Será que as cervejarias Belgas são as melhores?

Alexandre Marcussi escreveu: Pois é, Claudinei, a Eisenbahn Strong Golden Ale é um ótimo exemplo de como uma cerveja "belga" puro-malte pode acabar ficando totalmente off-style.

Eu tenho a impressão, Marcussi, que no caso específico da Eisenbahn ocorreu uma espécie de "conflito". É uma micro que nasceu com grande inspiração germânica (sem desmerecer a influência de americanas como a Samuel Adams), ostentando com orgulho a Reinheitsgebot nos rótulos de suas belas reproduções de estilos alemães. Quando se aventuraram a reproduzir este clássico belga, eles não quiseram abrir mão da inscrição "lei de pureza" (como se as belgas fossem "impuras" ), e com isso optaram por uma receita puro malte usando levedura belga. Sei lá, esta é minha impressão...

De qualquer forma, continuo um grande fã e admirador desta brilhante microcervejaria e apreciador de suas crias!

Claudinei   escreveu: De qualquer forma, continuo um grande fã e admirador desta brilhante microcervejaria e apreciador de suas crias!

Eu também! A Weizenbock deles é a minha "cerveja de trabalho"! Ninguém no Brasil bate o custo-benefício da Eisenbahn, ponto final. E veja, não é que eu não goste da Strong Golden Ale: ela é saborosa, e eu a bebo com alguma frequência, mas não tem as características de uma golden strong ale como a Duvel.

Alexandre Marcussi escreveu: Eu também! A Weizenbock deles é a minha "cerveja de trabalho"! Ninguém no Brasil bate o custo-benefício da Eisenbahn, ponto final. E veja, não é que eu não goste da Strong Golden Ale: ela é saborosa, e eu a bebo com alguma frequência, mas não tem as características de uma golden strong ale como a Duvel.

Sem dúvida nenhuma eu prefiro a Duvel. A Duvel é mais cítrica e seca, embora também bastante frutada, e conta com um fino amargor que equilibra o conjunto. A Eisenbahn é bem mais doce, com um amargor baixíssimo, quase nulo, e com isso acaba ficando mais desequilibrada e com menor drinkability. Mas mesmo assim, de vez em quando me dá vontade de revisitar esta Eisenbahn. A levedura belga consegue agregar alguma complexidade ao conjunto e isso acaba se tornando um atrativo!

Claudinei   escreveu: A levedura belga consegue agregar alguma complexidade ao conjunto e isso acaba se tornando um atrativo!

A Eisenbahn Strong Golden Ale é uma das cervejas com aroma mais intenso de abacaxi em calda/butirato de etila que eu já bebi (fica até meio enjoativo em alguns lotes), e um malte fortíssimo, então parece um docinho ou bala, mas tem aquele floral perfumado "belga" legal para dar uma temperadinha. É uma breja meio "comfort food", meio "bolinho de chuva da vó", vai ver por isso é que dá vontade de beber ela de novo de vez em quando. Mas não tem nada da elegância e da secura que se esperam de uma golden strong ale.

Bom, acho que me falta experimentar muitas brejas. Americanas e Tchecas, ainda encontro poucas no mercado. Realmente, definir uma escola melhor que outra é complicado ou incorreto, cada uma tem suas excelentes cervejas dentro de sua escola. Talvez se possa dizer que uma tem mais estilos que outra ou é mais tradicional. Valeu as dicas, muita gente boa aqui neste fórum, gente que conhece do assunto; BREJAS!

Não. cervejas belgas não são as melhores, de forma absoluta. em alguns estilos, é notório que sim.

Por algum motivo elas possuem grande aceitação no mercado nacional. As vezes a entrada delas no nosso mercado tem a ver com alguma questão de logística que não com a qualidade. seria a hipótese de facilidade nos trâmites de importação e preço final.

Acho que pelas características do visual, aroma e do sabor ALGUMAS belgas se encaixaram melhor na nossa cultura. Pode ser um devaneio meu, mas a maioria dos meus conhecidos que estão acostumados com o mercado nacional acabam aceitando melhor cervejas como delirium tremens, duvel e as tripel do que as stouts e porters. Principalmente minhas amigas dos sexo feminino. Acho que os aromas florais e características frutadas são mais compatíveis com o que as pessoas aqui estão acostumadas. Isso sem falar na cor dourada das cervejas supracitadas, que se aproxima bem mais da coloração das nossas american lagers e pilsen.

Vou citar uma opinião minha concreta: não é incomum as cervejas belgas serem bem inferiores as britânicas em drinkability (o que não é sempre, é claro). Parece que a cultura britânica do pub faz com que eles projetem as cervejas para serem ingeridas em enormes quantidades. Não é incomum uma cerveja belga ser agradável somente na quantidade de uma garrafa, ou quando posicionada de certa forma em alguma degustação com outros rótulos. Isso não é, necessariamente, uma falha no estio, mas pode servir como um ponto negativo em certas situações.

com relação as escolas Estadunidenses, na minha opinião é questão de tempo até eles definitivamente superarem boa parte dos outros países nos estilos nativos. Atualmente muito do que impede que eles adquiram um status maior no mercado é o olhar já viciado dos jurados e do mercado, o que torna ousado e arriscado afirmar que uma brooklyn ou anchor sejam melhores do que uma trappista.

o mercado artesanal americano, falo especialmente da califórnia, é MUITO aberto à experimentação. é comparativamente fácil se lançar e ir vagarosamente aperfeiçoando uma cerveja lá.

e de certa forma, se cerveja americana há um tempo atrás era sinônimo de porcaria, hoje em dia só aqueles que não estão atualizados com as novidades cometem tal erro.

O próprio desenvolvimento do estilo IPA comprova isso.