Vamos lá, galera! Passado o réveillon, é hora de elegermos as 10 melhores cervejas que cada um de nós provou/descobriu/revisitou durante 2013. Foi um ano de mercado aquecido e ótimos rótulos, então será uma boa oportunidade para sabermos o que vale a pena comprar dentre tudo o que veio ao Brasil no ano passado. Para mim, este foi um ano muito marcado pela exploração das lambics e sour ales por conta do meu blog, então boa parte dos meus destaques vai nessa linha.
Cantillon Cuvée Saint-Gilloise: extraordinária lambic com dry-hopping de lúpulos Hallertauer frescos, une o melhor dos dois mundos: a acidez apetitosa e os aromas rústicos, animais e terrosos da fermentação espontânea, com o amargor fino e refrescante e os aromas cítricos, herbais e apimentados do lúpulo. Passamos a ter no Brasil no final do ano, mas o preço não é tão amigável quanto o líquido.
Cantillon Grand Cru Bruocsella: lambic de 3 anos de idade, engarrafada pura e sem blendar. Surpreendentemente gentil, com uma doçura licorosa insuspeitada e aromas de frutas maduras e baunilha que tomam a dianteira à frente dos traços animais. Imensa complexidade de aromas que vão se abrindo em camadas. Aproxima-se muito do perfil de vinho Chardonnay buscado pelos produtores de lambic. Corpo leve, poderia ter um pouquinho mais de taninos talvez. Chegou ao Brasil por um preço alto, mas proporcional ao quanto custa na origem. Vale investir.
Mikkeller/Grassroots Wheat is the New Hops: IPA americana colaborativa, com fermentação primária e secundária feita por leveduras do gênero Brettanomyces. Acidez acética e aroma animais sutis, mas o cítrico-herbal do lúpulo se mistura aos frutado-terroso das leveduras para criar novos horizontes de frescor. Linda e inovadora, e chegou ao Brasil e um preço acessível.
Oud Beersel Bzart Lambiek 2009: uma lambic jovem, de um ano de idade, finalizada pelo método champenoise, com mais um ano de maturação sobre leveduras de espumantes. Classuda. Frutas frescas, flores e toques animais em equilíbrio, com aquele tostadinho típico de espumantes. Nem tão ácida quanto uma lambic, nem tão doce quanto outras bières brut, transita com charme entre o mundo das ales, lambics e vinhos. Espantosamente cara.
The Bruery Oude Tart: reinterpretação ianque de uma Flanders red ale sem blendar, que matura em carvalho por 18 meses. Frutas escura, couro, vinho do Porto, madeira, baunilha e mofo se fundem num torvelinho. Ácida, seca, mas com uma doçurinha final de malte para equilibrar. Uma obra-prima, mostra o que de melhor os EUA podem fazer pelas sour ales.
The Bruery Black Tuesday: imensa imperial stout de 19% de álcool, envelhecida por mais de um ano em barris de bourbon. Pesada, impactante, com enorme doçura de licor e um final com amargor crescente para equilibrar. Baunilha, frutas escuras e licorosas e torrado em perfeita harmonia. Para dividir uma garrafa em várias pessoas.
Stone IPA: IPA americana modelar, de equilíbrio, drinkability e frescor incomparáveis. O aroma é fortemente herbal, fresco, com alguma citricidade. Amargor intenso, mas fino e limpo, muito refrescante e apetitoso. Levemente cremosa, com o malte naquela proporção exata para equilibrar sem enjoar. Depois dela, fiquei muito exigente em relação a IPAs.
De Molen Hel & Verdoemenis Misto Bourbon Barrel Aged: uma versão levemente mais forte da extraordinária Hel & Verdoemenis, envelhecida em barris de bourbon novos e usados e blendada. Impecável. Sorvete de chocolate, torrado, caramelo, baunilha e frutas escuras em equilíbrio de fazer inveja a qualquer sobremesa de chocolate. Corpo grosso, licoroso e sedoso sem ser melado. Difícil botar defeito, a não ser o preço irreal com que chegou ao Brasil. Vale mais comprar a ótima versão sem madeira.
Dupont Avec les Bons Voeux: saison comemorativa de ano novo da Dupont. Seca, muito bem atenuada, elegantemente austera, começa seca e amarga na boca e finaliza ácida e picante, como uma boa saison. Menos frutas do que na saison regular da cervejaria, com aromas animais, herbais e florais em destaque. Elegantérrima, substitui com tranquilidade um bom espumante. Temos no Brasil, é cara, mas faz valer o dinheiro para quem é fã do estilo.
Harviestoun Ola Dubh Special Reserve 40 (2,5 anos de guarda): o que já era incrível ficou incrível e meio. Aromas de couro e madeira, defumação de turfa que se casa com a doçura para lembrar copa defumada, toques de grãos de celeiro tostados, caramelo e chocolate e uma fruta madura que a enobrece diante de suas irmãs da linha. Uma leve licorosidade de evolução. Tudo impecavelmente bem integrado. A Ola Dubh é, na minha opinião, a melhor linha de wood-aged que temos no Brasil.
Muita coisa boa teve de ficar de fora, mas esses seriam os meus destaques do ano. E vocês? Daqui a pouco escrevo sobre as minhas preferidas nacionais de 2013...
EDIT: postei na categoria errada por engano, mas já notifiquei o moderador para ele migrar o tópico.