Fruit Beer - Bacchus Frambozenbier - Como avaliar?

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14 anos 7 meses atrás #12453 por Marcio Rossi
Fábio (Guima) escreveu:

Tenho a impressão que a Utopias se enquadra nessa de "cerveja que não é cerveja", mas enfim, se tem malte e lúpulo na receita é cerveja, por mais estranha que possa parecer.
...


Acho que é por aí mesmo. Cerveja é definida pelos ingredientes, reconhecida pelo resultado. Dadas as imensas possibilidades de interferência no processo, temos essa gama formidável de bebidas que, em seus extremos, vão lembrar outras bebidas, como destilados, licores. espumantes de fruta. Na média, comandam o desfile nossos estimados malte e ou lúpulo, definindo a bebida na qual efetivamente pensamos quando falamos em cerveja.

As Bacchus são doces e marcadamente comandadas pelas frutas na receita. O resultado é bom, mas extremo, chegando ao ponto de, desavisadamente, acreditar que seja um espumante de fruta ao invés de cerveja.

Mas é cerveja, mereceu seu lugar no BJCP e nossa curiosidade degustativa. Eu provei de ambas e é bastante possível que passe o resto da vida sem repetir, mesmo tendo gostado. O ponto é que o apreciador de cerveja está em busca de aromas e sabores específicos.
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14 anos 7 meses atrás #12454 por Fábio Mezzomo
Eu provei a Früli em Londres, também tive a mesma impressão que vocês, não parece ser uma cerveja, talvez mais um suco com um pouco de álcool.... heheh
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14 anos 7 meses atrás #12456 por Pedro Fraga
Posso estar enganado, mas acho que as sours não tem leveduras selvagens exclusivamente. Elas tem uma fermentação primaria normal de ale e depois passam por uma fermentação láctica.

Mas não sou exatamente especialista nisso também :)
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14 anos 7 meses atrás #12461 por Michel Niwa
Caro amigo
Estou finalizando a graduação em ADM e MKT e minha tese de conclusão seria sobre Comportamento do Consumidor em relação as marcas x sabor ou seja o famoso teste cego. Gostaria de saber se o amigo teria material sobre isso ou pessoas em que poderia entrar em contado para saber mais sobre o assunto. desde já meu muito obrigado
Michel Niwa Londrina Paraná BR
email: [email protected]
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14 anos 7 meses atrás #12463 por Alexandre Almeida Marcussi
Tom, cervejas de fermentação espontânea ou com presença de leveduras do tipo Brettanomyces realmente possuem características vinificadas acentuadas, lembrando muito espumantes. A sua acidez característica contribui muito com essa impressão. O malte deve estar suavemente presente, com uma doçura que corta a acidez, mas o lúpulo normalmente é pouco identificável - inclusive, é comum que os produtores de lambics usem lúpulos extraídos há tanto tempo que já perderam suas características de aroma, porque só interessam as suas propriedades conservantes.

Mas é um estilo de cerveja, sim, e vale lembrar que, um dia no passado remoto, todas as cervejas foram mais ou menos assim. Mas também é inegável que, numa primeira experiência, lembra muito pouco uma cerveja. A minha primeira experiência entre lambics e sour ales foi uma Boon Kriek, e eu me lembro de ter gostado muito (tanto que pontuei bem no ranking), mas realmente não achei nela características de cervejas tais como eu as conhecia então. Como foi comentado aqui, de fato vale conhecer as lambics sem adição de frutas para saber o que se pode esperar das fruit lambics. Há poucos exemplos no Brasil, mas a Boon Gueuze Mariage Parfait é um deles. Outras sour ales também fornecem uma boa base de comparação. Tenho que admitir que, ultimamente, tenho gostado cada vez mais delas.

Para avaliar, acho que vale considerar as características do estilo: justamente suas características vinificadas, o equilíbrio entre a acidez e a doçura e/ou o amargor tânico característico, os aromas típicos de Brettanomyces (que vc com certeza vai saber identificar quando tomar sua segunda cerveja com esse tipo de levedura, porque é bem característico), eventualmente as características agradáveis de oxidação que podem ser percebidas em lambics (como notas de amêndoas cruas, marzipan ou terrosas) e, claro, a harmonia com que o sabor da fruta se mistura a isso tudo.

Sobre a coisa das sour ales x cervejas de fermentação espontânea, existem diferenças. As sour ales passam por uma fermentação primária com levedura do tipo ale, e só depois são expostas ("contaminadas") por bactérias ou leveduras do tipo Brettanomyces através de adição na maturação ou de uma maturação prolongada, normalmente em barris de madeira. Alguns exemplos são a Petrus Aged Pale, as Flanders red ales, as oud bruin e as saison, e mesmo a Orval. Outra coisa são as cervejas que não têm adição de levedura ale, e que são inteiramente fermentadas por bactérias (várias espécies diferentes) e por leveduras do tipo Brettanomyces. As lambics (incluindo fruit lambics) se enquadram nessa segunda categoria, e exibem ainda menos características de cervejas ale.

ocrueomaltado.blogspot.com
Porque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensar
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14 anos 7 meses atrás - 14 anos 7 meses atrás #12472 por Mauro Renzi Ferreira
É curioso que eu estava pensando sozinho sobre isso hoje: como o universo das cervejas é infinitamente intenso e variado e, por isso mesmo, tão fascinante e envolvente.

Não entendo tanto dos aspectos técnicos, mas posso me considerar um privilegiado no aspecto prático, pois já provei várias das cervejas citadas pelos confrades.

A Bacchus em questão, ainda não, mas já bebi UTOPIAS, Boon Gueuze Mariage Parfait, Petrus Aged Pale, Orval e St. Louis Framboise, todas elas do seu modo, muito difeentes das "cervejas padrão" (talvez a Orval nem tanto). E logo vou provar a Skol 360°, talvez a mais "não-cerveja" de todas, certo? E sem contar a Samichlaus, que também é bem diferente.

Enfim, creio que tudo isso é cerveja sim, pois existe um parâmetro baseado nos ingredientes, o qual define se determinado líquido pode ou não ser considerado como tal. O número de variantes ou combinações é infinito, pois é possível combinar N tipos de malte, com N tipos de lúpulo, com águas de características diversas e leveduras com comportamentos distintos, isso sem falar nas quantidades dos ingredientes, que também podem (e devem - para o bem da cultura cervejeira) variar. E ainda há os "temperos" que podem ser adicionados.

Na minha opinião, é essa diversidade que me tornou "viciado" neste mundo. Algo que, no meu modesto conhecimento, não se repete com nenhuma outra bebida.
Ultima edição: 14 anos 7 meses atrás por Mauro Renzi Ferreira.
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