A questão do Malte e a questão do Preço

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14 anos 6 meses atrás #25383 por Pedro Fraga
Resolvi criar esse tópico porque tem uma relação bacana com o que eu sempre digo por aqui.

AVISO: Esse tópico irá tratar de questões como preços praticados. Se você tem urticária a esse papo de pobre, por favor, não participe.

Recentemente a Agrária, que vende alguns maltes nacionais e importa os maltes da alemã Weyermann - utilizados pela grande maioria dos homebrewers brasileiros - avisou que não irá mais trabalhar com compradores pessoa-física, repassando essas vendas para um distribuidor, A Turma, de Campinas.

Os preços de tabela praticados pelo distribuidor chegam a passar do dobro dos preços que a Agrária cobrava. Por exemplo, uma saca de 50kg de malte Pilsen, que custava 66 reais, passou a custar 112, na promoção.

Esse tipo de mudança de mercado poderia muito bem prejudicar de maneira absurda a produção caseira no Brasil, tudo por conta da entrada de mais um atravessador.

As Acervas resolveram se manifestar, organizando compras coletivas pros seus membros usando o CNPJ da Associação. Porém, a Agrária disse que também deveriam comprar com o distribuidor.

A WE Consultoria, que é nosso maior fornecedor de lúpulo e fermentos, se manifestou informando que não vai fazer o mesmo com seus produtos e, como importadora dos maltes belgas da Castle Malting, se ofereceu para adaptar as receitas dos homebrewers para os maltes da empresa.

Ao mesmo tempo, as Acervas se organizaram para a criação de um documento para expressar o descontentamento com a decisão da empresa que sempre foi de grande importância para o movimento de cerveja caseira no Brasil.

O que sabemos, até agora, é que um contato com a Weyermann, na Alemanha, causou uma confusão nisso tudo. A maltearia respondeu informando que discorda da atitude da importadora e está exigindo que voltem atrás e que, se a distribuição for feita por outra empresa, ela terá que cobrar os preços praticados pela própria Agrária.

Não temos ainda um fim para essa novela, mas acho que serve de exemplo pra muita coisa que as pessoas dizem por aí: que o produto custa o que que tem que custar, que vale cada centavo, que tem o "custo-Brasil", que é tudo culpa do governo, que uma cerveja chega aqui 10x mais cara que na origem por conta de fatores metafísicos e que o importador, coitado, quase tem prejuízo trazendo cerveja pro Brasil e só faz isso porque se considera um mártir da cultura cervejeira.
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14 anos 6 meses atrás #25386 por Rodrigo Pasti
"Se você tem urticária a esse papo de pobre, por favor, não participe"
:laugh: :laugh: :laugh:

Quais seriam os motivos de não vender mais a pessoas físicas? Alguém sabe?
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14 anos 6 meses atrás #25388 por Pedro Fraga
Nada foi informado, mas a hipótese mais provável seria a redução de trabalho por parte da importadora (venderiam quantidades maiores para o distribuidor, que teria o trabalho de fracionar e enviar pra diversos pequenos compradores).
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14 anos 6 meses atrás #25395 por MARCELO RICARDO MONICH
Pedro, meu consumo é muito pequeno e também não estou queimando dinheiro não. Particularmente, se o assunto não se resolver, vou boicotar e comprar só com a WE. Entendo que atravessadores tem custos para fracionar, distribuir, blá blá blá e etc... mas, na minha opinião, esse aumento absurdo de preço vai contra toda a cultura cervejeira. Não é coisa de gente séria.
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14 anos 6 meses atrás - 14 anos 6 meses atrás #25401 por Milu Lessa
Esse é o Brasil, mudando do importador para o distribuidor o preço miraculosamente dobra. Cara, não faço cerveja, mas que notícia fatídica pra todo o movimento de homebrewing nacional e, por extensão, para todo o movimento cervejeiro. :S

Tomara que consigam fazer com que a Agrária mude de idéia, senão, o jeito é boicotar a Agrária e comprar da WE.
Ultima edição: 14 anos 6 meses atrás por Milu Lessa.
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14 anos 6 meses atrás #25405 por Pedro Fraga
Até entendo uma empresa não estar mais dando conta de trabalhar com clientes pessoa física e cervejarias (que, felizmente, estão surgindo em crescimento). É mais fácil e melhor trabalhar com clientes que comprem quantidades maiores e com frequência regular, deve ser um baita alívio pra logística.

Porém, não me parece muito esperto a longo prazo. Amigo meu que trabalhou como gerente de vendas na Ambev disse que ele brigava pela venda de cada 12-pack de Skol que fosse pra um boteco sujo qualquer.

Abrir mão de uma clientela muito mais fiel e com um envolvimento tão profundo chega a parecer traição. Se a mudança se deu por conta da demanda, não seria melhor ampliar a equipe para dar conta?

A situação do preço me parece o que eu já ouvi várias vezes; que ninguém abre um negócio no Brasil sem esperar margem acima de 70% de lucro.
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