Será que as cervejarias Belgas são as melhores?

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12 anos 1 mês atrás - 12 anos 1 mês atrás #45290 por Alexandre Almeida Marcussi

Clésio Gomes Mariano escreveu: Já ouvi que as wild ales da Russian River são excelentes, seria esse um dos exemplos?


Sim, esse talvez seja um dos exemplos mais lisonjeiros para os americanos. Eu bebi três wild ales da Russian River: a Temptation, a Supplication e a Consecration (sendo a última a melhor delas, para mim). São boas cervejas, mas, para mim pelo menos, elas têm acidez de mais e elegância e complexidade de menos, se comparadas às melhores cervejas selvagens belgas. Em primeiro lugar, essas Russian River são inoculadas, e não fermentadas espontaneamente. Em segundo lugar, elas passam entre 9 e 15 meses em barris. Não tem como ter a complexidade de uma oude gueuze belga, que tem uma parte que passa pelo menos 3 anos no barril. Acho que os americanos estão no caminho, mas ainda não sei se eles produzem cervejas selvagens do porte de cervejarias como a Cantillon ou a Girardin. Mas outro dia bebi uma ótima no estilo Flanders red ale, a The Bruery Oude Tart. Muito diferente das belgas (oxidação bem mais evidente), mas muito agradável e surpreendente. Parecia um cruzamento entre uma old ale e uma Flanders red.

No caso das cervejas "de abadia", também ainda não tomei uma americana tão complexa e misteriosa quanto as clássicas belgas. Um dos motivos que o Stan Hieronymus, autor de Brew Like a Monk, elenca para isso é que muitas cervejarias americanas ainda não conseguem aceitar tranquilamente a enorme proporção de adjuntos que os belgas usam, e preferem fazer receitas puro-malte que acabam não tendo o mesmo caráter. Acho que os americanos se destacam mais quando eles pegam esses estilos belgas e inventam algo novo em cima, e não quando eles tentam reproduzir fielmente os modelos belgas. Mas também não posso falar muito, pois conheço apenas uma pequena parte das cervejas americanas de inspiração belga. É só que, até agora, elas ainda não me fisgaram.

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Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
Ultima edição: 12 anos 1 mês atrás por Alexandre Almeida Marcussi.
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12 anos 1 mês atrás #45291 por fernando pereira frassetto
Emerson, sua pergunta não tem resposta, pelo simpels motivo de que não se avalia uma escola cervejeira pela quantidade de cervejarias que ponteiam rankings, mas por tantas variáveis, muitas das quais subjetivas, que tornam impossível a afirmação "tal escola é MELHOR do que a aquela". As escolas inglesa, franco-belga, germânica (incluindo-se aí a tcheca) e americana realmente se destacam por sua história, importância, qualidade dos produtos, criatividade...daria para enumerar um sem número de justificativas, e um apreciador pode preferir uma delas simplesmente por seus estilos/rótulos.
Todas as escolas tem seu valor, aproveite de todas elas sem tentar fazer comparações que no fundo são impossíveis.
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12 anos 1 mês atrás #45293 por Roberto Cardoso
Pra dizer a verdade as marcas que mais gosto são da Alemanha e Republica Tcheca.

Me avise um pouco antes de o mundo acabar, para eu tomar a saideira.
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12 anos 1 mês atrás #45294 por Marcelo Vodovoz
não pára de chegar importação nova de breja belga. muitas eu nem provei, dezenas de blonds e brunes e wits que a princípio nao trazem nada de novo. Quanto as lambics, sours, nao sao muito a minha praia. dessas ultimas importações fico só com as st. bernardus.
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12 anos 1 mês atrás #45309 por Claudinei  

Alexandre Marcussi escreveu: muitas cervejarias americanas ainda não conseguem aceitar tranquilamente a enorme proporção de adjuntos que os belgas usam, e preferem fazer receitas puro-malte que acabam não tendo o mesmo caráter.


E eu achava que isso seria exclusividade de cervejarias alemãs e tchecas. E da nossa Eisenbahn... :woohoo:
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12 anos 1 mês atrás #45312 por Alexandre Almeida Marcussi

Claudinei   escreveu: E eu achava que isso seria exclusividade de cervejarias alemãs e tchecas. E da nossa Eisenbahn... :woohoo:


:laugh:

Pois é, Claudinei, a Eisenbahn Strong Golden Ale é um ótimo exemplo de como uma cerveja "belga" puro-malte pode acabar ficando totalmente off-style. Algumas americanas também preferem fazer receitas puro-malte, ou usar os açúcares apenas como uma adição pequena, como se fosse uma "especiaria".

Algumas cervejarias belgas usam até 30% de adjuntos, o que é uma imensidade (lembrando que as nossas American lagers mais baratas supostamente giram em torno de 45% de adjuntos). Mas também tem cervejarias belgas que fazem ales fortes puro-malte, embora sejam exceções. A Abbaye des Rocs Brune, por exemplo, alega ser puro-malte (embora seja muito bem atenuada).

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