Durante vinte anos, o americano John Hall, natural de Chicago, atuou como executivo de uma multinacional no setor de containers. Sempre que viajava a trabalho pelo velho continente, ele aproveitava as horas vagas para apreciar a cena cervejeira local. Enquanto bebia, pensava: "a América merece cervejas boas como essa".
Certa vez, em 1986, John esperava um voo atrasado devido a uma tempestade em Dallas (Texas). Sem ter o que fazer, pegou pra ler uma dessas revistas de bordo (que ninguém dá bola) onde se deparou com uma artigo sobre cervejas artesanais. A ideia o fascinou. Nascia ali o desejo de ter uma cervejaria.
Dois anos se passaram e finalmente - após exaustivas pesquisas - ele estava pronto para deixar sua carreira executiva e abrir um brewpub em sua cidade natal. No dia 13 de maio de 1988, era inaugurada a Goose Island.
Com o passar do tempo veio o sucesso; e com o sucesso, o aumento da demanda. Em 1995 foi preciso montar uma fábrica separada, anexa a uma linha própria de engarrafamento. O ano de 1999 trouxe mais crescimento e um segundo brewpub foi aberto. Nos últimos vinte anos a fábrica dobrou de tamanho.
Graças a produtos de qualidade e rótulos diferenciados (como a linha de cervejas envelhecidas em barris de whisky, "Bourbon County") a Goose Island conseguiu se tornar uma das mais respeitadas cervejarias artesanais do mundo. Assim, caiu como uma bomba, em 2011, a notícia de que ela estava sendo adquirida pela gigante AB-Inbev. Desde então, a empresa tem sido alvo de grandes investimentos por parte de sua detentora.
HALIA
*Unidade envasada em fevereiro 2016.
Cerveja sazonal disponível em abril e maio. Feita com dois tipos de malte de cevada, trigo torrado e lúpulo Amarillo, esta 'Farmhouse Ale' (de 11 IBU) recebe adição de pêssegos frescos macerados antes de envelhecer por um ano em barris de madeira previamente utilizados por vinho Cabernet Sauvignon. O nome "Halia, por sua vez, é um termo havaiano que significa "para sempre lembrado". De acordo com o cervejeiro, o intuito foi homenagear uma falecida amiga que havia dado a ideia de usar pêssegos em uma cerveja.
Líquido turvo de coloração amarela. Servido, mostra espuma efervescente de imediata dissipação.
Aroma de caráter "selvagem" - destacando notas de couro e acidez lática típicas de fermentação mista com bactérias e leveduras do gênero 'Brettanomyces'. Ecos de uva branca, pêssego e pimentão reverberam ao fundo.
De corpo baixo e textura frisante, ao paladar traz elementos 'funky' com intensa presença de ácido lático. Reminiscências de cereais, vinho branco e limão ensejam um final seco, azedo e levemente salgado. Toques bem sutis de pêssego pontuam o retrogosto.
O resultado é uma 'Sour Ale' agradável, mas não muito profunda. Penso que, para a proposta, faltou maior complexidade.