toque mais discreto de cravo, com deliciosa doçura e uma suave acidez. No dia em que tivermos um rótulo dessa categoria custando menos de R$ 8, a gente volta a conversar sobre custo-benefício.

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Ultima edição: 11 anos 4 meses atrás por Alexandre Almeida Marcussi.
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11 anos 4 meses atrás #51549 por Claudinei  
Respondido por Claudinei   no tópico As melhores de 2013!
2013 foi um ano em que não estive muito motivado para tantas "descobertas". Mesmo assim, farei um humilde resumo:

- Anchor (Steam Beer / Liberty Ale) e Brooklyn (Lager / Brown Ale / East IPA): Americanas de muita qualidade, nota-se a ênfase e a boa presença de lúpulos em todas elas e o final relativamente seco, sem aquela doçura excessiva que compromete a drinkability. Os yankees, definitivamente, sabem fazer cerveja!

- Boon Kriek: Saborosa e muito refrescante, porém radicalmente diferente de tudo que já provei em matéria de cerveja. Acidez pronunciada (até aí ok, já era esperado), mas a adição de cereja e açúcar contribuiu para deixá-la com uma cara muito "artificial"...

- Paulaner Salvator: Gostei muito dessa alemã! Forte, encorpada (licorosa até), é ótima para ser saboreada num clima mais frio. A carga pesada de maltes (caramelo, leve torrado) combinada com o fraco caráter de lúpulo reduzem sua drinkability... mas quem se preocuparia com isso numa doppelbock? Essa cerveja faz jus ao apelido de "pão líquido"!

- Karavelle (toda a linha): No geral, gostei das cervejas. Estiveram mais ou menos dentro do que eu esperava de cada uma. Somente a Keller que me causou uma certa estranheza, devido à acidez muito pronunciada... :blink:

- Rochefort 8, Westmalle Tripel, La Trappe Dubbel, Tripel e Quadrupel, Maredsous 6, 8 e 10, Leffe Blonde: Não poderia faltar a revisita a algumas cervejas trapistas/de abadia que eu adoro, e que ainda fazem minha cabeça. Cada uma com seu encanto em particular, seja ela mais cítrica/condimentada, mais encorpada/licorosa, com mais traços de torrefação ou frutas escuras, ou mais fenólica... vida longa a todas as belgian strong ales!

- Kaiser Bock: Bebi bastante dela ano passado. Não me decepcionou. É disparado O MELHOR custo-benefício do Brasil.

Alexandre Almeida Marcussi escreveu: Cantillon Cuvée Saint-Gilloise: extraordinária lambic com dry-hopping de lúpulos Hallertauer frescos, une o melhor dos dois mundos: a acidez apetitosa e os aromas rústicos, animais e terrosos da fermentação espontânea, com o amargor fino e refrescante e os aromas cítricos, herbais e apimentados do lúpulo. Passamos a ter no Brasil no final do ano, mas o preço não é tão amigável quanto o líquido.


Esta resenha, particularmente, me chamou a atenção. Lambic com dry-hopping??? :woohoo: E eu que pensava que o lúpulo (normalmente envelhecido) só entrava nas lambics como conservante, sem grandes preocupações com suas características aromáticas e de sabor... estaria a Cantillon se modernizando/atualizando, Marcussi?
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11 anos 4 meses atrás #51550 por Mauro Ruellas
Respondido por Mauro Ruellas no tópico As melhores de 2013!
Entre as que bebi e degustei em 2013,vou destacar 10,segue a lista:
-De Mollen Donder & Bliksem
-Belgoo Magus
-Dama Indian Lady
-Brewdog Hardcore IPA
-Fouders Dirty Bastard
-Fouders Centennial IPA
-Colorado Vixnu
-Achel Blond
-Wals 42
-Czechvar Dark.
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11 anos 4 meses atrás - 11 anos 4 meses atrás #51551 por Alexandre Almeida Marcussi

Claudinei   escreveu: Lambic com dry-hopping??? :woohoo: E eu que pensava que o lúpulo (normalmente envelhecido) só entrava nas lambics como conservante, sem grandes preocupações com suas características aromáticas e de sabor... estaria a Cantillon se modernizando/atualizando, Marcussi?


Sim, só se usa lúpulo envelhecido (entre 1 e 5 anos) na brassagem das lambics. A exceção é um outro rótulo da Cantillon chamado Iris, que emprega lúpulos frescos e não leva trigo. Mesmo sem usar lúpulos frescos, há produtores que agregam, sim, aromas e características de lúpulo às suas lambics, como é o caso da Oud Beersel (que usa lúpulos relativamente menos envelhecidos).

Essa Cuvée Saint-Gilloise é feita como uma fruit lambic, mas a "fruta", no caso, são as flores de Hallertauer, saca? O lúpulo da brassagem é envelhecido, como em todas as outras, mas o lúpulo fresco é usado na maturação. A ideia que a gente normalmente tem de que os produtores de lambics não estão interessados em se modernizar não é verdadeira. Há diversos produtores experimentando coisas novas, e a Cantillon se destaca por sempre fazer vários experimentos com novas frutas, variações no processo etc.

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Ultima edição: 11 anos 4 meses atrás por Alexandre Almeida Marcussi.
Os seguintes usuário(s) disseram Obrigado: João Azevedo
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11 anos 4 meses atrás #51552 por João Azevedo
Respondido por João Azevedo no tópico As melhores de 2013!
Realmente 2013 foi um ano que degustei / provei / bebi muita cerveja, muitas delas felizmente muito boas, algumas nem tanto. As melhores estrangeiras para mim (sem ordem, pois não entrei em acordo comigo ainda):
- Cantillon Iris
- Russian River Pliny the Elder
- Struise Black Albert
- Stone IPA
- BrewDog Tactical Nuclear Penguin
- Fantôme Brise Bon Bons!
- Founders Backwoods Bastard
- Eviltwin Imperial Biscotti Break
- Rodenbach Caractére Rouge
- Sierra Nevada Torpedo Extra IPA

Listei essas 10, mas eu listei 50 e continuo em dúvida. Assim, foi mais de momento. É isso!
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