Oxidação e garrafas verdes.

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15 anos 2 meses atrás #2082 por Tom Adamenas
Caros, é o seguinte:

Desde que passei a me importar minimamente com o gosto de uma cerveja, sempre associei a Heineken com um aroma e gosto muito forte de alguma coisa que nunca soube o que era. Depois de fazer paralela com algumas outras brejas, cheguei a conclusão de que se tratava de lúpulo, bastante lúpulo!

Continuei bebendo, as vezes melhor, as vezes pior, as vezes comparando com opiniões alheias e as vezes com minha própria memória. Acabou que sempre acabei fazendo algum paralelo sensorial entre as seguintes cervejas: Heineken, Stella Artois, Sol (a versão mexicana), Beck's, Dos Equis e, desde agora pouco :laugh: , com a Hollandia. Sendo "melhor" ou "pior" alguma dessas brejas, sempre me veio algo em comum entre elas e que eu sempre acabei remetendo ao lúpulo.

No entanto, um dia desses fuçando Brejas adentro, li as elucidativas impressões do Alexandre Marcussi sobre a Heineken e me veio a cabeça que o único padrão entre essas brejas, além do fato de serem premiuns (e aqui há controvérsias quanto a qualidade de algumas delas), é a cor da garrafa. Todas são verdes, a excessão da Sol que é transparente, conferindo um possibilidade de infiltração luminosa muito grande pra essas brejas, podendo elas terem bem "padronizado" esse carater oxidado.

Não sei, foi uma impressão que tive depois de tomar uma Hollandia e começar a ligar os pontinhos.

Acham que é só uma teoria de conspiração? :P
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15 anos 2 meses atrás #2087 por Alexandre Almeida Marcussi
Não, Tom, nada de teoria da conspiração: acho que vc simplesmente acaba de descobrir o que é o aroma de oxidação do lúpulo pela luz. B) Realmente, essa é a característica sensorial que mais salta aos sentidos na Heineken da garrafa verde, por exemplo. Basta tomar um chope ou latinha de Heineken (que não tem esse aroma) e vc vai perceber na hora a diferença. Trata-se de um componente químico com o nome paquidérmico de 3-metil-2-buteno-1-tiol, extremamente volátil, tanto que vc sente mais intensamente assim que serve a cerveja, e depois ele vai se atenuando.

É comum que as pessoas associem essa característica a lúpulo aromático (e tem muita gente que a exalta como se demonstrasse a qualidade das matérias-primas usadas!), mas é o resultado da oxidação do lúpulo (é apenas uma das várias substâncias que surgem em decorrência de reações químicas de oxidação nas brejas). Ela ocorre em garrafas extremamente permeáveis à luz, como as de vidro verde ou transparente. Para mitigar esse problema, pode-se usar estabilizantes ou empregar variedades de lúpulo que tem sido desenvolvidas e que são menos sensíveis à luz. Mas não tem jeito: a garrafa verde pode ser charmosa, mas é mais frágil nesse quesito mesmo.

Os americanos chamam isso de "skunked beer". É possível pegar exemplares não-oxidados dessas cervejas de garrafa verde, especialmente se elas forem bem acondicionadas longe de luzes diretas. Mas, sobretudo no caso das macros, as conhecidas agruras do sistema de distribuição quase sempre nos brindam com exemplares oxidados...

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15 anos 2 meses atrás - 15 anos 2 meses atrás #2106 por Jean Chris
Respondido por Jean Chris no tópico Re:Oxidação e garrafas verdes.
Muito boa a sua explicação Alexandre, eu também associava o sabor ao lúpulo, o qual antes eu não gostava, mas fui me acostumando e hoje é a cerveja que mais bebo. Quase não encontro Heineken em lata em minha cidade, mas sempre dou preferência à garrafa; as vezes compro o Keg e imaginei que era mais suave devido ao fato de ser pressão.
Ultima edição: 15 anos 2 meses atrás por Jean Chris.
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15 anos 1 mês atrás #2231 por Jose Antonio Lopes Hipp
Seguinte moçada,

Sou novo nesse lance de oxidaçoes ae. Deixa eu ver se eu entendi bem.

Eu sempre preferi heineken garrafa a lata, mas segundo explicaçoes de nosso amigo acima, esse sabor diferente (lupulado oxidado) da garrafa em relaçao a lata tem esse resultado devido a oxidaçao pela luz correto? Eu sempre ouvi dizer que essa oxidaçao nao era boa, isso significa que minha heineken garrafa tem qualidade inferior a lata?

Alguem poderia ser mais claro ainda e me explicar isso por gentileza???
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15 anos 1 mês atrás #2232 por Alexandre Almeida Marcussi
José, há vários tipos de reações de oxidação, que ocorrem quando um composto se associa ao oxigênio (corrijam-me os químicos se não for isso). Há cervejas que "oxidam bem", como as cervejas de guarda, e há cervejas que "oxidam mal" (a maior parte).

O aroma que vc sente na sua garrafa verde de Heineken é o resultado de uma reação de oxidação que ocorre com os ácidos-alfa, que provêm do lúpulo e deixam a cerveja amarga. Agora, quem vai dizer se isso é "bom" ou "ruim" é vc. Normalmente, o 3-metil-2-buteno-1-tiol (que tem esse aroma) é considerado em off-flavor, ou seja, um aroma que não deveria estar na cerveja. Mas a Heineken transformou esse aroma em uma das marcas mais características da sua cerveja. Eu não gosto, mas cansei de ouvir pessoas que gostam. Acho que não tem essa de ser "bom" ou "ruim", tem o que vc gosta e o que vc não gosta. Como, aliás, a maioria das coisas nas cervejas... Mas que não é lúpulo aromático, não é.

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15 anos 1 mês atrás #2235 por Jose Antonio Lopes Hipp
Perfeito Alexandre, conseguiu ser mais claro que ja tinha sido anteriormente. Obrigado pela resposta, me ajudou bastante.

Eu nao sei realmente o que acontece comigo, acho que por sempre preferir tomar cervejas engarrafadas, quando comprei uma caixa semana passada de latas dessa breja, tenha estranhado bastante o aroma da mesma nesse formato.

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