Marcio Rossi escreveu:se vc gosta de pilsen com cravo, pode inventar um speciality e divertir-se com sua cerveja.
Mais uma vez, desde que vc consiga descolar com sucesso uma cepa de levedura capaz de produzir 4-vinil-guaiacol (cravo) em grandes concentrações sem produzir ésteres em concentrações significativas. Já é um desafio e tanto. O que quero dizer com isso é que, às vezes, os estilos resultam de limitações práticas à produção, que só lentamente novos processos técnicos conseguem superar. Incentivar essas inovações é algo positivo, a meu ver, mas às vezes exige tempo.
Ou então vc adiciona cravo in natura, ou quem sabe eugenol mesmo, à sua receita com levedura lager e faz, assumidamente, uma specialty beer. Ela será criativa e possivelmente interessante. Mas não cumprirá a proposta que uma pilsner se propõe a cumprir, e talvez possa até mesmo ser mais proveitosamente comparada com uma Belgian blonde ale mais seca e lupulada.
Vale adicionar a essa discussão que algumas definições de estilo são mais conservadoras do que outras. O BJCP tende a demorar um pouco mais para absorver mudanças do mercado cervejeiro, enquanto outros campeonatos são mais felxíveis. O World Beer Cup premia em novas categorias da escola americana que não estão contempladas ainda no BJCP, como Imperial IPA e Imperial Red Ale (embora algumas delas façam parte dos novos estilos propostos para sistematização). No BJCP, a definição de "Oktoberfest/Märzen" condiz com a definição tradicional do estilo, mas já faz alguns anos que as cervejarias alemãs têm gravitado cada vez mais para a proposta de uma Münchner helles mais adocicada e alcoólica, mas um pouco mais seca. Hoje em dia, se vc beber Paulaner Oktoberfest (uma das cervejas de referência indicadas pelo BJCP), vai notar algumas diferenças importantes em relação à definição do estilo. Isso é um processo orgânico, que talvez dentro de alguns anos dê origem a um novo sub-estilo de Märzen.