Considerada por muitos uma cervejaria cigana, a "Mikkeller" não tem uma planta nem equipamentos próprios para produzir suas cervejas. Em vez disso ela produz suas bebidas a partir de contratos com outras cervejarias e parcerias com os mais diversos fabricantes ao redor do mundo. Sua história inicia em Copenhague, na Dinamarca, quando o então professor de física e matemática Mikkel Borg se juntou ao seu amigo de infância Kristian Keller para começarem a fazer cerveja de panela em casa. O "boom" veio em 2006 quando obtiveram grande sucesso ao elaborar uma 'Oatmeal Stout' que rapidamente foi eleita a melhor 'Stout' do mundo segundo o site 'Ratebeer'. Em 2007 Kristian Keller resolveu abandonar a parceria para ser editor de uma revista de música, deixando o amigo Mikkel Borg como o único dono. Desde então a "Mikkeller" já produziu mais de 600 tipos de cervejas, de variados estilos, exportando para mais de 40 países.
A "Wheat is the New Hops" é uma cerveja do estilo 'India Pale Ale' feita com adição de trigo não maltado e fermentada com inoculação de leveduras "selvagens" do gênero "Brettanomyces" - espécie consagrada graças as 'Lambics' belgas. Sua receita foi concebida em 2012 em colaboração com a cervejaria americana "Grassroots Brewing", localizada no estado de Vermont. A fabricação, contudo, se deu sob contrato na fábrica da "De Proefbrouwerij", cervejaria instalada em Lochristi-Hijfte, Bélgica.
Líquido dourado translúcido. Na taça forma volumoso colarinho branco de bolhas grandes e duração mediana.
Forte traço animal é a primeira coisa que sobressai no aroma. Notas de couro, estábulo e suor de cavalo não deixam dúvidas sobre a ação dos "brettanomyces" durante a fermentação. Suave terroso, toques cítricos e frutados surgem por trás, remetendo à flor de limoeiro, laranja, manga verde, pera e um dedinho de maracujá. Complexo e inebriante - um desbunde!
Na boca mostra corpo baixo/médio e carbonatação intermediária. O sabor traz a marca dos lúpulos em nuances de maracujá, laranja e manga com moderado amargor. Toques subjacentes de malte agregam ao conjunto apetitoso dulçor reforçado por notas de mel e banana. O final equilibrado ecoa pitadas fenólicas de pimenta e sugestão de feno com leve resina de lúpulo. Ligeiro toque de couro enseja um retrogosto persistente atravessado por notas assertivas de pera e maracujá.
Uma "Senhora" cerveja que tem tudo para agradar os "beer geeks" de plantão. Certamente um dos pontos altos dentro da inventividade tresloucada, mas nem sempre bem sucedida, da "Mikkeller" e seus parceiros. Se você já é um iniciado, invista sem medo.