Cerveja potente e encorpada, sua espuma é bege claro de longa duração, cloração âmbar e opaca. O álcool se faz sentir e muito, o aroma e o sabor lembram sutilmente a pão, levemente cítrico que certamente vem do seu lúpulo. Não consegui sentir nada de agrião. Uma cerveja forte pra paladares exigentes. Gostei e tomaria de novo certamente.
Cor dourada com uma espuma densa branca brilhante de ótima duração e bastante traços.
Aroma predominante herbáceo com notas de levedura Belga, folhas verdes, lúpulos herbáceos e suco de abacaxi.
Sabor com notas de mel, capim limão, lúpulos gramíneos, e porque eu sei posso sentir o agrião, levedura belga, gotas de limão e camomila.
Corpo médio com carbonatação apropriada.
Uma boa Belgian Pale Ale com um toque diferente, talvez as sementes de agrião, que por acaso casaram muito bem com o amargor de seus lúpulos. Vale a tentativa.
Ap.3,5 Ar.3,25 Sab.3,5 Sens.3,5 Cj.3,5
Specialty Beer extremamente aromática mas sem perder o equilíbrio, coisa na qual algumas artesanais nacionais ainda pecam. Se põem um fruto, fica fruitbier (como a Baden Baden IPA - que eu gosto, aliás, mas deixa de ser IPA) ou a Blondine Witbier (suco de acerola maltada); se é um condimento, haja paladar (Bella Rosa). Enfim, sem síndrome de vira-lata, acho que corrigindo esse detalhe as cervejarias brasileiras serão as melhores do mundo logo logo (a Wals e a Bodebrown já são, by the way). Isso porque entendo que a presença de condimentos deve ser leve e destacar algo na cerveja, não se sobrepor a ela a ponto de descaracteriza-la como tal. Mas chega de mimimi...
Falando, finalmente, da breja a semente de agrião me espantou pelo aroma delicioso de folhagem sem brigar como aroma maltadado, aquele meio que palha molhada que as belgas têm. O gosto levemente picante que casou muito bem com a mão extra de malte e da levedura belga. Aliás, me espanta que não seja mais utilizada, como a de coentro.
Equilibrada e saborosa, essa breja merece destaque.
Todo ano, durante sete dias, a cidade de Tongeren (uma das mais antigas da Bélgica, fundada pelos romanos) tem sido palco do festival de cervejas "Anders Bier". O evento, organizado pela respeitada cervejaria "Brouwerij Anders", costuma abrigar, em sua maior parte, expositores de cervejarias pequenas ainda não muito conhecidas. Produtores iniciantes, tanto da Bélgica quanto de outros países europeus, veem na festa uma oportunidade para alcançar o tão almejado reconhecimento e - quem sabe - alavancar os negócios. Foi neste cenáro que, em 2013, a cerveja "La Cress Blond" teve seu lançamento.
A ideia do rótulo surgiu no ano anterior, quando o casal de irmãos Frank e Christel Vansimpsen visitava o evento. Sucessores de seus pais nos negócios da família, ambos comandam a fazenda “Sint-Lucie”, na província de Limburg, onde há três gerações se cultiva agrião quase que exclusivamente. Assim, durante o festival, um parente comentou com eles que antes da descoberta do lúpulo os antigos povos Celtas costumavam adicionar agrião para dar amargor as cervejas. Isso fez com que os irmãos - apaixonados pela hortaliça - procurassem a cervejaria "Anders" a fim de firmar uma parceria. O objetivo era desenvolver uma receita que levasse agrião como um dos ingredientes.
Durante a fase de testes fizeram uma versão com agrião em espécie e outra com suco de agrião, mas nenhuma delas agradou. A solução foi elaborar uma receita que levasse apenas as sementes.
LA CRESS
Produzida pela "Brouwerij Anders", no município belga de Halen, trata-se de uma 'Belgian Blond Ale' refermentada na garrafa e temperada com sementes de agrião. Por conter lúpulos 100% de origem belga, seu rótulo ostenta o selo de identificação "Belgische Hop".
Líquido amarelo claro de considerável turbidez. Na taça exibe alta formação de creme branco, denso e persistente que deixa marcas nas bordas.
De expressão moderada, o aroma ressalta toques condimentados (provavelmente das sementes de agrião) seguidos por nuances de chiclete e fermento. Leve traço herbáceo de lúpulo corre em paralelo.
Na boca revela corpo médio e carbonatação elevada. Notas de damasco seco, frutas cristalizadas e leve condimentado repercutem em meio a doçura equilibrada dos maltes açucarados. Singelo amargor vem em seguida, entregando um final equilibrado, ligeiramente picante, com uma adstringência suave que belisca o retrogosto.
'Blonde Ale' gostosa, fácil de beber. A influência das sementes de agrião surge de maneira bastante delicada, agregando uma condimentação pitoresca que não tira a cerveja do estilo. Vale provar!