A Thomas Hardy's Ale é uma icônica Barleywine produzida originalmente pela (extinta) cervejaria Eldridge Pope em Dorchester, na Inglaterra. Criada em 1968 como tiragem única, a ideia era homenagear o renomado escritor e poeta inglês Thomas Hardy em face do festival que celebrara a memória do quadragésimo aniversário de sua morte. Isso porque em seu livro, "The Trumpet-Major", Hardy se referira de forma elogiosa às cervejas fortes da cidade. A iniciativa foi um sucesso e o rótulo se tornou item de colecionador.
Um segundo lote da T. Hardy's Ale só veio ao mundo em 1974. A partir desta data a produção seguiu quase que anualmente até 1999, sendo então descontinuada. O motivo? Elevado custo para produzi-la. E não demorou muito para que, no ano seguinte, a cervejaria inteira acabasse fechada.
À essa altura, porém, o icônico rótulo era já cultuado por apreciadores de todo o globo. Sua fama de evoluir bem com o tempo fomentava o desejo dos aficionados.
Tendo isso em vista, uma importadora norte-americana decidiu comprar a receita e os direitos de uso da marca. Assim, em 2003, o rótulo ressurgiu no mercado sendo produzido de forma terceirizada pela cervejaria inglesa O'Hanlon's, no condado de Devon. A produção seguiu ali firme até 2008, sendo então encerrada. Pela segunda vez, esta aclamada cerveja havia morrido.
Mas eis que, em 2012, a importadora italiana Interbrau adquiriu a receita e os direitos de uso da marca. Uma nova versão estava por vir. A primeira leva desta "encarnação", no entanto, só chegaria ao público em 2015. Com produção terceirizada, ela foi e tem sido feita pela cervejaria inglesa Meantime, na cidade de Greenwich, com tiragem anual - ao menos em tese - até os dias de hoje.
THOMAS HARDY'S ALE (2007)
Versão feita pela antiga cervejaria O'Hanlon's; número de série Q 53207. No contra-rótulo consta a informação de que, uma vez refermentada na garrafa, a unidade tem potencial de evoluir como um bom vinho por pelo menos 25 anos.
*Apreciada em temperatura ambiente, a 12º C
Líquido de coloração marrom com tons rubi. Servido, não apresenta formação de espuma. Uma camada considerável de levedura e partículas fica depositada no fundo da garrafa.
No nariz, notas de compota de figo, calda de ameixa, tâmaras secas e cereja preta surgem entre nuances de caramelo e melaço. Esperado traço de oxidação permeia o conjunto e traz um quê de vinho Madeira. Uma acidez bem discreta sinaliza ao fundo.
Ao paladar mostra corpo alto, mas não tanto; textura similar a de um vinho do Porto. Qualquer carbonatação que aqui já tenha existido, há tempo, é coisa do passado: cerveja totalmente sem gás.
O sabor vai na linha do aroma, com muita fruta (figo, ameixa, cereja) toques de caramelo, um pouquinho de acidez e um pouquinho de melaço. A sensação é quase agridoce, porem tudo equilibrado. Álcool muito bem inserido. O final é longo e licoroso. Agradável sugestão de vinho fortificado permanece no retrogosto.
Cerveja excepcional a reunir história e sabor: duas coisas que me fascinam no maravilhoso universo cervejeiro!