A "Rodenbach" é uma tradicional cervejaria belga especializada em cervejas azedas ('Sour Ales') sediada na cidade de Roeselare, região de Flanders Ocidental. Sua história remonta ao ano de 1821 quando quatro irmãos da família Rodenbach (Pedro, Alexander, Ferdinand e Constantijn) resolveram investir numa pequena cervejaria.
15 anos depois, Pedro e sua esposa compraram a parte dos irmãos. Em 1864 Edward, filho do casal, assumiu o negócio inaugurando uma era de grande crescimento para a cervejaria. Mas foi através de Eugene, filho de Edward que assumiu a empresa em 1878, que a Rodenbach finalmente se tornou conhecida pelo tipo de cerveja que faz até hoje. Graças a uma temporada que passou na Inglaterra, Eugene pôde aprender como maturar cervejas em tonéis de madeira e depois "blendar" lotes jovens e velhos.
As ações da cervejaria permaneceram nas mãos dos descendentes de Rodenbach até 1998, sendo então adquirida pela também belga, "Palm Brewery".
Além de produzir rótulos sob a alcunha de sua própria marca, a "Palm Brewery" é também detentora de outras cervejarias como "De Gouden Boom", "De Hoorn", "Boon" e "Rodenbach".
A "Rodenbach Grand Cru" é uma cerveja do estilo 'Flanders Red/Brown Ale', o que significa que é inicialmente fermentada a partir da inoculação de uma cultura mista de leveduras 'ale' e bactérias láticas do gênero "Lactobacillus". Em seguida ela é maturada em tonéis de carvalho (alguns deles com cerca de 150 anos) onde acaba recebendo a influência de outros organismos tais como bactérias acéticas e leveduras "selvagens" do gênero 'Brettanomyces', dentre outros. Para compor o 'blend' da "Gran Cru" mistura-se dois terços da cerveja envelhecida por dois anos com um terço de cerveja ainda jovem.
*O exemplar degustado foi guardado por cerca de 3 anos e seu vencimento se deu em abril de 2014.
Líquido de coloração marrom ferrugem. Contra a luz revela tons avermelhados. Na taça forma média camada de uma espuma bege escura e fervilhante de baixa duração.
Em primeiro plano observa-se um aroma vínico, remetendo à um tinto seco, pontuado toques de vinagre balsâmico. Traços fenólicos e condimentados sugerem notas subjacentes de pimentão vermelho e salsa, passando também por nuances de frutas vermelhas como cereja. Ecos de malte tostado e madeira surgem por traz, resultando num buquê de personalidade extrema.
Na boca, revela corpo médio de elevada carbonatação e textura acetinada. O paladar estrutura-se basicamente sobre o contraste entre malte tostado sutilmente caramelado e elementos ácidos, passando por matizes frutadas, láticas, acéticas e condimentadas. Tem-se assim sugestões que abarcam desde vinho tinto, cereja azeda e framboesa até vinagre balsâmico, couro curtido e pimenta do reino. Apesar de incomum, o resultado é incrivelmente refrescante com uma 'drinkability' muito boa. Final seco levemente tostado, tânico e salgado - atravessado por considerável acidez lática/avinagrada. Frutas vermelhas, uva e madeira pontuam o retrogosto persistente de ligeira adstringência.
Clássico absoluto do estilo - a Rodenbach Gran Cru é o tipo de cerveja "ame ou odeie" que conquistará apreciadores de 'Sour Ales' na mesma medida que assustará incautos. Se você não tem cisma com brejas azedas e avinagradas recomendo que a prove o quanto antes.
Delícia!
Conheço muito pouco o estilo para ter uma análise precisa considerando as principais referências clássicas, mas gostei muito dessa breja. Notas de couro, tabaco, azeitona, mel, framboesa e leve vinho do Porto estão presentes aqui numa harmonia que realmente merece aplausos.
- AROMA: vinagre ameixa e caramelo.
- APARÊNCIA: marrom clara com tons rubi, translúcida com creme marfim de pouca duração.
- SABOR: azedo intenso despertando de maneira gostosa as glândulas salivares, leve salgado e adocicado, sem amargor.
- SENSAÇÃO NA BOCA: alta carbonatação, corpo leve, refrescante com média duração ácida na boca.
- CONJUNTO: não tem boa drinkability, porém é uma excelente cerveja.