Quantas vezes nessa vida miramos no que vimos e acertamos o que não vimos? Segundo a lenda, as Imperial IPA's foram criadas acidentalmente por um mestre cervejeiro que errou (para mais) na dose de cereais maltados e acabou compensando nos lúpulos para salvar a sua produção; o resultado teria sido uma breja robusta de alta fermentação, com teor alcoólico acentuado e bastante amarga. A degustação de hoje tem esses dados em mente. Temos uma bela lata emperequetada (como costumam ser os rótulos artísticos das brejas da Everbrew); aqui uma mão esquelética parece tentar levantar-se de seu descanso eterno segurando uma flor de lúpulo. O título 'Even mo ever mais' remete à claudicante súplica de um brasileiro na praia que deseja mais intensidade sabe-se lá do que (de amargor?)... no copo temos um líquido amarelo escuro turvo e heterogêneo sob a persistente espuma espessa, com sedimento esbranquiçado no fundo do copo. O perfume lupulado emana corajosamente da superfície bradando o nome das vítimas do duplo 'dry hopping': Citra! Motueka! Idaho7! Mosaic! (será que algum degustador é realmente capaz de identificar o nome e o sobrenome dos lúpulos americanos que amargam sua duoble IPA? Eu senti apenas os lúpulos e o maracujá!). O sabor vai se equilibrando conforme progredimos os goles, com amargor intenso e persistente; seguem-se notas de cítricas e de frutas amarelas. Uma Imperial IPA recomendada, mas cujo sabor não traz grandes novidades...