Lotes mágicos

Acredito que a maioria já deve ter se deparado com algum lote de cerveja com qualidade acima da média, e ao voltar a comprar a cerveja, ela voltou a ser a mesma de sempre.

Uma vez meu pai comprou uma caixa de Antarctica que me recordo até hoje, a mais ou menos um ano e meio atrás, era uma cerveja muito boa, lúpulo no aroma e no sabor em boa quantia, além do sabor contar com muito pão e fermento, os cereais não-malteados eram praticamente nulos, realmente muito boa. Mas ao adquirir uma outra caixa voltou a ser a mesma de sempre. Não anotei o lote na época, mas sempre que tomo alguma cerveja que parece ter melhorado consideravelmente anoto o lote para saber se foi só naquele ou ela melhorou de verdade.

Mesmo assim, de vez em quando compro uma Antarctica na expectativa de terem errado na receita, mas até hoje não tive essa sorte.

Pra mim isso aconteceu quando eu fui ao bar Asterix, em São Paulo, a 1 ano e meio atrás. Pedi um chopp Eisenbahn Pale Ale, que já tinha tomado inúmeras vezes. Só que esse chopp estava especial. Notei que estava com um aroma de lúpulo nunca antes visto, suave, que me lembrou das verdadeiras American Pale Ales. Gostei tanto que acabei pedindo mais 2.

Eu me lembro de quando experimentei pela primeira vez a nova receita da Backer Pale Ale, e achei absolutamente extraordinária, com muito frescor lupulado, batendo a maioria das importadas para o meu gosto. Todas as outras vezes que tomei, no entanto, achei-a média.

E isso não ocorre só com lotes superiores em qualidade - há também os exemplares sofríveis de uma breja que normalmente é melhor. "Lotes amalidçoados"! Muitos dos meus amigos, quando ficam sabendo que eu curto cervejas, vêm me perguntar se eu prefiro a cerveja X ou Y entre as nossas industriais. Eu costumo dizer que, no caso das industriais, às vezes a diferença de sabor de uma garrafa para outra da mesma marca é maior do que a diferença média entre duas marcas. Principalmente nos off-flavors e sinais de oxidação, que podem variar demais indicando más condições de armazenagem e transporte.

Mas tb ocorre nas artesanais. Cheguei a provar duas garrafas do mesmo lote, servidas no mesmo bar ao mesmo tempo (para duas pessoas diferentes) que tinham diferenças bem sensíveis. Era a Backer Brown, no caso, e uma delas estava sensivelmente mais azedinha e cítrica que a outra, todo mundo na mesa percebeu claramente. Aliás, a Backer varia consideravelmente, pela minha experiência. Às vezes eu tb pego uns lotes ruins de Eisenbahn, que vêm um pouco metalizadas, principalmente se eu compro no mercado. Agora, uma que impressiona por variar muito pouco é a Colorado; os caras devem ter um controle de qualidade f*dido. Uma boa ideia é comprar a mesma cerveja em dois lugares bem diferentes e degustá-las juntas comparativamente para checar se há diferença sensorial.

Já aconteceu isso pra mim também. Estava num barzinho com um amigo e falei para ele provar a Eisenbahn Pale Ale, porém achei um pouco estranha, depois que terminamos, pedimos uma Strong, ela estava muito melhor, isso que normalmente bebo ela, não sei se foi a diferença da Pale Ale para a Strong, mas com certeza estava muito gostosa, melhor do que de costume.

Com certeza existe! Não vou dizer que o que eu tomei era bom, mas uma vez numa noitada e num bar, so haviam Itaipavas... e por minha alegria, ela estava descendo bem e eu fiquei bem depois de mtas. Sei la porque tb, mas foi a primeira vez que Itaipava ñ me deu resaca nenhuma!

No começo do ano em uma pescaria só havia Colônia, relutei um pouco em beber mas era só o que tinha, não bebi tanto, e mesmo assim no dia seguinte o resultado foi desastroso.

Existem algumas que é melhor agradecer, lote nenhum se salva.