Localizada na pequena vila de Vleteren em Flandres Ocidental, Bélgica, a De Struise é uma das mais aclamadas cervejarias artesanais da atuaqlidade. Eleita em 2008, pelo portal "Ratebeer", como a melhor do mundo, seus rótulos têm sido cultuados por 'beergeeks' de toda parte.
Sua história começa em 2001, quando dois amigos - um cervejeiro caseiro e um criador de avestruz - decidiram produzir uma cerveja regional à moda antiga. O objetivo inicial era disponibilizá-la para quem se hospedasse na pousada que ambos mantinham juntos na fazenda de avestruzes. Não por acaso, a palavra "struise" significa "avestruz" no antigo dialeto flamengo. Entretanto, o termo é hoje mais utilizado como uma gíria no sentido de algo ou alguém "forte" ou "resistente". Portanto, o nome "De Struise Brouwers" carrega localmente um duplo sentido, podendo ser entendido também como "Os Cervejeiros Resistentes".
Além da fábrica em Oostvletren, a cervejaria mantém uma loja oficial na famosa cidade de Bruges.
TSJEESES RESERVA PORT BARREL AGED - *SAFRA 2013
O rótulo traz uma versão da cerveja natalina "Tsjeeses" ('Belgian Strong Ale' com especiarias) envelhecida por cerca de um ano em barris de carvalho previamente utilizados por vinho do porto. Seu nome é uma corruptela baseada na interjeição "Jesus", cuja conotação beira a de um palavrão no contexto da língua inglesa. Além das duas versões mencionadas, há ainda uma terceira que utiliza barris de bourbon.
Líquido âmbar escurecido, com leve turbidez. Servido, forma dois dedos de colarinho bege de média retenção.
Sob o olfato, traços açucarados de malte abrigam nuances esterificadas, condimentadas e amadeiradas. Lembranças de melaço, mascavo, frutas cristalizadas, uvas roxas, cocada e anis são suscitadas com relativa facilidade. O único problema fica por conta do álcool um pouco saliente.
Na boca mostra corpo alto, de carbonatação contida e textura quase licorosa. A doçura indulgente do malte, que remete a melaço e açúcar queimado, conduz a expressão dos demais elementos. Notas de vinho madeira, bolo de frutas, marrom glacê e uma pitada de anis esparramam-se sobre a língua. Uma ardência considerável, proveniente do álcool, reforça a sensação de aproximação com vinhos fortificados. O final segue longo, quente, doce e condimentado. Suave gosto do barril pontua o retrogosto.
O resultado é uma cerveja intensa, que deve carregar bem tanto uma leitoa pururucada acompanhada de arroz e uvas passas, quanto um tender com cravo e calda laranja. Ou ainda até mesmo algumas sobremesas (por que não?) tais como pudins e pavê.