David,
Não vejo bem assim, nosso terroir não é dos mais propensos às uvas viníferas, verdade, porém fabricamos coisas bem aceitáveis sim (embora este preconceito por parte de alguns pernósticos enófilos exista), mas o que entra em jogo ai é o preço, a questão custo-benefício tão discutida e pouco compreendida. Para se fazer um bom vinho no Brasil gasta-se mais (em virtude do terroir pois precisamos de mais tecnologia e tempo, existe um desperdício muito grande nas vindimas, etc). Esse é um assunto muito discutido no meio.
Peguemos como exemplo o Lote 43 da Miolo, que custa uns R$ 80,00. Outro Miolo, o RAR, na casa dos R$ 50,00. Os vinhos da Angheben, da Villa Francioni, da Casa Valduga, etc. Existem bons vinhos, porém caros, ou seja, não mostram a mesma qualidade de um chileno ou argentino do mesmo preço, ou até inferior (estou falando em América Latina por enquanto).
O Lote 43 (o expoente da Miolo) pode ser confrontado ao Toro de Piedra Gran Reserva e vai perder num quesito: o "peso". O 43 é meio "pesado", xaroposo, empapuça, o Toro tem estrutura parecida, mas (no linguajar cervejeiro) oferece maior drinkability, não tem esse "peso" do Lote (já bebi duas safras dele, 2002 e 2004 e estavam muito parecidos). Só que o Toro custa menos da metade do 43. Entretanto o 43 não é um vinho ruim (no exato sentido da palavra), apresentaria um custo-benefício satisfatório se custasse trinta reais, pode apresentar defeitos que um vinho dessa margem de preço está sujeito.