Davok English Barleywine

3 anos de guarda. Aroma solvente. Sabor muito maltada, aguada, corpo baixo e leve doce.

Mais conhecida por seu nome comercial, "Davok", a "Cervecería Del Sur" é uma microcervejaria artesanal localizada na capital uruguaia, Montevidéu. Inaugurada no início de 2008, sua história pregressa começa na panela de 5 amigos que resolveram fazer cerveja em casa um ano antes. Conforme se aprofundavam nas técnicas de 'homebrewing' as receitas iam tomando forma. Daí para formalizar o negócio foi um pulo.

Atualmente toda a produção tem sido vendida localmente em barris de chope. O envasamento é uma meta a se buscar no futuro já que ainda não se produz o suficiente para manter uma linha engarrafada. Quando visitei a fábrica em novembro de 2013 fiquei sabendo que a exceção era a "Davok English Barleywine". O lote em questão foi feito em meados de 2012 e acabou não interessando ao mercado local. Para não perder a produção, a cervejaria decidiu envasar o conteúdo e vender as garrafinhas ali mesmo para quem interessasse. O resultado é que uns poucos rótulos da "Barleywine" podiam ser eventualmente encontrados em alguns pubs que trabalhavam com os chopes "Davok". Mas a unidade aqui degustada foi mesmo adquirida na própria cervejaria.

Líquido translúcido de coloração âmbar acobreada. A espuma bege clara mostra tímida formação, dissipando-se com rapidez.

Forte presença de álcool com pinceladas de acetona impactam logo na primeira inalada. Este atributo somado às subsequentes notas de melaço faz lembrar bastante o cheiro de cachaça. Traços de pão tostado, maçã e leve sugestão de tâmara seca agregam ao buquê um pouco mais de complexidade. Sutil indício de oxidação também dá as caras. Talvez o tempo de guarda tenha facilitado a exagerada percepção etílica, o que a faz perder alguns pontos neste quesito.

Na boca revela corpo médio/alto de carbonatação baixa e textura licorosa. Mais uma vez constata-se a espalhafatosa sensação alcoólica que junto ao sabor de melaço engendra memórias da "mardita" cachaça. Suave dulçor caramelado acompanha reminiscências de pão caseiro recém saído do forno. Ésteres frutados evocam ainda uvas e maçã vermelha com leve adstringência. O amargor é baixo. Final quente e alcoólico com pontual sugestão de solventes como acetona. Notas de cachaça incidem no retrogosto.

Boa cerveja, mas que devido à guarda certamente passou do ponto. Talvez se tivesse a chance de evoluir por mais um ou dois anos as arestas estariam arredondadas e a história seria outra. De qualquer maneira vale a degustação e se você trombar com ela não hesite em experimenta-la.