Eu, como em 99% do que faço nessa vida, fugi completamente à minha família. Meus pais são super moderados e acham que uma pessoa que bebe duas latinhas de cerveja por dia é alcoólatra. Mas tb, dou um desconto, eles frequentam assiduamente uma igreja em que nem se pode falar em bebida alcoólica porque há muitos alcoólicos "reformados" na comunidade. Eles bebem cerveja, mas gostam mais de vinho, acham uma bebida "melhor". E, no quesito cerveja, para eles, quanto mais leve e neutra, melhor. Corn beer na veia! Meu velho aguenta no máximo uma Weissbier, já uma Hoegaarden ele tá arregando!
Minha iniciação à cerveja especial foi uma espécie de epifania espontânea. Eu gostava de vez em quando de tomar alguma coisa diferente - já tinha provado Erdinger, Paulaner, uma Baden Baden Red, Guinness, as Bohemias especiais, mas nada além disso. Minha namorada estava num workshop de dança do ventre perto do metrô Santana e eu estava procurando um boteco ou padaria para sentar e tomar uma Coca enquanto ela não saía. Entrei no primeiro boteco despretensioso que achei aberto naquele domingão à tarde e, para minha sorte, tratava-se simplesmente do Empório Laura Aguiar! Na ocasião, bebi só uma Coca mesmo e fiquei namorando o cardápio.
Na semana seguinte, eu estava de volta lá com a patroa. Pedi, meio aleatoriamente, uma cerveja que me pareceu interessante: e tratava-se simplesmente da Paulaner Salvator, até hoje uma cerveja que está entre as minhas preferidas! A dupla coincidência (sentar no Laura Aguiar e pedir a Salvator) terminou de nos conquistar: foi amor à primeira vista, e desde então começamos (eu e minha namorada) a provar mais rótulos no bar, pesquisar na internet etc. etc. E cá estamos. Ou seja, foi um processo meio "autodidata", não tive alguém que servisse de influência para mim. No máximo, minha própria namorada, que foi aprendendo junto comigo e me incentivando - por exemplo, foi dela a ideia de fazer uma coleção de rótulos.